33°|Um elogio fúnebre

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  Sou despertada com alguém me chamando, enquanto ainda tento dormir.

  -Já vai - Respondo e logo volto a dormir.

  -Bora Ângela levanta  - Chama mamãe abrindo as cortinas e o sol logo invade todo quarto.

  -Mas ainda é cedo quero dormir mais. Estou muito cansada - Falo colocando o travesseiro no rosto.

  -Já são nove horas - Chama mamãe.

  -O QUÊ ? - Falo tirando o travesseiro do rosto e dando um pulo da cama.

  -Na verdade são seis horas da manhã - Avisa mamãe - Mas temos que ir para o velório do presbítero João.

  Logo me lembro do meu compromisso de hoje, ir ao enterro do irmão João. O enterro seria hoje, mas nossa família iria ao velório para dar apoio a família do Enzo. Meu pai adiou a escola bíblia e o culto de hoje de manhã, para que todos os irmãos possam prestar condolências a família.

  -Obrigada por me acordar - Agradeço coçando a cabeça - Eu estava tão cansada que me deixei ser levada pelo meu sono. Se a senhora não me acordasse - Dou um longo bocejo - eu iria ir até...

  -Meio dia - Completa mamãe - Eu sei, é só te dar confiança... Mas agora vamos se arruma rápido que seu pai já está todo apressadinho lá embaixo.

  -Tá. Só vou tomar um banho e colocar um vestido - Respondo me dirigindo ao banheiro.

  Mamãe sai do quarto e eu tomo um rápido. Ainda sonolenta pego um vestido azul marinho soltinho é uma sapatilha. Coloco um óculos escuro para esconder um pouco minhas olheiras e saio de casa junto com minha família rumo ao cemitério.

  Chegando lá tinha bastante pessoas. Eu nuncanca fui a muitos enterros, só fui em um para ser sincera, do pai de uma amiga minha da quinta série. Não gostava nem um pouco do clima daquele lugarzl, achava tudo muito nebuloso, medonho e acima de tudo, achava triste.

  Me aproximo mais um pouco do caixão onde encontro Enzo com uma camisa social preta, calça jeans escura e sapatos sociais. Ele estava com os braços em volta de sua irmã Emily e sua avó Luciene.

  O lugar tinha um clima frio e sobrecarregado. Alguns choravam, outros davam ombros amigos uns aos outros e outros apenas cochichavam frases de pêsames aos familiares.

  Passo por algumas pessoas e me aproximo deles. Dou um longo abraço na irmã Luciene acariciando suas costas. Dou também um abraço na Emily, mesmo não tendo muita intimidade com ela, aliás só tinha a visto uma vez, e não passei uma imagem muito legal de quem realmente sou, com toda aquela cena histérica. Após dou um abraço no Enzo que estava do lado da irmã, olhando para o caixão.

  Fico do lado do Enzo de mãos dadas e observo Enzo olhar para o caixão e chorar. Seu rosto se encontra vermelho e levemente inchado. Ele fica um bom tempo apenas observando o caixão. O presbítero João parecia que estava apenas dormindo, com seu terno preto e sua gravata vermelha riscada. Seu rosto permanecia sereno como sempre. Ele parecia estar descansando.

  Enzo solta da minha mão, e vai ao caixão e segura na mão de seu avô e fica resmungando alguma coisa que não entendo muito devido a tantas lágrimas.

  -Enzo - Exclama papai se aproximando do Enzo - Vamos começar.

  Enzo então assente e volta para o meu lado e segura nas minhas mãos.

  -Bom dia queridos irmãos - Cumprimenta papai - Convido aos irmãos a fazerem uma breve oração conosco neste momento.

  Papai faz uma breve oração e logo depois lê 1 Coríntios 15 do 39-55. Ele explana um pouco comparando ao irmão João e em seguida faz outra oração. Canta mais perto quero estar e o exilado da harpa e após canta um hino antigo que o irmão João gostava.

Ângela Onde histórias criam vida. Descubra agora