Soluço e... Heather?

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Não era tarde, mas Soluço e  Astrid já estavam prontos para dormir. Finalmente tendo um momento de silêncio e paz para pensar em todos os acontecimentos do dia, Soluço percebeu que não tinha dado muita atenção à Heather quando disse que Astrid não era uma sugar baby. Claro que saber que Astrid não tinha sequer cogitado o acordo inicialmente era uma ótima notícia para o Haddock, mas a boa notícia lhe dava mais perguntas do que respostas. O que Astrid fazia naquele bar? Como Heather a convenceu sobre o acordo? Mas o que mais o incomodava era não saber o que aconteceria se ele a dissesse que o acordo já não era mais válido.

Frustrada com Soluço que não parava de se mexer, Astrid se sentou na cama e ascendeu o abajur ao seu lado.

-O que foi? - Ela perguntou e por um segundo apenas Soluço considerou mentir dizendo que não era nada. Mas pensou melhor e também se sentou na cama.

-Por que nunca me contou que não era uma sugar baby? - Soluço perguntou e Astrid franziu a testa, a loira ficou em silêncio contemplando a pergunta.

-O assunto nunca surgiu. - Respondeu dando de ombros. Ela não tinha realmente outro motivo de o por quê nunca contou, mas com tudo o que estava acontecendo nas últimas semanas, é de se entender por que o assunto nunca surgiu entre eles. - Heather e eu estávamos no bar porque Heather estava atrás de um milionário, eu só estava lá pra garantir que ela fosse pra casa sozinha. - Soluço riu e balançou a cabeça. - Eu tentei convencer a Heather a te procurar, mas ela ficou me importunando falando que "tinha um código a ser seguido" ou algo assim. - Astrid disse dando de ombros e Soluço a olhou erguendo uma sobrancelha.

-Você queria que a Heather me procurasse? - Perguntou, Soluço não sabia como digerir aquela informação. Como sua vida teria sido se fosse Heather e não Astrid quem tivesse o procurado no escritório?

-Parecia ser o mais lógico. Heather queria um milionário, você queria uma acompanhante, seria conveniente para os dois.

Soluço não podia negar que ela tinha razão. Teria sido o mais conveniente, mas se Astrid tivesse conseguido cenvencer a Heather, que tipo de história estariam contando agora?

-No que está pensando agora? - Astrid perguntou notando o silêncio. Soluço se reclinou na cabeceira da cama e sorriu ao encontrar o olhar de Astrid novamente.

-Só estou imaginando como seriam as coisas se a Heather tivesse um pouco menos de dignidade. - Astrid riu, ela nunca tinha parado para pensar em um cenário que agora parecia tão absurdo, mas agora não conseguia parar de imaginar as centenas de possibilidades.

-E como você imagina que as coisas seriam? - Perguntou agora entretida e Soluço riu, se divertindo demais com o cenário montado em sua cabeça.

-Seria uma bagunça. - Respondeu. - Consegue imaginar eu tendo que fingir um relacionamento com a Heather? - A Astrid de sete meses atrás certamente conseguiria, mas agora, depois de tantos meses e de tantas mudanças, tal cenário era tão absurdo que era incrivelmente cômico e o casal riu.

Mas Astrid não pôde evitar se perguntar como as coisas estariam naquele momento. Como seria sua relação com Soluço se ele tivesse feito aquele mesmo acordo com sua melhor amiga? Heather e ele teriam se apaixonado? Astrid afastou o pensamento de sua cabeça, até onde Astrid sabia, Heather nunca tinha realmente se apaixonado. O caso mais longo que Heather tivera tinha durado três dias e acabou de repente sem a loira nunca saber o por quê.

As risadas não demoraram a morrer e o silêncio se fez entre eles outra vez. Astrid não sabia se dessa vez perguntava ou não o que o incomodava. Muitas coisas pareciam estar incomodando o Haddock naquela noite e todas pareciam ser sobre ela. Astrid não gostava em nada da sensação que aquilo lhe trazia e se manteve em silêncio. Não demorou muito para que Soluço falasse novamente.

-Astrid, - sua voz era baixa, mas firme. Ele fez uma pausa breve a olhando nos olhos - quero desfazer nosso acordo.

Sábado chegou depressa e Soluço, Astrid, Camicazi e Michael seguiam no Jeep em direção à casa de Merida. O bairro era simples e distante do centro, mas parecia ser um bom lugar, muitas famílias moravam ali e aparentava ser um bairro seguro com crianças brincando no meio da rua e vizinhos se reunindo nas calçadas para conversar. Merida não demorou a sair da casa, vestida com um shots jeans, um par de sandálias abertas e um enorme casaco de moletom que fez Astrid franzir a testa desconfiada, era um dia quente - mesmo ainda sendo de manhã - e estavam indo passar o dia em um country club, não era o tipo de clima nem de ocasião que justificaria o uso da peça.

Merida entrou no carro, se sentando ao lado de Camicazi - que estava no meio no banco de trás - cumprimentando a todos com um sorriso animado e não muito depois disso, ela e Camicazi iniciaram uma conversa que ninguém realmente entendia, era como se as duas desenvolvessem um dialeto próprio quando estavam juntas, falando de coisas que apenas as duas verdadeiramente entendiam e apreciavam. Soluço voltou a dirigir pelas ruas praticamente vazias, Soluço era um dos maiores patrocinadores do country club por isso chegar não foi difícil e tiveram acesso a um estacionamento privado separado do estacionamento principal.

Todos desceram do carro, um de cada vez, Merida e Camicazi decidiram ir para as quadras de tênis - Merida conhecia o caminho por já ter ido naquele mesmo country club diversas vezes antes da falência -, Michael decidiu acompanhar as meninas para supervisiona-las - e para deixar o casal sozinho porque sabia das intenções de Soluço. Combinaram de se encontrar na hora do almoço próximo aos campos de golfe para um piquenique e então se separam, as meninas e Michael foram para um lado e Soluço e Astrid foram para outro.

Soluço havia conversado com Michael na noite anterior de forma que o homem estava ciente dos planos de Soluço para pedir a loira em casamento. Ele não tinha comprado um anel ainda, mas não precisava de um anel para fazer uma simples pergunta, não ter mais um acordo entre eles tornou tudo mais fácil, Soluço só precisava encontrar um momento oportuno.

Algumas horas tinham se passado, era quase meio dia e as duas meninas não estavam bem um pouco exaustas. Suando e com sede com certeza, mas rindo e se divertindo enquanto jogavam. Nenhuma das duas sabia realmente jogar tênis e os erros freqüentes apenas causavam mais risadas. Michael se ofereceu para pegar bebidas para os três e se afastou da quadra, podendo ver o bar não muito distante de onde pegaria as bebidas sem levar mais do que dois minutos - claro que os poucos minutos foram mais do que suficientes para tudo ir por água abaixo.

-Esse é um club privado. - Respirando fundo, Camicazi se virou para encontrar a dona da voz familiar e a herdeira do country club: Charlie White.


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