Capítulo 3

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Depois de termos um estoque de cigarros e bebidas, pegamos a avenida em direção as montanhas da cidade. Lá tinha um píer somente nosso, exceto quando era fim-de-semana e tinha guardas procurando adolescentes bêbados e drogados. Chegamos no píer e logo saímos do carro e sentamos perto da ponta.

Podíamos ver toda a cidade, desde o prédio da biblioteca até a nossa escola. Não era uma cidade muito grande, o centro era um só e as casas ficavam espalhadas por ali ou pelas ruas perto das montanhas. Morávamos em uma cidade que eu considero extremamente pequena.

Eu balancei meus pés freneticamente até que a sapatilha saísse. Estiquei minhas pernas pelo gramado e me deitei.

-Eu gostaria de saber quem foi o inteligente que escolheu festa havaiana como tema da nossa formatura! - Alef praticamente berrou enquanto tentava abrir a garrafa de vinho.

-Eu não vou à bosta nenhuma... Minha cara de quem vai usar biquíni ou essas coisas malucas!- eu encarava o céu.

Alef finalmente conseguiu abrir a garrafa de vinho e bebeu no gargalho. Meggie arrancou da mão dele e bebeu também. Acho que com os dois goles fora metade da garrafa.

-Meu deus, Meggie, vai com calma!- Alef tirou a garrafa dela e entregou para Heitor.

-Não estou me importando... Eu iria de biquíni numa boa, e não ligo se Marcos fosse contra!- ela falava e ao mesmo tempo gesticulava com os braços.

Observação: não queira estar no meio quando Meggie e Marcos brigam.

-Ok, vocês tiveram problemas! O que houve dessa vez? - perguntou Heitor.

-Se é para sair comigo a mãe dele implica, agora se os amigos dele combinam de ir à alguma festa, ela dá o maior incentivo!- Meggie franziu a testa e bufou.

-Quem perde é ele... Tenho certeza que existe alguém que merece você, e essa pessoa não é Marcos!- eu disse olhando para Alef. Ele deu um de desentendido e virou a cara olhando para a cidade.

-Me apresente um dia... - ela riu enquanto pegava o cigarro da mão de Alef.

Alef ficou olhando enquanto Meggie fumava e cantarolava uma música qualquer. Não sei quanto aos outros, mas eu conseguia ver no olhar dele como era real o que sentia. Não precisa de palavra alguma, apenas olhe nos olhos de uma pessoa apaixonada quando olha para o seu amor, e você verá do que estou falando.

○•○

Cheguei em casa e minha mãe estava sentada no sofá fazendo as unhas dos pés. Dei uma boa noite e fui para o meu quarto guardar minha bolsa. Quando sai do meu quarto, passei na cozinha e peguei uma garrafa de suco na geladeira. Me joguei no sofá ao lado dela e fiquei vendo televisão.

-Você acha que essa cor ficou bonita?- perguntou minha mãe enquanto tirava o borrado do esmalte azul.

-Acho...- nem olhei direito para o que ela tinha feito, apenas continuei a beber meu suco e ver um programa idiota sobre relacionamentos.

Esperei o programa terminar e fui para o meu quarto dormir.

○•○

Acordei um pouco atrasada e por isso vesti minha calça rapidamente e joguei um casaco fechado de crochê vermelho por cima. Desci as escadas correndo enquanto comia uma maçã. Mesmo não estando no horário, eu consegui chegar na escola com apenas quinze minutos de atraso da primeira aula. Como eu não poderia entrar no primeiro tempo, fui até o banheiro dar um jeito no meu cabelo. Me encarei no espelho e fiquei amaldiçoando as malditas sardas pelo meu nariz e bochecha. Eu tinha mais delas pelo corpo.

Café, livros e cigarros.Onde histórias criam vida. Descubra agora