2°| Você ?!

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  Desci as escadas onde os meus pais, estavam e fiquei conversando com eles. Até que a campainha tocou. E eu fui atender.

  Ao abrir, me deparo, com um garoto que aparentava ter vinte anos, moreno, de olhos azuis, um metro e oitenta de altura, com cabelos castanhos, perfeitamente arrumados, e um sorriso estilo Colgate... Enzo.

  -Enzo ?! - Perguntei incrédula.

  -Ângela ?! - Perguntou Enzo.

  Quando minha mãe, falou que o neto do nosso vizinho viria morar aqui, não me falou que era o Enzo.

  Enzo, era um garoto que eu brincava quando criança. Ele vinha para cá nas férias, e eu e o Arthur sempre brincávamos com ele. Ele me chamava de Ângela, anjo, porque ele falava que o nome Ângela, lembrava a palavra anjo. Só reconheci ele pelos seus olhos azuis, que mais pareciam oceanos de tão profundos, e belos.

   -Como você está diferente, cresceu - Comentei.

  -Que pena, que não posso falar o mesmo - Falou rindo me dando um rápido abraço - Você continua baixinha.

  -Idiota - Falei rindo - Cresceu mas continua, o mesmo bobo de sempre. Entra.

  -Licença - Falou enquanto entrava.

   Nos dirigimos diretamente para a sala de jantar, onde estava todos reunidos.

  -Graça e paz, senhora Ruth, Pastor Lucas, Arthur- Falou Enzo ao chegar na sala.

  -Enzo - Exclamou Arthur - Quando mamãe, falou que um neto do Presbítero João, viria morar aqui, não pensei que fosse você.

  Enzo e Arthur também eram amigos. Eles tinha a mesma idade, se não me engano.

  -Queria fazer uma surpresa - Falou mamãe - Sabia que vocês iriam adorar - Falou se levantando - E como você estar querido ?.

  -Estou bem dona Ruth - Respondeu Enzo.

  -Sente se conosco - Mamãe convidou.

  -Então jovem Enzo, como vai seus avós ?. Por que ele não vieram, almoçar conosco ? - Papai, indagou.

  -Meu avô, não está se sentindo muito bem, e resolveu, ficar em casa, de repouso. Vovô está fazendo companhia a ele  - Falou Enzo - Ele mandou lembranças, e pediu desculpas pelo imprevisto.

  -Ah sim, mande melhoras para ele - Exclamou mamãe.

  -Pode deixar - Enzo respondeu.

  Oramos, pelo alimento. Almoçamos normalmente, conversando entre si.

[...]

  Logo após o almoço, fui ajudar a mamãe, com a louça. Meu pai foi para escritório, e Enzo e Arthur, foram jogar Xbox.

  Sim eu fiquei sofrendo com aquela louça, enorme. Eu odeio lavar louça, a pior parte para mim, era as panelas, dava um trabalho para arear aquelas panelas, eu tinha que arear uma por uma, pois mamãe era muito exigente, com suas louças.

   Em seguida, após lavar a louça, fui para varanda da minha casa. Fiquei de longe apreciando o pequeno jardim da minha mãe. A natureza me impressionava de uma forma imensurável. Eu ficava observando ela e viajava em minhas reflexões.

  Até que sou surpreendida por uma voz:

  -Ângela.

  -Hum - Respondi saindo dos meus devaneios e olhando para trás, era o Enzo.

  -Está tudo bem ? - Perguntou.

  Por que ele estava perguntando isso ?. Às vezes quando estou pensando faço algumas caretas muitos estranhas. Será que era isso ?.

  -Sim - Respondi - E você ?.

  -Também - Respondeu.

  Ficou aquele silêncio perturbador, entre nós. Mas como eu não consigo ficar muito tempo quieta, resolvi acabar com esse silêncio.

  -Então, me conte como era morar , na Bahia, em Salvador. Com aquelas praias encantadoras ? - Indaguei curiosa.

  -Legal. Mas não se compara com as praias, daqui do Rio - Comentou com um sorriso.

  -Realmente as praias daqui são ótimas - Falo em concordância.

  Enzo deu um tímido sorriso.

  -E você ?. Fazendo faculdade ? - Perguntou.

  -Aham, faço turismo, e você faz ?.

  -Sim, faço administração.

  -Interessante - Falei.

  Estranho, aquele não era o Enzo que eu conhecia, ele estava diferente, mais calado, mais sereno. Não é mais aquele garoto chato, que ficava me chamando de toco de gente. Gostava mais do antigo Enzo, ele era mais divertido e engraçado.

  -Você está mais quieta, Ângela - Comentou Enzo.

  -Você que está, nem brinca mais, nem implica comigo - Falei rindo.

  -Ah então é disso que você sente falta, anão de jardim - Brincou.

  -Não foi isso que eu falei - Falo fingindo estar indignada.

  -Desculpa - Deu uma longa pausa - Miniatura de gente.

  -Tobogã de Salto Alto - Falei rindo.

  -Está assistindo muito Chaves jovem - Falou rindo.

  -Você sempre foi implicante assim, ou fez curso ? - Ironizei

  -Onde você foi minha professora - Conclui sorrindo.

  Também rir.

  -Tenho que ir, dar remédio para meu avô - Falou se despedindo.

  -Ah sim - Consenti.

  -Até mais - Falou isso, e depositou um doce beijo em minha testa.

  -Te vejo no culto a noite ? - Perguntei.

  -Se assim Deus permitir - Respondeu.

  -Então até - Respondi rindo.

  -Está rindo do que ? - Perguntou confuso.

  -Nada - Falei tentando me controlar.

  -Esqueci que você é maluca - Falou rindo.

  Cruzei os braços, e ri.

  -Até logo mais - Falou isso e saiu pelo portão.

  Fiquei ainda, andando pelo jardim e pensando.

Ângela Onde histórias criam vida. Descubra agora