Capítulo: 6

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           Cerca de uma semana depois Alfonso folheava uma revista de esportes em sua varanda no domingo a tarde, o olhar acompanhado sorrateiramente cada gesto de Dulce, enquanto ela podava algumas plantas em seu gramado da frente. Era simplesmente irressistível, com jeans e um suéter azul um tanto justos moldando-lhe cada curva do corpo bem-feito. Mesmo pequena ela era elegante e delicada ao mesmo tempo. Os cabelos eram vibrantes da cor das folhas avermelhadas pelo outono e os olhos quase da mesma cor delas e intensos.

          Ele fechou os olhos, imaginando-se ao lado da mulher que estava a poucos metros de distância e que fingia ignorá-lo no momento. Durante as poucas semanas desde sua chegada, Dulce tornou-se o centro de seus pensamentos e sonhos. Lembrava-se nitidamente do sedutor contato do corpo dela junto ao seu quando haviam caido na varanda depois da tentativa frustada da troca da lâmpada. Ou de como o robe molhado lhe moldara cada curva perfeita na noite em que ela aparecera a sua porta pedindo uma grifa. E aquela deliciosa fragrância de maçã verde que usava parecia impregnada para sempre em seus sentidos.

         Alfonso, porém ansiava por muito mais. Tomado por uma atração contra a qual não tinha a menor chance de lutar, queria estreitá-la em seus braços e acariciá-la por inteiro, afundar as mãos naqueles cabelos sedosos, ouvi-la sussurrando seu nome num tom de súplica um segundo antes de tomar-lhe os lábios. E como deviam ser doces assim como seu nome aqueles lábios cheios e rosados que queria tanto beijar...

         A realidade atingiu-o em cheio de repente. Conheciam-se havia pouco tempo e ali estava ele tendo fantasias eróticas com ela. Talvez Dulce ainda estivesse constrangida com o tombo de ambos na varanda. Ele não estava queria seus corpos entrelaçados daquela maneira outra vez.... E sem a cadeira quebrada em torno de suas pernas, de preferência.

       Notando que ela havia terminado com as plantas e estava recolhendo as ervas daninhas e as ferramentas de jardinagem, ele sentiu-se no dever de ir lhe perguntar se precisava de ajuda. Afinal, tudo pela politica da boa vizinhança.

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      Dulce sentiu o tolo coração disparando quando notou que Alfonso descia os degraus de sua varanda e se aproximava. Num jeans desbotado, evidenciando pernas torneadas, e uma camida de flanela branca que não conseguia lhe ocultar os musculos do peitoral definido e marcando os biceps. Era realmente o homem mais bonito que já vira, ao vivo ou em filme, caminhava em sua direção.

        Os penetrantes olhos esverdeados contiam um brilho jovial e caloroso, os traços másculos do rosto tranquilo, os cabelos escuros embora curtos, esvoaçando ligeiramente ao vento. Ela sabia que depois de todo o esforço para ignora-lhe a presença na varanda, agora encarava-o abertamente, mas não conseguia se conter. Ele era dono de um magnétismo incrivel e embora sabendo que envolver-se com um policial era a última coisa que queria, Dulce não conseguia resistir a evidente quimica entre ambos. Era como fruto proibido, mais tentador ainda pelo fato de não estar ao seu alcance.

- Precisa de ajuda? - perguntou ele, observando-a tirar as luvas de jardinagem e juntar as ferramentas.

- Sempre o bom samaritano, não? - retrucou ela, esperando que a ironia disfarçasse a maneira como realmente se sentia, toda trêmula e fora de controle. Não gostava do jeito como o homem a afetava, desconcentrando-a com um simples olhar ou sorriso.

- Sempre a petulante. - sorriu Alfonso, correndo-lhe que não conseguiria tira-la dos pensamentos desde a noite em que a parou na estrada. Ali estava  uma mulher de temperamento forte. Perguntou-se se seria dona de uma paixão igualmente intensa. Gostaria de descobrir.

- O que? Vai querer me multar por isso Chefe? - replicou ela sabendo que o humor seria a melhor alternativa para quebrar a tensão entre os dois.

- Se não me falha a memória, acho que iniciei esta conversa lhe oferecendo ajuda. E o que recebo em troca? Ingratidão. - Ele também sorriu antes de prosseguir. - precisa  de ajuda para recolher suas coisas... Ou trocar uma lâmpada queimada? - acrescentou num tom sugestivo.

Meu Irresistivél VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora