28|Tensão

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Duas semanas depois...

  Hoje era o dia em que o Enzo retornaria. O dia em que eu enfim poderia contar toda verdade a ele, e me livrar desse fardo que carregava em meu peito. Foram duas semanas difíceis porém necessárias, com elas me acostumei com a ausência do Enzo. Lógico no começo foi uma dor insuportável, mas logo comecei a ocupar a minha mente com outras coisas e conseguir convencer a mim mesma que não poderia mais amar o Enzo. Bom por enquanto estava dando tudo certo, afinal de contas não o estava vendo e falava com ele regularmente. Foi uma semana de aprendizagem, pode assim dizer. Li muitos livros missionários, assistir muitos vídeos e li vários artigos e PDFs sobre missão.

  Levantei pela manhã, abro minha janela e sou recebida por um vento gélido. Observo uma manhã cinzenta e fria.
 
  Fico alguns minutos apreciando a paisagem. Aliás também há beleza nas manhãs cinzentas.

  Me desloco de minha janela e vou ao meu closet e puxo uma calça preta, com uma camisa preta. Tomo banho e sento em frente a penteadeira onde faço um rabo de cavalo. Paro e fico fitando meu próprio reflexo. Vejo nele uma menina mais madura, mais firme e convicta de si. Logo percebo o quão bem essas duas semanas me fizeram.

  Termino de ajeitar meu cabelo e coloco um par de óculos escuros repousado sobre minha cabeça.

  Desço as escadas para tomar meu café da manhã com meus pais.

  -Bom dia - Exclamo enquanto me sento a mesa.
 
  -Bom dia - Responde papai - Tudo bem filha ?.

  Assinto enquanto saboreio meu café.

  -Cadê a mamãe ? - Pergunto percebendo sua ausência.

  -Está... - Sibila papai quando é interrompido.

  -Estou aqui - Responde com um belo bolo de abacaxi saindo do forno de tão quente ainda dava para ver a fumaça.
 
  Ajudo ela a colocar o bolo sob a mesa.

  -Obrigada minha filha - Agradece ela enquanto corta o bolo e se senta na mesa.

  Dou um sorriso e também pego um pedaço do bolo.
 
  -Vai fazer o que hoje filha ?! - Pergunta papai.

  -Bom... - Falo caçando em minha memória - Na parte da manhã nada, mas a tarde prometi aos avós de Enzo que levaria eles no aeroporto.

  -Huumm... - Observa papai - Então de manhã você está livre ?!.

  -Sim - Sibilo - Pelo menos que eu me lembre.

  -Vamos na igreja comigo ?! - Pergunta papai tomando um gole do seu café - Eu tenho que tirar umas xerox, umas apostilas para um estudo, fazer uns certificados, sabe que não entendo muito dessas coisas.

  -Não pai, vou sim - Concordo um pouco desconfiada - Sem problemas.

  -Ótimo - Fala papai - Vou te esperar terminar esse café, assim que você acabar nós iremos.

  -Ok - Concordo.

  Engulo meu café depressa e chamo o papai onde me espera na sala, sentado mexendo em seu Smartphone. Por mais que ele não entende muito de tecnologia e não goste muito de redes  sociais, ele se esforça o máximo possível para aprender e assim poder se comunicar mais facilmente com os membros.

  -Estou pronta papai - Informo assim que chego na sala.

  -Ótimo - Fala enquanto se levanta de sua poltrona - Vou tirar o carro da garagem.

   Enquanto meu pai vai a garagem, aproveito para subir as escadas e pegar minha bolsa, aproveito também e pego meu celular e fone.

  Desço as escadas e vou em direção a porta, onde logo me desloco ao portão de casa, onde papai está a me esperar, entro na carona do carro e assim seguimos o curto caminho até a igreja.

Ângela Onde histórias criam vida. Descubra agora