Alguém Melhor

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Falar com o pai não tinha sido fácil, mas ele estava bem e o mais difícil ainda estava por vir. Engolindo em seco, Astrid se conformou em estar sozinha e acompanhou o policial pelos corredores até uma cela provisória - como aquela em que ela ficara por dirigir embreagada. O policial a deixou sozinha e Astrid encarou os olhos castanhos da mulher, Emily, uma das mãos dela passou por entre as barras em uma tentativa

Com os cabelos loiros completamente desgrenhado e roupas sujas de terra, a única mulher na cela se levantou da cama de onde estava sentada e caminhou até as barras de metal que a separava da socialite, mas Astrid deu um passo para trás e conseguiu se afastar.

-Filha, estou tão feliz em te ver. - A voz dela era suave, carinhosa e talvez fosse a primeira vez que Astrid a ouvia falar naquele tom.

-Por que tentou me matar? - A voz de Astrid saiu como um sussurro fraco e quebradiço e a mulher desviou o olhar, o mantendo no chão, sem ser capaz de encarar os olhos azuis da filha cheios de dor.

-Eu sei que cometi muitos erros, - ela ergueu os olhos novamente e por mais que Astrid quisesse, não sabia dizer se as expressões de arrependimento e tristeza da mãe eram genuínas ou não - e sei que não tenho sido uma boa mãe, mas eu prometo que vou tentar ser alguém melhor, vou mudar, quando sair daqui. - Era uma promessa, mas também era súplica muito clara: pague a fiança e Astrid não tinha cabeça ou um emocional estável o suficiente naquele momento para lidar com mais problemas.

Deveria confiar na mãe? Da última vez que desconfiou das intenções, o pai acabou em uma cama de hospital e não queria que o mesmo - ou algo pior - acontecesse novamente com quer que fosse. Durante toda a sua vida se convenceu de que Emily era apenas doente e precisava do apoio das pessoas certas, mas até onde realmente ia a doença da mãe? Onde acabava a doença e começavam as mentiras? Podia confiar na mulher à sua frente? A conhecia ou esteve se enganado todos esses anos?

Sem poder responder a nenhuma daquelas perguntas e a com a intensidade de seus pensentos esmagando seus pulmões e a deixando sem ar, Astrid se virou sem dizer nada e se foi, saindo da delegacia o mais rápido possível. O Rolls Royce estava estacionado em frente ao prédio e ela não esperou que Joseph saísse para abrir a porta. Precisou se controlar e engolir o choro ao entrar no carro, e Joseph não comentou sobre o comportamento da loira quando disse seu próximo destino.

♠️

Camicazi estava completamente exausta. Astrid a tinha deixado com uma tal de Heather e as duas passaram o dia inteiro entrando e saindo de lojas e frequentemente a loira se perguntava se realmente precisava de tantas coisas assim. Ela preferiria simplesmente ter pêgo suas roupas antigas, mas a casa inteira estava isolada pela polícia e ninguém além dos peritos podiam entrar.

Ela não sabia de muito do que estava acontecendo, sequer tinha ido visitar o pai, mas teria tempo para visita-lo agora que estava bem e sabia que sua prioridade deveria ser se adaptar ao seu novo ambiente - e consequentemente ao novo padrão de vida -, mas ela simplesmente não conseguia ver a graça em comprar dezenas de coisas completamente desnecessárias.

Heather era uma boa companhia e estava ali apenas para auxiliar a garota e não para dizer o que ela devia ou não comprar, mas ainda assim a loira não conseguia gostar de andar por horas, entrando e saindo de lojas e gastando um dinheiro que sequer era seu. Heather se sentou ao lado dela em um dos sofás dentro de uma loja do qual a loira não era capaz de lembrar o nome.

As duas conversaram por um tempo enquanto descansavam e Camicazi riu como nunca antes quando Heather contou a história de como ela e Astrid se conheceram e de todas as coisas que fizeram juntas - deixando de lado as festas e porres, porque se Astrid soubesse que andara contando essas coisas para a mais nova, Heather estaria morta - e por um breve momento a garota se sentiu realmente tranquila e não se preocupou com o que aconteceria caso não se adaptasse ou não fosse aceita.

♠️

Não era tarde, mas o dia tinha sido longo para todos da casa então logo depois do jantar, já estavam todos prontos para dormir. O empresário fez o caminho até a cama onde a bela loira já estava deitada, encarando o teto.

-Você esteve quieta durante todo o jantar, está tudo bem? - Soluço perguntou se deitando ao lado dela e deixando que um de seus braços se apoiasse no estômago dela. Quando Astrid se virou de lado para vê-lo ele a abraçou pela cintura, mas não a puxou para perto.

-Fui ver minha mãe. - Ela começou e Soluço não a interrompeu. - Ela pediu que eu pagasse a fiança e prometeu que vai tentar ser uma mãe melhor. - Seus olhos azuis se encheram de lagrimas, mas ela sorriu e balançou a cabeça. - Mas você não devia se preocupar com isso, já tem problemas demais com a empresa.

As mãos dele a segurou com mais firmesa e ele percebeu que em momento algum entre ontem à noite e aquela manhã ele a tinha dito o que planejava fazer naquele dia. Então a olhou nos olhos e sorriu.

-Meu pai assumiu o cargo por um tempo, até tudo se resolver. - Esclareceu e é certo dizer que o empresário não estava pronto para o soco que recebeu no ombro. - Por que você fez isso? - Ele perguntou, surpreso porque o soco realmente doía.

-Não devia ter se afastado, está se preocupando demais com um problema que não é seu. - Mesmo que o tom dela fosse sério, Soluço sorriu, ela um sorriso convencido, de canto, que a fez revirar os olhos.

-Mas não é isso o que um bom namorado faz? Compartilha preocupações e responsabilidades e blá blá blá?

-E desde quando você é meu namorado? - Astrid perguntou com uma das sobrancelhas erguidas. - Eu não me lembro de você ter me pedido em namoro.

Soluço riu.

-Eu não peço nada à ninguém, espere mais alguns anos e eu vou estar preparando uma cerimônia de casamento sem você saber. - Astrid riu com ele e Soluço se inclinou para apagar a luz. Ele a trouxe para mais perto ao se deitar novamente na cama e o empresário sorriu ao sentir os lábios dela nos dele.

Sugar DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora