O Idiota do meu Babá - Série Idiota - Livro 1

20

*Isso aconteceu antes do "Bônus".*

É amanhã. Eu ainda não acredito que é amanhã. Isso não é ansiedade, nem chega perto disso. Minhas mãos soam, não tenho mais sangue no rosto, sinto os frios na barriga constantes e o desespero só aumenta, as lembranças do passado vem a tona e o choro vem junto.

Os pesadelos se tornaram constantes outra vez. Os gritos e luzes voltam a parecer real, voltam a parecer que está acontecendo novamente, faz parecer que tudo aquilo foi real.

Ninguém entende o motivo, talvez só meus pais, mas eles não se importam com isso. Mas para mim é muito importante, sério muito mesmo. Não cheguei a falar isso para ninguém, nem mesmo para Letícia e ela é minha caixinha de segredos.

Eu tento esquecer. Eu juro que tento, mas essa data que deveria ser de festa na verdade é uma data horrível. Não era para ter sido desse jeito. Era para tudo estar melhor, mas infelizmente o destino não colaborou com isso.

Eu tento parar de chorar, mas as lágrimas tem vida própria. Como eu queria ser forte o suficiente para conseguir controlar todos esses sentimentos e esquecer que isso um dia aconteceu, guardar só as lembranças boas que vivemos, mas não é bem assim.

Por um segundo não há mais lágrima, sei que tudo vai ficar bem de certa forma. Vai passar algum dia, e as lembranças boas vão ficar.

Me arrumo para ir a escola, coloco um vestido preto que vai até um pouco acima dos meus joelhos e um tênis preto com glitter. A roupa está expressando meus sentimentos, ela está expressando meu luto. Passo uma maquiagem para esconder as olheiras de uma noite mal dormida e os olhos inchados e vermelhos por conta do choro, coloco um moletom que fica até mais cumprido que o vestido e coloco sua toca escondendo minhas madeixas loiras e lá está a antiga Estela, só que um pouco mudada.

Desço as escadas com um cuidado a mais que o comum, não quero cair hoje, só vai me causar mais dor.
Encontro uma mesa cheia de gostosuras que fazem meus estômago revirar. Tento sair de mansinho para não ter que comer nada, mas todas aquelas manhãs assistindo "Três espiãs demais" foram em vão. Fui pega no flagra, e meu esforço foi em vão, dou de cara com Henrique. Da onde aquele idiota surgiu? Será que ele brotou? Onde será que vendem sementes de Henrique, para eu poder queimar tudo, serei vista como uma heroína no futuro.
Ele pega no meu rosto com as duas mãos e encara meus olhos, que mesmo com a maquiagem estavam meio roxos e inchados.

Henrique: Por que estava chorando? -Ele pergunta com aquele olhar de preocupado, confesso que por um instante acreditei que ele realmente se importa, mas seria mais uma das verdades falsas da minha mente. Decido ignorar esse pensamento.

Estela: Porque... -por um instante eu tinha me esquecido do motivo para o meu choro, por um instante eu esqueci de quem mais me amou. -Porque tinha um cisco meu olho? -não era para ser uma pergunta!!

Henrique: O que você realmente tem? -ele ainda insiste em perguntar, mas ele não se importa! Isso é só o trabalho dele.

Estela: Eu não tenho nada que seja da sua conta! -digo saio andando rumo a porta, mas ele me interrompe.

Henrique: Volte e coma um pouco primeiro, não quero ir no hospital com ninguém! -ele diz todo autoritário.

Estela: É só você não me acompanhar! -continuo andando sem da a mínima para o que ele havia falado.

Talvez ele tenha um pouco de razão, não que eu esteja concordando com o Henrique, mas é só que se eu ficar fraca vou desmaiar de novo, ter que ir para o hospital novamente e provavelmente eu acordaria com uma agulha espetada em meu braço, que mesmo eu nem eu sentido a dor dela ser colocada no meu braço quando eu olhar para ela vai ser como se acabasse de entrar ali.