Capítulo 6: Quase Tudo às Claras

2.6K 336 116
                                    


(bônus) Maven.

Já é noite, e seria muito bom tê-la invadindo meu quarto novamente. Corianne sempre surpreende. Ela sempre foi dessas que perde muito tempo planejando e na hora de por o plano em prática algo fora do que imaginara acontecia e tinha de agir por impulso, por mais que odiasse ser impulsiva, acabava caindo em situações assim mais do que queria. Por isso não me surpreende o fato de sua visita repentina na noite anterior. Foi seu impulso batendo a porta.

Uma vez para meu aniversário de dezesseis anos eu comentara que queria uma festa íntima com todos os nossos familíares reunidos e um bolo gigante de chocolate, lembro de ser fanático por tudo que envolvia chocolate. Cori deu sua primeira festa real, ela abraçara a ideia de me preparar uma festa, planejou os mínimos detalhes por meses. No dia da festa exigiu que todos fizessem um discurso para mim, vi meus irmãos se empenharem em escrever algo como se suas vidas dependessem disso, mesmo o público se tratando apenas de onze indivíduos. Minha mãe não precisara, ela sempre sabia o que dizer, mas até meu pai o grande Cícero foi intímado a me fazer um discurso.

Demorou um pouco até ela perceber que tinha cuidado de tudo menos do próprio discurso, logo lhe bateu um desespero, e me lembro de não segurar tão bem minhas risadas. Até tentei ajuda-la dizendo que tudo bem em não discursar, mas não se deu por vencida, e abriu a boca em desespero dividida entre não falar e sair correndo. Por fim quando decidira falar, por não pensar muito e por não ter ensaiado nada tirou de seus próprios sentimentos e me entregou as melhores lembranças daquele dia. Me dissera estar feliz por ter de passar sua vida ao meu lado, por partilhar de momentos como aquele comigo, que me admirava e que eu seria um grande governante. Ela também adicionou algo sobre bolo de chocolate em todas as nossas refeições, me perdi um pouco nesse final, enquanto todos riam eu apenas me empenhava em guardar seu semblante naquele momento. Eu queria tirá-la dali, e correr pelos jardins, dizer que amava estar com ela. Sempre amei Corianne, cresci aprendendo a amá-la, e não era nem um pouco difícil, ela fazia parecer tão fácil. 

Nunca mais tomei coragem de falar demeus sentimentos, nem de fazer algo sobre isso já que éramos novos demais, e tinha aquilo de me fazer sentir confuso quanto ao que sentia por mim. Ela era boa em me fazer confuso, como fez com sua escolha quatro anos atrás. Fui criado para ser um cavalheiro, devia tratá-la como a dama que era, deveria respeitar suas escolhas, então foi quando me decidi em aceitar seu silêncio, mesmo sem entender o porquê de sua súbita mudança. Mas tantas coisas aconteceram, e ao que parece, ainda vamos nos casar, certo? Então parece que preciso tomar uma atitude pela primeira vez.

Tudo parecia brilhar, as luzes, a prataria, o vestido da Haylla com toda aquela purpurina, e os olhos de Corianne... esses tem um resplendor diferente. Caminhei até ela enquanto observava sua beleza, seus traços ainda eram os mesmos, mas ela havia mudado com certeza, seu corpo estava mais esbelto, o vestido que escolhera valorizava suas curvas, o decote revelava seios fartos, o cabelo estava preso mas alguns caracóis dançavam soltos em seu pescoço, ah... o seu pescoço parecia tão mais chamativo, não lembrava de focar tanto no corpo dela, talvez meu subconciente esteja redesenhando-a em minha mente, atualizando a nova versão da mulher que domina meus pensamentos há tanto tempo, enquanto sorria em meio a uma conversa com Emmica, sua mão enluvada em seda brincava com um aperitivo, girando-o no espeto entre um dedo e outro. Sorri lembrando que a maneira mais fácil de encontrar Corianne em uma festa é sempre perto da comida. Enquanto estava à dez passos dela ainda decidia o que falar, mas por fim decidi estender minha mão em contra pártida.

 — Me concede a honra da dança senhorita? — seu olhar foi de surpresa com um misto de desconfiança. Emmica deu um risinho. Corianne me estendeu sua mão. A guiei até o meio do salão onde uma valsa leve soava. Amália dançava com Lucas, Susana com Atos e Niall com nossa mãe. 

As Alianças ReaisOnde histórias criam vida. Descubra agora