Bem-vinda À Capital

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Michael chegou com vida no hospital e Astrid dizia a si mesma que aquilo era um bom sinal. Sentada na sala de espera com a irmã ao seu lado, as duas loiras esperavam por notícias. Soluço não estava por perto, o Haddock cuidava de toda a burocracia do hospital e Astrid estava grata pela presença dele, porque no momento não teria cabeça para se preocupar com os papeis que precisavam ser preenchidos. A polícia cuidava de ir atrás de Emily e só de pensar na mãe - ainda podia chama-la assim? - o coração de Astrid se apertava no peito.

Astrid não conseguia tirar da cabeça os gritos e as cenas horríveis. Ela não tinha entrado em detalhes com Camicazi, a mais nova sabia apenas o básico: a mãe enlouqueceu e atacou o pai. Camicazi ainda era, tecnicamente, uma criança, mas era capaz de compreender o que aconteceria depois e a magnitude do problema: a mãe provavelmente seria jogada em algum manicômio e a mais nova teria que viver com a irmã na capital.

Soluço voltou pouco depois, se escorando na parede próxima e os três ficaram em completo silêncio. Os minutos passavam lentamente e ainda não tinham notícias, Soluço tentava não ser pessimista, mas era uma tarefa difícil à medida em que os minutos passavam.

-Senhor Haddock? - Chamou a enfermeira, horas depois, parada no corredor. Soluço se endireitou e Astrid teria levantado, mas se assim o fizesse acabaria por acordar a irmã adormecida com a cabeça apoiada em seu ombro.

-Como ele está? - Perguntou a loira.

-Ficará bem, mas o manteremos aqui por alguns dias. - Respondeu a enfermeira e era como se todo o peso do mundo tivesse sido rerirado do coração da loira.

-Quando ele pode receber visitas? - Soluço perguntou, atraindo a atenção da enfermeira para si.

-Amanhã já poderão vê-lo. - Ela respondeu e Soluço voltou a encontrar o olhar de Astrid.

-É melhor irmos pra casa então. - Ele sugeriu e ela assentiu. A enfermeira os deixou e gentilmente Astrid acordou a irmã.

Ainda sonolenta, Camicazi não fez perguntas e precisou se apoiar na irmã durante o percurso de volta para o Jeep. Não muito tempo depois de Camicazi estar no banco de trás, a loira caiu no sono de novo, era quase meia-noite e o dia tinha sido longo - e algo dizia a Soluço que aquele seria apenas o primeiro de muitos -, mas o caminho do hospital até os Vales de Odin não era demorado.

-Me desculpe. - Astrid quebrou o silêncio do Jeep quando Soluço parou em um sinal vermelho. - Tudo isso é culpa minha e eu te coloquei nesse confusão.

Ela ergueu os olhos para se encontrar com os dele e ele pôde ver que suas desculpas era sinceras - fofo, mas na opinião dele completamente desnecessárias, claro que ele não sabia no que estava se metendo quando a viu naquele bar, mas agora que sabia não trocaria por nada - e ele sorriu, não disse nada e apenas se inclinou por cima do banco, unindo os lábios com os dela em um delicado beijo que durou não mais do que dois segundos. Se endireitou no banco mais uma vez e voltou a dirigir.

♠️

A primeira coisa que sentiu em seu estado de semi-inconsciencia foi algo macio, era a superfície mais macia em que já estivera e precisou se esforçar oara abrir os olhos. A primeira coisa que viu foi um teto branco, estranho, se bem se lembrava o teto de sua casa de madeira e muito menor do que aquele.

Esfregou os olhos com as mãos e se sentou no colchão macio. Olhando para baixo viu os lençóis de... O que era aquilo? Linho? Seda? Não sabia dizer. Olhou em volta e seu coração parou em seu peito.

Aquele não era seu quarto. Na verdade, o quarto tinha pelo menos o dobro do tamanho. As paredes eram pintadas em um elegante tom de creme e o chão era de madeira escura. Do outro lado do quarto tinham duas portas fechadas e ao lado da cama tinha uma imensa janela, daquelas qie abriam como uma porta para uma sacada, à sua frente uma enorme televisão estava presa na parede e ao seu lado tinha uma mesinha vazia.

Camicazi precisou de um momento ou dois para se lembrar dos eventos horríveis da noite passada e deduzir que estava na capital. Afastando os lençóis percebeu que estava com as mesmas roupas da noite passada e seu par de tênis estava no chão ao lado da cama. Calçou os tênis, se levantou e soltou um bocejo antes de sair do quarto.

Olhando para os dois lados do corredor, não viu ninguém, mas foi capaz de ver o fim da parede ao olhar para a direita e assumiu que era ali que ficava a escada. Caminhou pelos corredores tentando não se distrair com os quadros pendurados na parede e viu que estava certa ao chegar à escada. Desceu os degraus chegando ao que parecia ser a sala de estar. À sua direita estava a porta principal e à sua esquerda o corredor que levava ao resto da casa, mas Camicazi mal deu um passo e viu Soluço passar apressado em direção à porta.

-Bom dia, Cami. - Ele disse com um sorriso, mas continuou a falar antes que a menina fosse capaz ds responder. - O café-da-manhã está pronto, Joseph está à disposição, a Astrid ainda está dormindo e eu estou atrasado. - Ele disse tudo de uma vez e Camicazi pôde apenas franzir a testa. O cunhado a beijou no topo da cabeça e continuou em direção à porta, dizendo por cima do ombro que "voltaria para o jantar" e Camicazi se perguntou em em nome dos deuses era Joseph.

Balançando a cabeça ela seguiu pela esquerda até encontrar a sala de jantar. A enorme mesa de vidro tinha de tudo: frutas, bolos e mais tipos de pães do que ela sabia identificar e se pegou se perguntando se na capital tudo era sim, rápido e exagerado, se fosse, sabia que se acostumar seria uma tarefa difícil.

Sugar DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora