Meggie estacionou o carro. Eu sai primeiro e logo acendi meu cigarro, olhava a minha volta procurando Cadu. O carro dele não estava ali ainda. Virei para Meggie e seguimos para o pátio. Traguei lentamente e deixei a fumaça sair pelas narinas. Segurei minha bolsa firme e fiquei parada apoiada na parede que dava para os corredores, dando a desculpa que iria terminar de fumar para poder entrar. Fiquei uns cinco minutos ali parada, meu cigarro já estava acabando.
Nada de Cadu.
Terminei de fumar, joguei o cigarro no chão e apaguei com o sapato. Virei em direção ao pátio e fui andando.
-Bom dia!
Levei um susto e pus a mão no coração. Olhei para trás e Cadu estava ali, todo atrapalhado com uma pilha de livros e tentava segurar sua pasta.
-Você tem uma mania de chegar sorrateiramente... - balancei a cabeça negativamente e fui ajudar a carregar os livros.
-Você quem deveria ser mais atenta a sua volta. - ele ajeitou a pasta e fomos andando.
Revirei os olhos.
-Posso te pedir um favor? - ele se virou para mim enquanto falava. Parei de andar e encarei seus olhos. Eu acho que tinha uma queda pelo seu olhar. Era calmo, transmitia sinceridade.
-Se estiver ao meu alcance... - sorri.
-Estou pensando em visitar a biblioteca daqui, como sou novo, não sei exatamente onde é. Não tive tempo de visitar a cidade.
Fiquei surpresa. Arqueei a sobrancelha e senti meus olhos arregalarem um pouco.
-Desculpe. Não deveria ter pedido isso! E como você havia dito, o conselho não gostaria... - acho que ele se assustou com minha cara, pois tentou desfazer o pedido e se virou para abrir a porta da direção.
-Não!- eu falei um pouco alto e tampei minha boca. Ele parou.- Eu te ajudo sim, é que fiquei surpresa. Estou para ir lá hoje depois da escola, se quiser me acompanhar...
-Ah, obrigado! Irei esperar na esquina da escola. - ele sorriu tão abertamente. Essa imagem ficaria lapidada em minha mente. Assenti e ele entrou na sala da direção. Segui meu caminho e fui para a minha sala.
Não prestei atenção em nada do que era dito. Apenas rabiscava em meu caderno de desenho. Eu desenhava pares de um certo olhar e sorrisos. E eu sabia de quem eram.
○•○
Fui liberada um pouco mais cedo do que o previsto. A professora do último tempo havia faltado. Fiquei no pátio com Heitor para passar o tempo enquanto ele me contava que estava ficando com o garoto da loja, seu nome era Daniel. Heitor não parava de falar o quão maravilhoso era, que eles saiam bastante. Eu estava feliz pelo meu amigo, mas ao mesmo tempo ansiosa de mais por "sair" com Cadu.
-Você está distraída, o que houve?
-Nada demais... Só acordei assim! -tentei o fazer esquecer. Não queria falar sobre o que era realmente. As pessoas poderiam interpretar errado, e nessa escola até as árvores possuem ouvidos.
Eu não parava de olhar para o relógio. Faltavam quase quinze minutos até a hora da saída.
-Está esperando alguém! Elize, quem é o sujeito? - Heitor colocou a mão na cintura e bateu o pé. Mordi o lábio um pouco nervosa e desviei o olhar para a saída da escola.
-Não é nada demais, apenas vou ajudar um amigo!
-Ajudar em que? - ele me olhou com malícia e eu ri.
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Café, livros e cigarros.
عاطفيةUma doce garota de dezessete anos comum, com problemas comuns. Criou seu próprio mundo e nele se trancou. Sem pai, somente na companhia de uma mãe com sérios problemas com o álcool. Se refugiou na biblioteca de sua pequena cidade e ninguém se...