Acordei me sentindo um pouco cansada, mas eu não poderia viver nessa para sempre. Tinha que me recompor. Tomei um banho rápido e fui para o meu armário. Escolhi uma calça jeans justa e uma regata azul colada. Penteei meus cabelos e deixei solto. Ele tinha vontade própria e parecia que hoje estava mais ruivo e mais ondulado nas pontas. Encarei meu rosto pálido com pintas. Meus olhos estavam cansados e sem emoção. Peguei minha bolsa e fui em direção a sala.
Minha mãe estava estirada no sofá e dormia profundamente, fui até ela e dei um beijo em sua testa. Peguei minha chave e sai do meu apartamento.
Heitor me aguardava sentado na beira da calçada.
-Bom dia! – ele disse todo radiante e se levantou vindo em minha direção. Me abraçou forte. –Está se sentindo melhor?
-Estou sim. Nada que um dia após o outro!- eu sorri e fomos caminhando em direção a escola.
O caminho foi lento e silencioso. O tempo continuava nublado. Olhei para o céu e vi nuvens escuras chegando à cidade. Era possível sentir o cheiro de chuva vindo. Olhei para Heitor. Estava digitando em seu celular e sorrindo. Provavelmente o namorado dele.
Passamos pelo portão da escola e fomos direto para a sala de aula. A escola estava um pouco vazia, não sei se era pela aproximação da chuva ou por que resolveram estudar esses últimos bimestres.
Minha escola era assim: no começo de ano era festa, farra, bagunça e bebedeira. Quando chegava ao final do ano era um desespero. Quase ninguém ficava no pátio. Assumo me incluir nesse grupo.
Hoje era um dos dias que eu resolvi prestar atenção e estudar. Não pense que sou burra, apenas não levo muito jeito com exatas. Exames finais estão chegando, decidir uma faculdade e fazer prova para ser aceita.
Olhei para a mesa do professor e nele estava Afonso, nosso professor de biologia. Um senhor cativante, casado, e conseguia tornar sua matéria a mais divertida e fácil de aprender.
Ele estava explicando sobre genética. E a pior parte era quando a turma dava risadinhas por qualquer coisa com duplo sentido. Eu não tinha paciência para isso.
Anotei diversas coisas que poderia me ajudar a decorar o assunto. Reparei um olhar em cima de mim. Por que Matt me encarava tanto?
Ele era aquele garoto que leu o primeiro papel que o professor Cadu pediu. O musculoso. Louro, alto, sorriso contagiante. O problema era: ele é o tipo de todas as garotas desse colégio, menos o meu.
Franzi a testa e ele sorriu para mim, virou para os amigos, cochichou e voltou a sorrir. Voltei minha atenção para meus deveres.
Não era a primeira vez que ele ficava assim comigo. Já me convidou para sair inúmeras vezes, até acalmar o fogo de baixo do rabo de saia da Madson.
E por falar nela, estava me encarando com raiva. Olhava para Matt e depois para mim.
Não sei o que eu fiz, mas ela estava com raiva e eu gostei disso.
○•○
Eu estava arrumando meu material quando alguém parou à minha frente impedindo minha passagem. Ergui os olhos e o sorriso brincalhão de Matt estava ali. Seus olhos azuis eram divertidos.
-Pois não? –ergui a sobrancelha.
-Elize, meu amor. – ele mordeu o lábio enquanto sorria. Revirei os olhos.- Não seja tão dura comigo.
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Café, livros e cigarros.
RomanceUma doce garota de dezessete anos comum, com problemas comuns. Criou seu próprio mundo e nele se trancou. Sem pai, somente na companhia de uma mãe com sérios problemas com o álcool. Se refugiou na biblioteca de sua pequena cidade e ninguém se...