30°|Já perdi demais

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  Acordo no dia seguinte, bem cansada. Fui dormir tarde na noite anterior por causa da internação do Presbítero João.

  Me levanto e vou tomar um banho, pego a primeira roupa que vejo no armário e visto. Ao terminar lembro do meu trato com a irmã Luciene. Desço as escadas correndo e vou a porta da minha casa, quando ouço alguém me chamar:

  -Ângela ?.

  Olho para trás e vejo minha mãe, ainda de roupão coçando os olhos de sono.

  -Oi mãe - Vou até ela e a dou um beijo no rosto - Bom dia.

  -Vai aonde tão cedo ? - Pergunta em meio a um longo bocejo.

  -Vou ao hospital - Respondo - Vou levar irmã Luciene e ver o Enzo.

  -Ah sim - Exclama - Seu pai me falou ontem mais cedo. Sabe dizer se ele está melhor ?.

  Balanço a cabeça indicando que não.

  -Ah então tá - Responde - Vai lá.

  -Tá mãe, tchau - Respondo saindo da porta.

  -Você já falou com o Enzo ? - Pergunta mamãe.

  -Ainda não - Respondo voltando dois passos para dentro de casa.

  -É melhor esperar um pouco - Avisa mamãe - As coisas não estão muito fáceis para ele.

  -Tudo bem - Respondo.

  -Esperar um pouco não muito Ângela - Avisa mamãe - Porque daqui a pouco você já está indo. Lembre se disso.

  -Ok mamãe - Falo enquanto olho para meu relógio de pulso e percebo o quão atrasada estava - Beijinhos, tenho que ir estou atrasada.

  Passo pelo portão onde logo avisto irmã Luciene parada em frente casa a me esperar.

  -Bom dia irmã Luciene - Falo enquanto procuro as chaves em minha bolsa - Desculpa o atraso, eu me enrolei.

  -Tem problema não minha filha - Responde com um singelo sorriso - Bom dia.

  Dou um sorriso e enfim acho minhas chaves. Tiro meu carro da garagem e vamos rumo ao hospital.

[...]

  Ao chegarmos lá vejo, fomos para a sala de espera onde avisto Enzo sentado numa cadeira verde, com as mãos elevadas ao rosto com a coluna um pouco irregular.

  -Amor ? - Chamo.

  -Oi - Responde tirando suas mãos do rosto.

  -Está melhor ? - Pergunto me sentando ao seu lado.

  Ele assente.

  -Seu avô melhorou ? - Pergunto enquanto ajeito seus cabelos desgrenhados.

  -Não - Responde encarando o chão.

  Fico muda sem saber quais palavras usar. Me parte o coração ver o Enzo dessa forma tão triste, desanimado e cabisbaixo. Meu coração estraçalha mais ainda, ao saber que terei que partir daqui a menos de duas semanas e o deixar sozinho com o avô dele dessa maneira, espero que ele fique bom logo, para pelo menos ver se alivia um pouco mais da minha culpa. Poxa por que fui tão irresponsável e inconsequente de ser levada pelo meu próprio coração ?. Eu não poderia agora ir tranquilamente embora sem ter que causar dores a ninguém ?. Minha atenção é tirada dos meus pensamentos, quando vejo Enzo ir ao balcão da recepção do hospital.

  O observo de longe, não passa dois minutos e o vejo voltar. Pego numa de suas mãos e entrelaço a minha.

  -Você já comeu hoje ? - Pergunto acariciando sua mão.

Ângela Onde histórias criam vida. Descubra agora