T O M O R R O W

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"Aquilo que se faz por amor está sempre

além do bem e do mal. "

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A frase causou-me um calafrio intenso, minhas entranhas se reviraram conforme o medo e o receio escorriam gelados pelas veias. Ergui uma das mãos em direção a câmera e dei um sinal positivo com o dedão, reforçando a decisão com um balançar mínimo de cabeça. Hoseok permaneceu quieto, completamente mudo. Ele parecia suspeitar de que a porta realmente fosse abrir e liberá-lo.

E então o chão e as paredes começaram a fremir em sincronia, as luzes piscaram um pouco enquanto o barulho esganiçado de ferrugem sendo arrastada persistia. Eu fiquei de costas para o Hoseok, mas conseguia sentir a intensidade de seus olhos queimando-me. Também não precisei olhar para ter certeza de que ele sustentava no rosto o sorriso mais amplo e perverso que um dia eu já vi.

Diferente das outras vezes, a porta não parou na metade do caminho, ela seguiu seu trajeto até bater com força no outro batente em um som estrondoso. Senti minha garganta travar ao olhar para fora, o barulho sincronizado de gatilhos sendo acionados. Engoli seco e tive o ímpeto de virar um pouco para conferir a reação do homem atrás de mim, mas não foi necessário. Hoseok colocou ambas as mãos nos meus ombros e forçou-me a dar o primeiro passo para fora de sua cela.

À nossa frente, esperando em posição, estavam oito homens armados com seus fuzis que miravam diretamente a cabeça de Hoseok. Senti ele rir abafado perto do meu ouvido e logo libertou meu corpo para começar uma salva de palmas.

— Vocês estão sempre me surpreendendo com essas recepções calorosas! — Falou animado, caminhando para a minha frente enquanto eu permanecia estático, apenas observando-o chegar perto dos oficiais.

Hoseok passou o dedo pelo cano das armas, andando e sorrindo enquanto encarava um por um nos olhos. Ele estava com uma expressão totalmente delirante, parecia-me até um alter ego e isso era assustador em todos os níveis.

— Quando se segura uma arma dessas, você não deve ter receio... A arma é sensível ao medo e o alvo de vocês também. — Ele disse cantarolando a última palavra e parou na frente de um dos policiais, postou-se com o peito colado no bocal da arma, desafiador, arrogante.

Com os dedos Hoseok simulou um homenzinho caminhando vagaroso pelo cano metálico, em direção ao rosto do homem.

— Você está tremendo por quê? — Sorriu. — Eu só vim te avisar que sua arma não está totalmente engatilhada. — Com a outra mão ele engatilhou a arma do policial e virou-se para mim. O rapaz, recém ingresso provavelmente, estava nervoso e eu não diria ser à toa.

— Vamos, detetive. — Hoseok chamou, despertando-me do transe. Sacudi a cabeça para recobrar a atenção e com passos firmes tomei a frente, posicionando-me para a segunda porta.

Sem que eu precisasse fazer qualquer sinal, a sirene começou a soar. Aquele mesmo barulho radial, mas que agora me parecia mil vezes mais assustador. Uma ansiedade foi crescendo e me asfixiando conforme os rostos e as armas surgiam aos poucos. Eu não consegui me mover de primeira, foi Hoseok quem o fez, passando por mim e abaixando o tronco em uma reverência teatral.

— Aqui estou. — Ele disse com uma animação satírica na voz, o silêncio era mais que absoluto. Eu dei alguns passos cambaleantes e observei os olhos de Yoongi cruzarem com os meus. Havia uma mensagem ali que eu não consegui captar a tempo.

— Hyung! Quanto tempo hun... — Hoseok caminhou até o delegado e todos os guardas ali presentes ficaram aflitos. O dedo do moreno passou sutil pelo queixo do Yoongi, mas logo foi brutalmente afastado por um tapa do mesmo.

O Silêncio dos InocentesOnde histórias criam vida. Descubra agora