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Segunda feira chegou rápido demais e Camicazi nunca tinha se divertido tanto quanto no fim de semana e foi doloroso ter que voltar à escola, principalmente com a certeza de que Charlie planejava se vingar da garota.

Faltavam vinte minutos para a aula começar e Camicazi e Merida passavam o tempo conversando no corredor - já que não teriam aulas juntas naquele dia. Uma garganta sendo limpa interrompeu a conversa e as fez desviar a atenção para Charlie ao lado de Hans. Hans sorria educadamente para as duas e a expressão de Charlie não podia ser decifrada.

-Eu vim me desculpar. - Disse Charlie, o que pegou as duas melhores amigas de surpresa. - Meu comportamento foi injusto e inaceitável e eu sinto muito. - Ela fez uma pausa e Camicazi tinha a certeza que falar tudo aquilo era quase fisicamente doloroso para a patricinha. - Para compensar pela minha injustiça, eu gostaria de convidar vocês duas para irmos ao cinema depois da aula. Nós quatro e Thomas.

Thomas era outro amigo ds Charlie, Camicazi não o conhecia nem sabia muito sobre ele. As duas melhores amigas se entreolharam. Camicazi não tinha certeza de que Charlie falava a verdade, mas dar uma chance de redenção a alguém que foi injusto com você não seria a coisa madura a se fazer? E se tudo desse errado e Charlie estivesse mentindo, ao menos Camicazi ficaria com a consciência tranquila por ter tentado, não é? Engolindo o no em sua garganta, Camicazi respondeu:

-Tudo bem.

Charlie sorriu e relutante Camicazi sorriu de volta.

♠️

Soluço estava nervoso. É claro que ele já tinha ido em joalherias antes, muitas vezes, aliás, mas nunca com propósito como aquele. Heather desceu do carro primeiro e Soluço precisou respirar fundo por um longo momento para arranjar a coragem de segui-la.

Heather sorriu para o joalheiro atrás do balcão. Soluço tinha que admitir que Heather era uma mulher encantadora que sabia usar seu charme para conseguir o que queria, seria uma ótima mulher de negócios.

-Estamos aqui para ver os anéis de noivado. - Ela disse e por um momento o joalheiro olhou para o par com certa surpresa, talvez interpretando errado a fala de Heather, mas nem o empresário e nem a mulher se importaram.

O joalheiro pegou uma larga bandeja de prata com diversas caixas fechadas, colocou a bandeja no balcão e abriu as caixas uma por uma. Heather pegou a primeira caixa, uma linda caixa de couro vermelho que abria no meio para as laterais. O anel dentro da caixa era sofisticado, com o arco de prata, mas o diamante no meio era grande demais e Heather sabia que não era algo que Astrid usaria, então deixou a caixa de lado.

Soluço não entendia de anéis ou joias em geral, então deixou que Heather tivesse o trabalho de inspecionar os anéis e escolher o que achasse melhor. O toque do celular do Haddock o fez precisar se afastar para atender e ele olhou confuso para a tela ao ver o nome da cunhada.

-Cami, aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou sem nem cumprimentar a menina.

-Não, - respondeu o deixando mais tranquilo - Charlie me convidou para ir ao cinema depois da aula, eu tô ligando pra pedir permissão porque a Astrid não atende o celular. - Ela explicou. Soluço se lembrou de que a essa hora Astrid provavelmente estava visitando a mãe, então era coerente que Camicazi ligasse para ele.

-Charlie não é a menina do country club? Aquela com quem você arranjou briga? - O empresário perguntou com a testa franzida.

-Ela mesma. - A resposta o fez balançar a cabeça. Soluço não sabia se se preocupava ou se ficava aliviado por Camicazi estar tentando fazer as pazes com a garota.

-Tudo bem, pode ir, mas me ligue quando o filme acabar e eu vou te buscar. - Camicazi concordou e ao fundo Soluço ouviu o sinal que indicava o inicio das aulas. Os dois se despediram, Soluço guardou o celular novamente e voltou a se aproximar de Heather.

A morena tinha um sorriso satisfeito nos lábios e segurava nas mãos uma caixa preta de couro simples, fechada, ele não precisou perguntar para saber que aquele era o anel. Heather o entregou a caixa e Soluço a abriu com cautela. Ele não sabia o que esperar e seu coração parecia que pularia para fora do peito de nervosismo.

Ele olhou para o interior da caixa por longos segundos, inspecionando o anel com os próprios olhos antes de desviar o olhar da caixa para se encontrar com os olhos verdes de Heather. Os dois trocaram sorrisos de cumplicidade e Soluço sentia que a qualquer momento explodiria de felicidade. O empresário, ainda sorrindo, voltou a atenção para o joalheiro novamente.

-O que você tem que eu possa dar de presente para uma menina de treze anos?

♠️

Astrid estava tranquila, o que era estranho, ela só tinha visto a mãe uma vez desde a prisão - quando Emily pediu para que a filha pagasse a fiança - e naquela ocasião Astrid estava uma bagunça emocional, mas agora, depois de ter digerido tudo, Astrid não sentia... Nada. Não estava nervosa, ansiosa e nem com medo de ver a mãe e continuou não sentindo nada quando Emily foi trazida para a área de visitas por dois guardas.

Emily se sentiu na cadeira oposta à da filha, a área de visistas não era muito frequentada, normalmente os criminosos loucos o suficiente para serem condenados ao hospital de custódia eram completamente abandonados por familiares e amigos.

-Astrid, filha, pensei que tivesse me abandonado. - Emily disse com alívio. - Depois de você ter deixado que me trouxessem para esse lugar horrível ao invés de pagar a fiança. - Nem mesmo a acusação de Emily surtiu efeito na loira.

-O psiquiatra pediu para que você não tivesse direito à fiança. - Astrid explicou calmamente, apesar de saber que ele Emily sabia do por quê estar lá. - Soluço já está fazendo o suficiente pagando o seu advogado.

-Aquele advogado que seu namoradinho arranjou é um completo incompetente. - Emily cuspiu as palavras com desdém. - Eu já devia estar longe desse lugar.

Astrid respirou fundo.

-Se não quer o advogado, pode pedir um defensor público - Rebateu Astrid e Emily a encarou com os olhos cerrados como se a tivesse ofendido da pior maneira. - Não vim aqui para ouvir suas reclamações, - disse a loira - vim pedir que desista do direito à guarda da Camicazi.

Emily jogou a cabeça para trás e riu alto, atraindo a atenção de alguns dos internos que a olhou com curiosidade e se perguntavam o que era tão engraçado.

-Você é mesmo uma piadista, querida! - Emily exclamou ainda rindo. - É melhor escrever o que eu digo, meu bem, vou sair daqui como uma mulher e livre e Camicazi e eu iremos para bem longe onde você e seu namoradinho jamais nos encontrarão.

Sugar DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora