Café, livros e cigarros.

Capítulo 11

Quando cheguei à escola Heitor me aguardava ansiosamente. Pediu que eu contasse cada detalhe do magnífico encontro que eu tive na noite anterior. Ele escutava tudo atentamente e animado. Meggie chegou de mãos dadas com Alef e eu tive que repetir toda a história.

-Ele não para de olhar para você. –Meggie cutucou meu ombro.

Virei para ver se Matt realmente me encarava. E sim, ele me olhava com um sorriso no rosto e veio andando em minha direção. Seus amigos sussurravam entre si. Olhei para o outro lado e vi o olhar de raiva estampado na cara de Madson. Suas amigas conversavam com ela, provavelmente tentando acalmá-la. Matt chegou até mim e depositou um selinho em meus lábios. Fui pega de surpresa e senti vários olhares em minha direção.

Acho que meu rosto tinha ficado da cor dos meus cabelos.

-Bom dia! –ele me puxou pela cintura para perto dele. Olhei a minha volta e sorri para Madson. Um sorriso que dizia: Acho que você foi descartada. Ela bateu pé e sumiu pelos corredores. Mas meu sorriso murchou quando vi Cadu me olhando com uma expressão evasiva e seus lábios estavam comprimidos em uma linha reta. Senti minhas bochechas queimarem um pouco mais e desviei o olhar, voltando minha atenção para Matt.

-Como estão as coisas na sua casa? –perguntei.

-O de sempre... Nada muda! –ele deu de ombros e seguiu comigo para a sala de aula.

O mais estranho disso tudo era que ele sentou ao meu lado nas próximas aulas. Heitor sentou-se à mesa atrás de mim. Ele me olhava com uma cara de quem não entendia nada. Se ele não entendia, imagine eu.

Não sei se era um jogo dele com Madson, ou ele realmente queria algo comigo. Mas sabe o pior? É você querer outra pessoa mesmo que isso não seja provável de acontecer. Sentir ciúmes de alguém que você nunca teve. Acho que meu real motivo de ficar com Matt era tentar esquecer certos olhos castanhos.

○•○

Os dias foram passando rapidamente. Eu e Matt continuávamos saindo. Ele me levara para jogar boliche no shopping da cidade próxima, fomos ao cinema. Me levava até em casa e estava sentando ao meu lado na sala de aula agora. Madson continuava a me encarar, mas foi em um dia em especial que ela expressou sua insatisfação com meu possível "namoro".

Eu estava indo até o bebedouro quando ela me seguiu e me encurralou no corredor. Ela vestia uma regata com um enorme decote e seus cabelos louros estavam presos num rabo-de-cavalo. Ela me encarava com desdém. Ignorei-a e fui beber água. Ela esticou o braço até a parede e impediu minha passagem.

-Sério, Madson? Não tem nada melhor para fazer?- eu perguntei já impaciente. Se ela tinha algo para me dizer não sei por que ficar me encarando tanto.

-Você sabe que ele irá transar com você e depois ir embora, não é? –ela me olhava como se fosse superior. Revirei os olhos.

-Foi o que ele fez com você... Ouvi dizer que você é bem descartável. - sorri cinicamente e forcei minha passagem. Ela me empurrou e apontou o dedo na minha cara.

-Acho melhor você ter mais respeito sua estranha. Ele não gosta de você, ele é meu!

Com essa eu tive que rir. Mas eu ri muito e coloquei a mão na minha barriga

-Você é digna de pena, sabia? Tão baixa... Tão barata... –sacudi a cabeça em negação. –Já vi produtos em promoção melhores. – pisquei empurrei seu braço. Andei pelo corredor me sentindo em um episódio de Meninas Malvadas. Ah, isso tinha me feito bem.