Acordos Com Loki

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-Astrid... - Heather começou, mas logo foi interrompida pela loira.

-Heather, não começa, eu já disse que não. - Disse sem olhar a amiga, continuando a amarrar o avental branco, parte do uniforme.

-Pare de ser tão orgulhosa, pelo amor de Thor! Ele não te pediu nada de mais e você precisa do dinheiro... - Heather tentou mais uma vez.

Tinham se passado dois dias e Astrid estava começando a se arrepender de ter contado sobre o maldito cartão.

-Não importa o que você diga, não vou me vender.

Heather revirou os olhos.

-Eu sinceramente não te entendo, você vive se lamentando dizendo que queria que a vida fosse melhor para a sua irmã, que não precisasse escolher entre os remédios da sua mãe ou uma boa escola para a sua irmã. E quando a oportunidade de ter tudo aparece, a um custo bem baixo, você recusa!

Astrid ficou em silêncio, os gritos na cozinha era a única coisa que quebrava a atmosfera. Depois de alguns momentos, Astrid suspirou, tirou o avental e soltou o coque que prendia os cabelos.

-Me cobre hoje? - Perguntou fazendo um sorriso vitorioso aparecer nos lábios da morena.

-Claro. - Respondeu. Astrid pegou um pouco de dinheiro que tinha no armário do vestiário e saiu do restaurante entrando no primeiro táxi que parou ao seu lado.

-Haddock.Corp. - Disse ao motorista.

-Soluço, existem outras por aí. - Disse o loiro. - Já se passaram dois dias e ela não te procurou, ela não vai te procurar.

-Ela vem, Perna-de-Peixe, eu sei disso. - Disse ele de maneira teimosa, fazendo o loiro revirar os olhos.

-Existem várias outra Sugar Babies por aí... - Soluço balançou a cabeça.

-Você não a viu, Perna, essa mulher é a mulher mais bonita que eu já vi e você sabe que eu já saí com dezenas de modelos. Ela é o troféu perfeito para levar a minha imagem direto ao topo.

Perna-de-Peixe abriu a boca para protestar. Soluço não precisava de uma mulher bonita para melhorar a imagem que tinha, mas a mente do jovem Haddock havia sido envenenada pelo primo em uma festa algumas noites atrás. Melequento Jorgenson, primo de Soluço, havia feito alguns comentários desagradáveis sobre a vida amorosa do Haddock, implicando que ele nunca seria capaz de ter uma mulher maravilhosa ao seu lado, porque estava ocupado demais com os negócios.

Perna-de-Peixe tentou convencer o amigo de que aquilo era besteira e de que ele não precisava daquilo, mas depois de uma pequena pesquisa no Google, Soluço havia se decidido: ele teria uma Sugar Babie.

-Obrigada. - A loira agradeceu ao motorista depois de descer do carro. Ela olhou para cima e cerrou os olhos quando o brilho do sol incomodou sua retina.

Ela olhou para o topo do prédio antes de voltar a olhar para frente. Haddock.Corp era um enorme prédio com vidros espelhados, tinha vinte andares, no mínimo, e ela suspirou antes de andar em direção a porta. Ela foi até a recepção, onde uma mulher de cabelos pintados em um fraco tom de azul amarrados em um rabo-de-cavalo mexia em um computador.

Ela se aproximou relutante, engoliu um nó em sua garganta e falou com a voz mais firme que conseguiu:

-Quero falar com Soluço Haddock. - A mulher levantou o olhar para ela por um momento.

-Tem hora marcada? - Perguntou voltando a olhar para o computador.

Astrid franziu a testa, ela não precisava de hora marcada, ele a havia procurado. O elevador próximo ao saguão se abriu e a mesma voz masculina de duas noites atrás chegou aos ouvidos da loira.

-Não se esqueça do jantar com os Arendelle nesse fim de semana.

Ela se virou em direção ao elevador vendo o mesmo homem de cabelos castanhos conversando com um loiro. Seus olhares se cruzaram e ela quase viu um sorriso vitorioso aparecer nos lábios dele. Perna-de-Peixe encontrou a bela loira ao lado da recepção, ela e Soluço se encaravam intensamente e ele não precisou de explicações para saber que ela era a tal mulher da boate.

Seus cabelos loiros estavam soltos e levemente bagunçados, ela não usava maquiagem como na noite em que se conheceram, mas a beleza ainda era a mesma. Ela usava um vestido negro simples, justo ao corpo chegando mais ou menos na altura dos joelhos e pequenos saltos também pretos.

-Eu te vejo no sábado, Perna. - Disse o Haddock. O loiro assentiu, se despediu e saiu da empresa. - Não quero interrupções enquanto eu estiver no escritório com essa senhorita. - Disse ele à mulher de cabelos azulados. Ela assentiu e ele gesticulou em direção ao elevador.

Ela entrou e ele entrou logo em seguida. 

-Essa "senhorita" tem um nome, Senhor Haddock. - Disse ela assim que as portas do elevador se fecharam. Soluço apertou o botão do último andar e pareceu não se incomodar com o comentário dela.

-Eu não sei o seu nome, senhorita.

-Astrid Hofferson. - Disse ela.

-Prefere que eu te chame de "Astrid" ou "Senhorita Hofferson"?

As portas do elevador se abriram e os dois saíram. Astrid deu de ombros.

-Prefere que eu te chame de "Soluço" ou "Senhor Haddock"?

Ele a guiou pelo corredor até chegarem a uma sala. Ele abriu a porta e esperou que ela entrasse antes de fecha-la novamente.

-Pode me chamar de Soluço. - Respondeu, gesticulando para que ela se sentasse em uma das cadeiras opostas a dele e assim ela fez.

-Então me chame de Astrid.

Ele assentiu em concordância e se sentou em sua cadeira.

-Muito bem, Astrid, acredito que saiba como isso funciona, mas vou explicar mais uma vez para que não haja mau entendidos. - Ela assentiu e ele prosseguiu. - Eu vou pagar todas as suas despesas, não importa o que seja ou quanto me custe, não poupe seus gastos. Em troca, quero que seja a acompanhante perfeita na sociedade. Você deve estar comigo em todos os compromissos sociais que eu tiver, a não ser que algo, como alguma doença, te impossibilite. Enquanto estivermos em público, quero sempre ver um sorriso nesse seu lindo rostinho. Enquanto estivermos sozinhos, eu realmente não me importo com o que você faça. Entendeu? - Ele perguntou e ela apenas assentiu mais uma vez.

Ele tirou a carteira de dentro de uma gaveta da mesa, a abriu, lá de dentro tirou um cartão e o colocou sobre a mesa, para que a mulher o pegasse. Astrid encarou o cartão por alguns momentos, ela se sentia como se estivesse fazendo um pacto com o próprio Loki, mas engoliu a própria moral, pegou o cartão e o guardou.

-Onde você mora? - Perguntou ele.

-Em uma pensão, com uma amiga. - Respondeu vagamente.

-Isso é terrível, compre um apartamento. - Ele disse em tom autoritário e Astrid ergueu uma sobrancelha. - Escute, Astrid, a minha imagem deve ser impecável, e para isso acontecer, a sua imagem também deve ser impecável e morar em uma pensãozinha em Thor sabe onde não vai ajudar.

-Como quiser. - Murmurou.

-E mais uma coisa: - disse ele chamando novamente a atenção dela - eu não vou aceitar nenhum tipo de traição. Eu estou confiando em você, não faça com que eu me arrependa.

-Não se preocupe com isso. - Foi a imediata e sincera resposta dela.

-E eu quero que me acompanhe no jantar com os Arendelle nesse sábado. - Ela murmurou um "com certeza" e ele finalmente a dispensou. Quando Astrid fechou a porta do escritório Soluço soltou uma respiração e afrouxou a gravata, pedindo aos deuses para que isso não fosse um terrível erro.

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