Capítulo 33

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Dakota Wablers:

Encarei o Anthony sem saber exatamente o que fazer, ele ainda estava ajoelhado, e parecia também não saber como reagir.

— Só vá atender a maldita porta, eu vou embora.

Respirei fundo, fui tola de acreditar somente por um segundo que talvez, mas só talvez, pudéssemos recomeçar, aquela era a nossa realidade e ela nunca seria esquecida, basta eu me dar ao luxo de cogitar que pudéssemos superar, que a nua e crua realidade me bate a porta.

Literalmente na porta.

- Isso é um não?

Anthony me encarou, e eu vi em seus olhos que estava se esforçando.

- ANTHONYYYY! VOCÊ PRECISA ME OUVIR!

Ela gritou novamente. Logo os Vizinhos estariam na porta assistindo o show.

- Eu queria tentar Anthony, Deus sabe como eu quis, como eu tentei, mas eu não suporto mais essa situação, parece que isso nunca vai acabar, parece que isso irá nos perseguir pelo resto de nossas vidas, como criaríamos uma criança no meio desse caos? De brigas, desentendimento, dessa mulher louca, ou melhor, como convenceríamos qualquer assistente social de que temos um lar adequado e saudável? Isso parece saudável para você?

E como se fosse para comprovar que eu estava falando sério, ouvimos novamente gritos, aquilo me irritou num nível que me fez seguir até a porta, Anthony veio atrás de mim.

- Dakota deixe que eu cuido disso.

Bastou um olhar meu, para que ele compreendesse que aquela discussão ele não ganharia.

- Ok – Ele disse somente, e eu continuei seguindo até a porta e quando abri deparei-me com uma cena um tanto surpreendente, dois seguranças tentavam tirar Heloise da nossa porta enquanto ela estava desgrenhada e com o rosto banhado em lágrimas, sua aparência era desesperadora, dava para perceber que os seguranças não sabiam bem o que fazer pelo fato dela estar gravida. Sem dúvida faltava pouco tempo para o bebê nascer e talvez eles estivessem intimidados com esse fato.

- Anthony.

Ela disse baixo dessa vez quando a porta foi aberta, alguns vizinhos estavam observando a cena de suas portas.

Os olhos de Heloise encararam os meus e ela engoliu em seco, pensei que fosse ir embora ou talvez ficar constrangida, porem seu desespero parecia tão grande que ela quase não se importou.

- Eu não sabia que você estava aqui.

Eu sorri ironicamente.

- Eu poderia dizer o mesmo de você. Não deveria estar com seu noivo?

Encarei os seguranças que me encaravam interrogativamente.

- Então a não ser que você possa falar comigo no lugar do meu marido eu sugiro que vá embora. E de preferência não volte nunca mais.

- Eu sei que não temos a melhor relação...

Ela começou.

- Não temos mesmo.

A interrompi antes que dissesse mais alguma coisa.

- Por favor, é muito importante eu...por favor...

- Então diga.

Esbravejei.

- Não posso dizer aqui.

Ela encarou nosso "público."

Ela estava implorando e vi nos olhos dela que era importante. Algo dentro de mim se embaralhou e pensei que meu coração fosse sair pela boca. Encarei os seguranças.

(Revisão) O Preço da TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora