Não é apenas a arte que põe encanto e mistério
nas coisas mais insignificantes; esse mesmo
poder de relacioná-las intimamente conosco
é reservado também à dor.
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Eram aproximadamente duas horas da manhã e eu estava acordado, ainda acordado. Você alguma vez já parou para apreciar o silêncio das madrugadas? É encantador. Tudo parece ganhar um tom nostálgico, melancólico. A garoa que havia começado fininha, agora fazia o clima beirar o fúnebre.
Eu observava o movimento quase inexistente das ruas através das grandes janelas na sala de estar. Era um dos benefícios de se morar na cobertura de um dos prédios mais caros de Gangnam. Minhas mãos eram aquecidas por uma xícara de leite quente com mel. Meus ouvidos eram agraciados por Nocturne de Chopin que estava tocando baixinho na estéreo.
Minha cabeça estava tão leve que nem parecia que eu havia chego de Los Angeles há apenas algumas horas, depois de quase três meses de trabalho árduo para perfilar e pegar um tal de "assassino da luz vermelha".
Tudo estava absurdamente tranquilo. Até que um barulho ruído soou alto demais pelo apartamento. Ignorei.
O barulho persistiu em toques ritmados, chatos e insuportavelmente insistentes. Respirei fundo e coloquei minha xícara sobre o balcão para finalmente alcançar o celular.
— Alô. – Falei com certo desânimo na voz.
— Alô, eu gostaria de falar com o senhor Taehyung, Kim Taehyung.
— É ele mesmo, pode falar. – Por alguma razão, achei que deveria me sentar para ouvir aquela voz tão aflita do outro lado da linha.
— Senhor, é um prazer. Aqui é o oficial SeHun da central de Seoul. O delegado Yoongi, responsável pela nossa unidade, pediu para ver se você poderia vir aqui. Nós temos um N-13 bastante preocupante.
— Um N-13? – Franzi o cenho. Esse não era um código usado com frequência na capital coreana.
— Sim, senhor.
— Preciso ir agora? – A preguiça ainda estava agarrada ao meu corpo cansado.
— Seria o ideal, infelizmente. Para o senhor entender melhor, estão querendo batizar o caso de "10.1".
Fiquei mudo alguns instantes processando aquela informação.
— É, vocês têm um problemão.
— Nem me fale, o delegado quase arrancou os cabelos de preocupação.
— Entendi. Eu devo estar aí em no máximo vinte minutos. Vocês estão na central, certo?
— Isso mesmo, senhor. Muito obrigado, estaremos no aguardo.
Desliguei o celular e fiquei alguns segundos olhando a parede branca. Eu esperava por qualquer coisa, menos isso.
Quando eu era mais jovem e estava prestes a entrar pra academia de polícia, observei de fora toda a repercussão do famoso caso 10. Um dos motivos pelo qual escolhi a linha criminal foi justamente a curiosidade de estar cara a cara com pessoas do naipe de Jung Hoseok. Todo esse mistério que envolve esse tipo de crime é fascinante para mim.
É por isso que hoje, aos 23 anos, sou um dos mais famosos investigadores criminais do mundo e não tenho receio de dizer que amo o que faço, apesar do risco. Mesmo sendo jovem, já cruzei com muitas personalidades difíceis de se desvendar, algumas tão doentias que prefiro sequer comentar, mas nenhuma eu compararia com o tal J-Hope. Ele sim, sempre foi minha meta e quem sabe agora eu consiga resolver algo parecido com o grandioso caso 10.
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O Silêncio dos Inocentes
FanfictionSete anos após o famigerado Caso 10 ter fim, o delegado Yoongi se vê encurralado por outra série de crimes que copiam o episódio mais horrendo da história coreana. Aflito pela potencial ameaça, o delegado terá que recorrer à genialidade do famoso de...