32°|Um Adeus

63 7 0
                                    

   Acordo com o alguém mexendo em meus braços.

  -Oi ? - Falo ainda sonolenta.

  -Eu não queria te acordar - Confessa Enzo - É que tem um médico me chamando.

  -Ah sim - Falo me pondo sentada na cadeira - Vai lá.

  Olho pelas cortinas e vejo que ainda está escuro, deveria ser de madrugada ainda. Olho ao meu redor e vejo que a sala de espera está vazia não tinha ninguém somente eu. Levanto e pego um copo de água.

  Ouço algum grito na sala ao lado e decido ir até lá. Chegando lá vejo Enzo  mexendo os lábios e não consigo entender o que sai de sua boca. Tem um médico falando com ele, que enquanto eu me aproximo ele se retira.

  -Foi você quem gritou Enzo ? - Pergunto chegando nele.

  Ele cai em meus braços.

  -O que aconteceu ? - Falo passando a mão em suas costas.
 
  -O João descansou - Informa Luciene com os olhos cheios de lágrimas

  -Eu sinto muito amor - Falo sentindo meus olhos ficarem úmidos - Sinto mesmo.

   Enzo então permanece mudo e rígido ainda me abraçando.

  Depois de alguns minutos Enzo se afasta apenas com o canto interno das sobrancelhas elevadas, os cantos da boca caído, todos os músculos faciais perdem tônus, criando uma expressão de abatimento.

  Sinto uma impotência enorme naquele momento. Vejo meu namorado sofrer e simplesmente não posso mover uma palha para ajudá-lo. Nada que eu faça irá diminuir sua dor, naquele momento. Nem todo abraço do mundo diminuiria aquela dor que o Enzo estava sentindo. Ele perdeu seu avô, aquele que tinha se tornado seu herói.

  Passo a mão pelos cabelos do Enzo e dou um sorriso forçado para ele, deixando cair uma lágrima solitária em meu rosto.

  -Senta ali Enzo - Fala irmã Luciene guiando seu neto a uma cadeira e se pondo em sua frente - Meu neto eu sei a dor que você está sentindo nesse momento, também dói em mim, dói muito - Dá uma pausa e seus olhos se inundam em lágrimas e ela respira fundo e continua - Ah como dói meu neto... Mas eu sei que essa foi a vontade de Deus nesse momento. Foi o que ele quis.  

  Enzo não responde sua avó, simplesmente a encara com os olhos marejados e assente.

  -Eu vou ali assinar os papéis - Fala limpando as lágrimas que escorrem insistentemente sobre seu rosto - E depois vou em casa pegar as roupas para vestir ele.
 
   Enzo se encurva na cadeira elevando as mãos ao rosto e apoiando seus braços em seu colo.

  -Cuida dele - Susurra irmã Luciene em meu ouvido em meio às lágrimas - Eu não consigo ainda.

  Fala isso e se retira.

  Eu me sento ao seu lado e faço carinho em seus cabelos.

  Enzo retira a mão de seu rosto e se endireita na cadeira e olha furtivamente para o chão.

  -Vai ficar tudo bem amor - Falo passando a mão em seus cabelos.

  Enzo fica calado ainda encarando o chão. Ele de repente fica mudo sem nenhuma expressão em seu rosto e ficou ainda encarando o chão durante horas. Aquele silêncio do Enzo, começa a me assustar e me preocupar. De repente ele se levanta e caminha até a saída do hospital.

  -Enzo, Enzo - Chamo enquanto ele sai do hospital e vai em direção ao estacionamento - Enzo.

  -Oi Ângela - Responde me lançando um olhar seco

Ângela Onde histórias criam vida. Descubra agora