Capítulo 15

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Dedico esse capítulo a quem me inspirou a escrever esse livro, davicg. E em homenagem a ele a música desse capítulo será: Henrique & Diego -Raspão.

O Irmão Errado
"Nessa noite tão frígida
Eu só não queria precisar sair da sua vida
Meus pensamentos me convidam
A bailar pelo meu subconsciente
Talvez na verdade aquilo não passasse de um acidente

É só que eu me sinto tão ferida
Como se minha mente estivesse fundida
Meu coração sem ritmo batia
Eu estava completamente perdida

Eu sei que é complicado
Mas você não pode mais fingir que é sensato
Amar o irmão errado
Independente da sua escolha
Só quero te pedir uma coisa
Não me deixe de lado
Eu já não me importo mais com o passado

Casa comigo?
Era tudo o que eu queria pedir
Mas você é meu melhor amigo
Sei que é o que corro risco de escutar
Mas sabe de uma coisa, só por me apaixonar
Já valeu a pena te amar.."

Eu cheguei em frente ao hotel que havia sido minha casa nas últimas semanas e percebi que não queria entrar, não queria fazer o mesmo ritual de todos os dias, eu não precisava voltar para lá naquele horário, eu estava livre, não precisava dar satisfação a ninguém, eu poderia fazer o que eu quisesse e porque mesmo assim eu não me sentia bem? Respirei fundo, eu precisava respirar novos ares, dei meia volta e segui para um pub onde encontrei diversos jovens conversando animados na porta, se eu bebesse um pouco, talvez eu me sentisse melhor. Estacionei meu carro e fui até o Pub. Decidi ligar para Gracie.
— Dakota?
— Oi Gracie está ocupada?
— Quem me dera, Óliver viajou, as crianças estão com os avós e eu estou completamente entediada.
— Típica mãe.
Ri, e suspirei.
— Está afim de um programa de solteira?
(...)
Entrei e uma música boa tocava, eu fechei os olhos e quase pude me lembrar de quando tinha 20 anos, eu e Anthony, às vezes Alex nos acompanhava a lugares como aqueles. Fui até o Barman, me sentei para esperar Gracie e pedi um drink, ele me encarou por alguns segundos, era novo, mais novo do que eu imaginava, talvez estivesse se perguntando o que uma mulher da minha idade estava fazendo ali com aquela roupa, não me importei, ele era bonito, na realidade muito bonito, mas deveria ter no máximo uns 20 anos, mais, provavelmente caso o contrário ele não trabalharia com bebidas, acho.
— É por conta da casa!
Ele deu umas piscadela.
— Eu agradeço mas...
Ele me interrompeu.
— Relaxe e aproveite a noite!
O que eu estava fazendo ali mesmo?
— Eu Ahn... acho que vou embora.
— Ah... porque não fica um pouco mais? O meu expediente acaba em 20 minutos posso te mostrar como se divertir de verdade aqui.
Eu ri, ele estava mesmo flertando comigo? Era um garoto!
— Eu dispenso Garoto!
Me virei, ele segurou minha mão levemente.
— Posso te mostrar que não sou nenhum garoto.
Na realidade não sei o que deu em mim, mas havia um brilho no olhar daquele barman, um brilho diferente que eu não via a muito tempo, era um brilho de desafio, que eu costumava ter quando mais jovem, aquilo me intrigou completamente.

— Ok .
Sussurrei e bebi meu drink.
Gracie chegou animada, Josh, o Barman, era diferente do que eu estava acostumada, não era galante como Alex, nem elegante como Anthony, tão pouco parecia fazer o estilo romântico ou arrogante, Josh era selvagem, ele tinha um brilho exótico que parecia totalmente excitante mas ao mesmo tempo um tanto perigoso. Aquilo me atraiu exatamente porque tudo o que eu menos queria naquele momento era um bilionário de nariz em pé.
— Dak, acho melhor você ficar longe desse cara.
Eu já estava me sentindo um pouco alegre com a bebida, não estava interessada nele, na realidade a última coisa que eu queria era homens na minha vida, mas o comentário de Gracie me irritou.
— Por quê ? Por que sou uma mulher casada? Sabemos que isso é só uma questão legal, sem falar que jamais ousei olhar para outro homem em 10 anos de casada, sabe o que eu ganhei com isso? Um par de chifres.
Gracie me olhou com pena, aquilo me matou.
— Não é isso que eu quis dizer Dak, você tem direito de fazer o quiser da sua vida, você mais do que ninguém, mas não assim, não num lugar desses, não com esse nível de homem, você é mais do que isso Dakota.
— Quer saber Gracie? Foi um erro ter te chamado, ter dinheiro não é tudo no mundo sabia?
Eu me levantei da mesa e fui até Josh que sorriu para mim, eu não queria ter nada com ele, era verdade, mas me ter alguém com quem conversar que não fizesse parte do meu mundo naquela noite em especial me faria bem, ele me ensinou a jogar dardos o que aprendi ser muito divertido, me preparou drinks incríveis e eu já me sentia um pouco bamba, estávamos jogando sinuca quando ele se posicionou atrás de mim e tocou levemente minha cintura, naquele momento eu estava embriagada demais para perceber a situação, ele levou seus lábios até meus ouvidos e sussurrou.
"Chegou a hora de eu te mostrar o garoto"
Eu ri, mas não achava aquilo engraçado, na realidade, aquilo era adolescente demais para mim, eu precisava voltar para minha vida normal.
— Eu acho melhor eu ir embora.
Tropecei em algo e o garoto que eu já havia esquecido o nome me segurou.
— Vem comigo!
— Não eu...
Ele ignorou meus protestos e me puxou, tudo ocorreu muito rápido, me lembro de alguns borrões até que estávamos em um lugar estranho, ele me prensou contra a parede.
— Eu vou embora.— repeti.
Dessa vez ele me segurou com mais força, minha cabeça estava latejando eu sentia que iria vomitar.
— Me solta.
— Não tão cedo docinho.
A forma com que ele disse me deu náuseas.
— Escute esse joguinho já ficou chato, me solte eu quero ir embora.
Ele me empurrou mais forte contra a parede e minha cabeça bateu com força, tudo girou, eu mal conseguia falar, ele começou a me beijar e eu queria empurra-lo mas tudo estava confuso, eu pedia para ele me soltar mas provavelmente meus sussurros eram inaudíveis.
— Por favor...
Foi tudo o que eu tive forças para dizer antes de senti-lo ser retirado de cima de mim bruscamente, minha visão estava embaçada, ouvi barulhos de gritos, alguém parecia brigar, era a polícia? Esfreguei o meus olhos mas minha cabeça doía, uma náusea me tomou completamente, eu me apoiei no primeiro lugar que encontrei e vomitei, depois de um tempo senti alguém segurar meu cabelo, a pessoa repetia diversas vezes que eu ficaria bem, a minha visão foi melhorando mas eu ainda tinha uma sensação terrível no estômago, minha cabeça latejava e eu estava exausta até que finalmente reconheci a voz.
— Vem, vou te levar para um lugar seguro.
Era o Alex, como ele poderia estar ali? Eu queria perguntar isso a ele, como ele conseguiu me encontrar e me livrar do cara estranho?
— A polícia está vindo meu segurança vai cuidar dele, vem você vai ficar bem.
— Alex...o que você...
Ele respirou fundo.
— Quando você estiver melhor eu te explico.
Ele chamou um táxi, as coisas ainda rodavam um pouco.
— não, não...
— O quê?
Ele perguntou.
— Sua casa não.
— Onde você está ficando?
— Hotel, hotel Quinn.
Algo estava muito errado, eu não conseguia pensar coerentemente, as coisas pareciam estar em outra dimensão, a percepção do mundo me atingiu e aquilo me deixou insana, eu queria voltar ao normal.
— Alex eu... acho que não estou bem.
Levei a mão até a cabeça, ele me fez olhá-lo e me encarou.
— Droga Dakota, seus olhos estão muito alterados, você está bêbada? Drogada?
Respirei fundo eu preciso me controlar, logo minha sanidade irá voltar.
Chegamos ao hotel e eu ainda estava cambaleando entretanto conseguia raciocinar melhor. O silêncio até chegar ao quarto de hotel era constrangedor e talvez isso e com certeza influenciada pelo grande nível de alcoolismo no meu sangue me fez indagar:
— Por que você não me disse antes?
Alex me encarou, ele sabia do que eu estava falando, na verdade diferentemente de Anthony sempre senti que Alex e eu tivéssemos uma ligação desde o momento em que o conheci, sempre confiei cegamente nele, pelo menos até algumas semanas atrás quando a verdadeira realidade me foi mostrada, quando tudo desmoronou, quando descobri que todo o meu casamento fora uma mentira, mas assim como eu costumava conhecê-lo eu soube antes mesmo dele responder que seria direto, Alex não enrolava ou se fazia de desentendido como Anthony que provavelmente perguntaria.
"Não disse o quê?"
Alex viu nos meus olhos o que eu queria saber e embora seus olhos parecessem diferentes, quase desconcertados de um jeito que eu nunca vira antes, não desde que me casei com Anthony, Alex costumava ser o filho mais alegre, divertido porém também o mais inseguro, sempre nas sombras do irmão e embora dissesse que não se importava eu sabia que sim, principalmente depois do que eu descobri. Achei que passaria com o tempo, e realmente acreditei que houvesse passado, quando me casei aos 20 anos, encontrei outro Alex, mais seguro, mais original, mas, hoje eu vi dentro dele e percebi que ele não passava de um garoto, machucado e que havia dedicado a vida toda a provar que poderia ser tão bom quanto o irmão, se ele não estivesse tão preocupado em provar isso, tenho certeza que ele seria muito melhor.

— Não existe nada no mundo em que eu arrependa mais.
Eu ri irônica, percebi que eu não estava bem, não só emocionalmente porque essa parte havia se quebrado tantas vezes nesses dias que eu duvidava que ainda existisse, mas eu realmente não estava sã.
— Posso citar algumas coisas das quais você se arrepende mais e todas elas sem dúvida envolveram a empresa.
— Dakota eu nunca quis aquela maldita empresa.
Eu o fiz soltar minha mão tamanha minha raiva e cambaleei pelo elevador, droga, odiava enfrentar essa situação tão embriagada.
— Dak acalme-se.
— Vá embora!
— Não vou te deixar sozinha.
Ele segurou meus braços e eu comecei a me debater, mas ele era mais forte, me fazia parecer uma idiota.
— Não adianta Dak, não vou te abandonar.
— Você já fez isso.— Cuspi para ele.
Ele abaixou o rosto.
— Você pode dizer o que quiser de mim Dak, o que eu fiz com você foi imperdoável, foi uma traição, foi o que você quiser denominar, mas nunca diga que eu a abandonei, porque isso não é verdade, eu sempre estive aqui por você, sempre cuidei de você, sempre estive na sua sombra, embora doesse, embora partisse o meu coração te ver ao lado dele.
— É mesmo? E quando você passou seis meses fora da cidade sem nem me avisar?
Ele encarou meus olhos.
— Eu fiz isso porque...
Ele respirou fundo.
— Porque eu não suportei te ver tão feliz com ele, sorrindo para ele, dançando com ele, dormindo com ele, Dakota, eu estava namorando mas quando olhava para ela eu via você, quando a beijava eu queria que fosse você, quando...
Ele se interrompeu.
— Eu queria ser feliz, queria te esquecer, então eu tentei, me afastei, mas ela descobriu que meu coração nunca foi dela e nunca poderia ser, issol só fez aumentar mais ainda meu sentimento por você, eu precisava ficar longe, o que você esperava que ele fizesse? Que eu contasse para a esposa do meu irmão que sou apaixonada por ela? Você riria de mim!
— Não...
Antes que eu pudesse me controlar eu disse:
— Eu nunca riria de você.
Nesse momento ele me encarou e seu olhar era intenso e arrebatador, seu olhar me queimava de uma forma que eu jamais vi Alex me olhar, seus olhos refletiam um amor insano em contraste com um desejo avassalador.
O elevador iria chegar mas ele apertou o botão nos fazendo ficar parados dentro dele. Ele chegou mais perto, seus olhos fitavam os meus em busca de uma resposta.
— Não minta para mim Dakota, você estava com o Anthony.
Eu sabia que eu nunca seria capaz de trair Anthony muito menos com o irmão dele, mas o que eu disse era verdade, eu nunca riria de Alex eu enlouqueceria certamente, pensaria muito isso... provavelmente ficaria confusa e ... sinceramente eu não fazia ideia mas não existe nada melhor que a verdade, eu fitei os olhos de Alex, ele havia errado comigo, provavelmente ele era o motivo de eu estar onde estou hoje, mas na realidade Alex não tinha nada a ver com a traição de Anthony, que foi o que desencadeou todo o meu sofrimento, embora o que Alex fez tenha me machucado, ele sempre esteve ali para mim, sempre me defendeu, sempre tentando se redimir daquele maldito dia, coisa que o Anthony nunca foi capaz de fazer, talvez... mas só talvez, eu tenha escolhido o irmão errado.
— Anthony nunca me mereceu.
Finalizei, neste momento senti que algo dentro de Alex mudou, quase como se eu tivesse quebrado um enorme muro, seu olhar se tornou mais leve, ele até parecia um menino que eu já conheci um dia.
Alex tocou minha mão e por alguns segundos tive a percepção do sentimento que sua mão na minha causava, não era eletrizante como Anthony, mas era carinhoso, de um jeito que só com ele poderia ser, ele tocou minha face e eu o encarei, talvez fosse a bebida que tivesse me dado tamanha coragem ou talvez eu tenha crescido, talvez Anthony esteja finalmente saindo de meu coração, eu não saberia dizer ao certo, mas eu o olhei, sempre nos entendemos pelo olhar era uma das poucas coisas que eu mais valorizava na vida, essa ligação, em seus olhos incrivelmente brilhantes haviam uma pergunta, e eu por um momento insano me permiti aceitar, Alex acabou com a distância entre nós e em segundos eu senti seu hálito quente perto demais da minha boca.
— Não sabe o quanto eu esperei por isso minha Dakota.
Então ele me beijou e naquele beijo eu senti tudo o que ele guardara durante mais de 10 anos.

CAPÍTULO GRADÃO PARA VOCÊS!!
Gostaram meninas? Desculpe a demora, entrei de férias só hoje, foi o único dia que tive tempo para escrever, agora que estou tranquila prometo escrever mais.
Não deixem de deixar sua estrelinha e seu comentário, é o que me motiva a continuar.

(Revisão) O Preço da TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora