Uma semana depois...
Após o acontecimento na casa do prefeito, eu contei tudo que aconteceu para Cadu e ele ficou ao meu lado o tempo todo. Me levou para meu apartamento e dormiu ao meu lado naquela noite. Me prometeu estar comigo para o que precisasse, que nada iria fazer ele ir embora de minha vida. Era o que eu mais precisava escutar. Eu tinha tantos medos e incertezas, e após a descoberta sobre minha família, eu sentia que meu chão estava caindo. E ali estava Cadu para me ajudar a reconstruir cada pedaço que se desfazia. Eu não sabia se era merecedora de tanto. Ele era um homem e eu apenas uma garota em descoberta sobre a vida. Remendada e assustada.
Minha mãe sentou comigo e conversamos sério sobre tudo que havia acontecido. Ela me pedia desculpas e eu implorei para ela parar de ingerir álcool. Não queria perder outra pessoa que eu amo para essa porcaria. Era diferente e gostoso ver que ela buscava melhorar, se aproximar de minha vida. Éramos como antigamente, e isso estava ajudando a me curar aos poucos.
Fiquei dois dias sem ir para a escola com a desculpa de um resfriado forte. Meus amigos me ligaram preocupados e eu tinha que mentir para eles, e isso doía muito. Eu não seria mais a mesma, não poderia contar toda essa confusão. Não era um segredo que envolvia somente a mim, era algo maior. Meggie tentou me visitar e eu neguei dizendo que essa minha suposta gripe poderia ser perigosa para sua gestação.
Ah, sim... Como eu havia dito para minha doce amiga, no final tudo daria certo com esse bebê que estava a caminho. No começo seus pais surtaram, a família de Alef surtou. Todos surtaram. Mas, foi minha amiga aparecer com um vídeo contendo a ultrassonografia e todos amoleceram. Tudo bem que era apenas um pontinho no meio de manchas pretas, mas estava ali. Eu seria a madrinha, como já planejávamos a anos, e Heitor o padrinho.
Algumas coisas estavam se encaixando, pelo menos.
Levantei da cama e respirei fundo. Olhei em meu relógio e fiquei aliviada por estar cedo ainda. Fui até meu armário e separei uma roupa para ir para a escola. Era a penúltima semana de aula, teríamos provas e na próxima semanas resultados e a tão esperada formatura. Alívio era o que se ponderava de mim. Faltava pouco para eu e Cadu podermos ficar em paz e sem receios sobre a escola descobrir. Ele disse que havia conversado com seu irmão sobre e ele ajudaria no que fosse, até com advogado se fosse preciso.
Arrepiei-me só em pensar na palavra advogado. Não poderia chegar a esse ponto. Éramos cuidadosos, na escola era como se eu não existisse, apenas se dirigia a minha pessoa em sala de aula e sobre assuntos relacionados a matéria. Às vezes eu ia para seu apartamento, e outras saímos para o único lugar onde poderíamos ficar juntos; naquele morrinho onde eu podia ver nossa cidade.
Vesti minha calça jeans e uma blusa soltinha rosa, deixei meus cabelos terem vontade própria e calcei meu tênis. Fui para a sala e minha mãe preparava da cozinha um café da manhã regado a suco, bolo e pães. Suspirei capturando o aroma, corri até a cozinha e sorri ao ver minha mãe feliz.
-Assim você irá me engordar! – disse brincalhona enquanto pegava um pedaço de bolo de laranja e um suco de goiaba. Mordi com vontade o pedaço em minha mão e gemi satisfeita. Eu havia esquecido como minha mãe cozinhava bem quando queria.
-Estou feliz, então faço comidas! – ela deu de ombros e pegou um pedaço para ela.
-Vou levar para comer na escola. – fui até o armário e peguei uma vasilha, depositando alguns pedaços do bolo. Era certo meus amigos roubarem de mim, então eu tinha que estar com o estoque cheio. Corri até meu quarto e escovei os dentes. Peguei tudo que precisava e desci as escadas do aparamento com calma.
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Café, livros e cigarros.
RomanceUma doce garota de dezessete anos comum, com problemas comuns. Criou seu próprio mundo e nele se trancou. Sem pai, somente na companhia de uma mãe com sérios problemas com o álcool. Se refugiou na biblioteca de sua pequena cidade e ninguém se...