T H E . H U N T . A N D . T H E . H U N T E R

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Quando uma pessoa má pratica o bem,

pode avaliar-se por tal esforço

todo o mal que prepara.

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— Não, não e não! Eu não vou deixar o Hoseok colocar um pé para fora daquele lugar!

— Mas, Yoongi...

— Isso não! Você tem noção do que significaria? Hein? Eu já tenho problemas demais com uma cópia, não preciso do original circulando por aí!

O delegado balançava a cabeça freneticamente. Estava irredutível. Assim que eu contei sobre a proposta do Jung e a conversa que tivemos, o loiro imediatamente se pôs contra qualquer acordo que envolvesse o assassino fora de seu confinamento. Eu tentava argumentar de todas as maneiras, mas aqueles olhos diziam-me que nem morto haveria tal possibilidade.

Os outros apenas observavam de longe aquela discussão que já estava durando mais de meia hora. Eu suspirei derrotado enquanto o delegado continuava esbravejando e gritando uma lista interminável de razões pelas quais a proposta era ridícula.

Sequer vi quando Jungsoo se aproximou do loiro e agarrou-o pelos ombros com firmeza, sacudindo-o de um lado para o outro.

— Min Yoongi, acalme-se agora! Pare com esse escândalo! Não foi você que enfiou o Taehyung lá dentro pra conseguir respostas? Não era esse o objetivo desde o começo? Pois então! Não foi você quem disse que situações drásticas exigem medidas drásticas?! Faça o que tem de ser feito e pare de resmungar como um velho ranzinza de malditos oitenta anos!

A voz de Jungsoo reverberava por todo aquele salão e o delegado ficou tão calado que por instantes pensei que ele fosse chorar. Yoongi respirou fundo mais de três vezes enquanto o oficial falava. Era nítido que os dois eram muito próximos um do outro. Afinal, eu duvido que o loiro deixaria qualquer um gritar daquela maneira sem revidar com um tiro, no mínimo.

Yoongi se desvencilhou de maneira um tanto rude do aperto, afastando as mãos com um empurrão para em seguida se sentar em uma cadeira ali próxima. Ele apoiou os cotovelos nos joelhos e enfiou a cabeça praticamente entre as pernas, com as mãos tapando os ouvidos. Nós conseguíamos ouvir ele falar alguma coisa entre murmúrios, mas não era possível entender e eu duvido que ele estivesse falando com qualquer um de nós. Parecia uma briga de Id e Superego e todos sabíamos que não era o momento para interromper aquele dilema.

Encarei os outros e eles pareciam tão surpresos e estáticos quanto eu, a sala havia sido preenchida por um silêncio mórbido. Ninguém se mexia, ninguém falava. Arrisco dizer que alguns sequer respiravam direito. Troquei olhares com Jowoon que estava apoiado na mesa de comando, ele parecia entender minimamente o que estava acontecendo, sustentava uma postura mais relaxada e quase displicente. Pareceu notar que eu estava aflito e deu-me um sinal baixo com a mão direita, um pedido silencioso e discreto para eu me acalmar e assistir o que estava prestes a acontecer.

— Que horas são? — O delegado quebrou a quietude questionando num tom abafado, sem levantar muito a cabeça.

— Quase dez. — Minhyuk respondeu cuidadoso.

Um estalar de língua ecoou pela sala antes que o delegado finalmente levantasse a cabeça e nos encarasse com a expressão mais vacilante que o vi sustentar desde que chegamos naquele presídio. Os olhos pareciam, não sei dizer ao certo, eles pareciam pesados, aflitos, irritadiços, com medo... e ao mesmo tempo havia algo escondido ali. Algo que eu não saberia nomear, mas tinha certeza de que se opunha a qualquer outro sentimento antes demonstrado.

O Silêncio dos InocentesOnde histórias criam vida. Descubra agora