Café, livros e cigarros.

Capítulo 22

Provas finais eram o maior pesadelo de qualquer estudante, principalmente de quem iria se formar. Quando o calendário de provas é entregue aos alunos, a maratona de caçar livros e passar madrugadas estudando começava em minha vida. Era o momento que eu me excluía socialmente para poder tentar organizar minha vida. Principalmente agora, que estava tudo cada vez mais confuso e fora do eixo.

Após eu quase ter um surto de loucura ao ler as cartas, liguei para Cadu explicando que não me sentia muito disposta para sair. Ele insistia em ir em casa para me ajudar no que fosse, rejeitei sutilmente com a desculpa que amedronta qualquer homem: ciclo menstrual. Dei graças a Deus por ele ter caído e não insistido mais. Eu não estava em posição de raciocinar mais nada, precisava retomar meu foco.

Sai de sala de aula logo após a professora de história liberar. No momento eu precisava ajudar minha amiga Meggie, puxaria a orelha de Alef e daria um bom e velho sermão se fosse preciso. Fui até a porta da sala dele e o esperei sair. Quando ele estava saindo e me viu na porta, parou e suspirou fundo. Ele me conhecia muito bem, sabia o que o aguardava. Fiz sinal para ele me seguir prontamente. Ele começou a caminhar ao meu lado e fomos para longe do pátio, onde poderíamos conversar a sós.

-Preciso me preparar para sermão? – ele perguntou aflito.

-Irei cravar meu all star em seu traseiro caso você não tome jeito! – eu disse séria. Paramos de andar e estávamos bem nos fundos do colégio. Privacidade. Ele tentou abrir a boca para falar algo mas eu o interrompi. – A quantos anos você ama essa garota? E quem está do seu lado agora? – eu comecei a repreende-lo. Ele abaixou a cabeça e respirou fundo. – Você finalmente tem a mulher dos seus sonhos em seus braços e está agindo assim? Sim, vocês vão ser pais! Aconteceu! Mas, na hora de revirar os olhos você soube muito bem aproveitar! Então respira fundo e encare essa nova jornada de vocês! Não é uma coisa ruim, é um benção em suas vidas! – disparei tudo sem pensar. O filtro entre minha mente e minha boca falhava as vezes. Suspirei e fechei os olhos para me acalmar. Encarei-o novamente. – Vê se não estraga as coisas com ela...

E virou o rosto para olhar em direção ao outro lado do pátio.

-Eu só fui pego de surpresa... Me assustou! Tudo muito precoce... Mas, eu não desistirei dela! Só.... Me assustou! – ele estava na defensiva.

-Tudo bem! Eu também me assustei com a notícia, mas tratei de conforta-la e não assusta-la. Então... Corra até ela e peça desculpas! – eu disse num tom autoritário.

Ele riu baixinho e sorriu para mim.

-Obrigada... Você é especial, Elize! – ele me deu um beijo na testa e foi andando em passos apressados para procurar Meggie.

Sorri com a cena.

-Quer dizer que sua amiguinha está grávida? Vejam só... – a voz mais enjoada do mundo surgiu por de trás de um porta que dava para uma sala de aula sem uso.

Arregalei os olhos ao ser pega de surpresa.

-Você estava espionando? – olhei com ódio para Madson.

-Não mesmo... Vocês que conversam alto! –ela sorriu cinicamente.

Andei em passos largos até sua direção e a encurralei na parede. Encarei-a com todo nojo que já senti em minha vida.

-Vai me bater? Daqui a pouco sua amiguinha seguirá esses seus passos também... Já que virou uma garota qualquer! – ela soltou seu veneno e eu senti minha vista escurecer. Com uma das minhas mãos, peguei no pescoço dela e comecei a apertar.