A Espetacular Camicazi

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-Minha família é muito seletiva com quem entra, então como duas mortas de fome como vocês conseguiram passar pela segurança? - Ela perguntou com desdém sendo repreendida por Hans ao lado dela, mas Charlie não deu ouvidos ao rapaz e não esperou uma resposta das duas meninas. - Seguranças! - Ela chamou alto.

-Nós não invadimos! - Merida tentou argumentar. Charlie olhou para a ruiva com uma mistura de deboche e desprezo.

-Então como entraram? Sua mãe finalmente largou aquele perdedor do seu pai e arranjou um milionário? - Suas palavras saíram como veneno de sua boca e Merida se encolheu, Charlie riu ao ver os efeitos de suas palavras, Camicazi cerrou os punhos e Hans olhava de uma loira para a outra. - Não importa como entraram, - disse Charlie - considerem-se expulsas. Seguranças! - Gritou dessa vez mais alto.

-Ah é? Então agora eu vou te dar um bom motivo pra me expulsar! - Camicazi largou a raquete e se lançou em cima da outra loira mais rápido do que qualquer um dos pré adolescentes podia registrar.

Em um momento ela estava há uns bons vinte passos de distância de Charlie, e no outro as duas meninas rolavam na grama da quadra, com Camicazi puxando Charlie pelos cabelos e Charlie gritando de surpresa e dor.

-Sai de cima de mim, sua louca! - Charlie se debatia, mas parecia que nada do que fizesse era capaz de afastar Camicazi que continuava com os dedos bem presos nos cabelos da adversária.

-Eu disse que ia acabar com a tua raça! - Exclamou Camicazi de volta, completamente enlouquecida pela fúria.

Hans levou alguns instantes para sair de seu estado de choque, mas logo que seu cérebro voltou a funcionar, o menino correu em direção às meninas, tentando puxar Camicazi para tirá-la de cima de Charlie. Camicazi era pequenina e magricela, não deveria ser um problema para ele - que todos os dias tinha que treinar para se preparar para as audições do time de basquete daqui a dois anos, portanto, era forte para um menino de treze anos -, mas todo o treinamento que tinha não o serviu de nada porque parecia impossível desvincular Camicazi da menina.

-Sai de perto, Hans, senão eu te deito na porrada também! - Camicazi exclamou agora tendo que se dividir entre bater em Charlie e impedir que Hans a segurasse com firmeza.

Infelizmente, para a furiosa loira, Hans conseguiu o agarre firme que precisava e com um forte puxão conseguiu afastar as duas meninas. Camicazi se debatia nos braços do rapaz, tentando se soltar para avançar novamente em Charlie que tentava se levantar. As duas estavam despenteadas, com as roupas emaranhadas manchadas de grama e Camicazi segurava tufos de cabelos loiros nas duas mãos.

Dois pares de seguranças finalmente chegaram e Charlie ofegante deu a ordem:

-Levem essas duas malucas pra longe daqui!

Merida calmamente se aproximou dos seguranças, se entregando de maneira pacífica. Hans soltou Camicazi e tão logo seus braços se afastaram da loira, ela estava mais uma vez tentando avançar em Charlie. Charlie se encolheu assustada, esperando outro ataque, mas um dos seguranças segurou Camicazi firmemente pelos braços e a foi puxando para fora da quadra.

-Eu ainda não acabei! - Gritava Camicazi por cima do ombro. - Ninguém se livra de mim, A Espetacular Camicazi! Está ouvindo? Não vai se livrar de mim!

A sala para onde os baderneiros eram levados não era muito aconchegante. Com paredes em um tedioso tom de creme e cadeiras desconfortáveis. A sala era normalmente usada para manter crianças que causavam problemas enquanto esperavam que os pais as buscasse. Camicazi e Merida estavam sentadas lado a lado, nenhuma das duas fazia barulho e Camicazi mantinha os braços cruzados sobre o peito e o rosto ainda contorcido em raiva enquanto esperavam por Soluço e Astrid.

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