14.º Capitulo - A Quinta

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A quinta de Oliver estava linda. Demasiado luxuosa para uma quinta mas Angel achava que a sua filha tinha que ter uma casa à sua medida. Quando chegaram, viram um carro estacionado à porta e estava tudo muito sossegado....não se via ninguém.

- Oliver...não era suposto eu ter aqui alguém para me receber?

- Não sei o que o Angel aprontou....estou demasiado emociado a ver a minha quinta...onde vivi tão feliz com os meus pais e depois sózinho até aquele maldito tractor...

Wiki passou-lhe os dedos pelos cabelos como um gesto de ternura: - Não fiques tristinho...agora vais poder ver a tua quinta todos os dias.

Oliver deu um meio sorriso mas parecia que ele queria chorar....Os anjos choram? Viki ficou a olhar para ele a ver se alguma lágrima caía...até que...rolou uma e ela apanhou-a e colocou-a na boca: - Incrivel...é doce....como tu!

Oliver não tirava os olhos da quinta e começou a ver alguma movimentação estranha...os cavalos começaram a sair dos estábulos, as ovelhas apareceram, os porcos e os leitões também, uma fila de patos e filhotes e um cão, um pequeno labrador branco correu em direção a Viki para saudá-la: - Que fofos...que rica recepção. O meu pai deve saber que eu adoro animais e estes lindinhos vieram até aqui...E beijava o cão e fazia-lhe festas, toda sorridente.

Oliver achou a ideia muito original e foi ter com os cavalos, o seu animal preferido e pegou nas rédeas de um e montou-o...parecia um principe num cavalo branco. Viki olhou para ele e Oliver estendeu-lhe  a mão para ela subir para o cavalo e foram os dois passear: - Nunca pensei sair daquele orfanato e estar tão feliz como estou neste momento... E agarrava-se com força à cintura de Oliver com medo de cair.

Oliver olhava em frente como um automato, sem falar. Tudo à sua volta lhe trazia lembranças tristes e não queria estragar a alegria de Viki: - Então Oliver? O que se passa contigo? Foi o meu pai que te deu ordens para não falares? Olha que eu consigo ler os teus pensamentos...

Oliver não se tinha lembrado disso e tentou a todo o custo pensar rápidamente noutra coisa mas Viki já se tinha percebido que ele tentava disfarçar: - Então...Sr. Oliver...a tentar me enganar...julga que eu sou assim tão palerminha.....Estás tristinho, eu sei.....Vamos ver a casa....estou a ver que isto está a ser doloroso para ti. Vais querer entrar ou preferes ir embora?

Oliver respirou fundo e acabou por confessar:- Tens razão Viki...já não venho aqui há muitos anos e na verdade trouxe-me boas recordaçãoes que eu não quero esquecer e as más que eu me esforço por não lembrar. Não sei se quero entrar na casa....

- Eu vou lá viver e tu és o meu anjo da guarda...se não entrares agora, será noutro dia, não é?

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Angel observava do mundo celestial a chegada dos dois à quinta e viu a reação de Oliver: - Coitado do rapaz....eu nem sou assim. Sofreremos para sempre a perda dos nossos entes queridos. Estou feliz pela Viki....ela gostou da surpresa.

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Quando entraram na casa, esta estava transformada numa casa rústica mas luxuosa, tipo cottage inglesa, e apareceram três criados para a servir, um para a quinta e animais, e duas para a casa.: - Olá bom dia! Cumprimentou Viki.

- Bom dia menina! Eu sou o Victor, estas são a  Anna e a Mary. As criadas fizeram a vénia.

Viki estranhou o comportamento deles: - Uma vénia? Eu não sou nenhuma princesa...

- O seu paizinho deu ordens para a tratarmos como tal....nós...nós viemos do seu mundo.

Oliver chegou-se à beira deles e constactou que eram anjos servos: - Viki, eles vêm de lá de cima, são anjos destacados para serviços domésticos.

- Eu não acredito no que me contas...agora também há disso. Por acaso não há anjos cabeleireiros, anjos médicos ou até anjos crianças?

- Não brinques....E falou mais baixo...- Eles são considerados anjos inferiores.

- Que disparate! Retorquiu Viki indignada. - Como isso é possivel?

- Angel...

- Pois, o Angel estabeleceu uma tabela....isso não se faz. Eu aqui não quero nenhum criado...eu faço as coisas SÓZINHA! Gritou para o pai ouvir mas depois lembrou-se que bastava lhe dar o recado por telepatia. Virou-se para os criados e falou com eles: - Meus queridos, eu vou aceitar a vossa ajuda, agora nesta fase inicial, porque a casa é muito grande, em especial do Victor porque não conheço o trabalho da quinta mas eu vou trabalhar com os três....vamos fazer desta casa, um lar.

Os anjos sorriram e acharam que Viki era uma verdadeira senhora....uma verdaeira princesa e voltaram  a fazer a vénia: Sim minha menina!

- Ora, falei para o boneco?

O Victor interviu: - Desculpe menina, mas não estamos habituados a ser assim tratados.

- Pois a partir de agora habituem-se....quem manda sou eu!

- E o Sr. Angel?

- Eu sou a dona da casa...ou melhor....E atrapalhou-se: - É ...é o Oliver....mas como vou ficar por aqui......Volta-se para o Oliver e vê-o triste: - Desculpa Oliver, empolguei-me com a situação. Tu és o dono desta quinta...

Oliver encolheu os ombros: - Fazes o que quiseres...ela para mim não me serve de nada....

- Oliver? Eu não estou armada em dona disto, acredita. Eu, humildemente agradeço-te por me teres acolhido na tua casa....

Oliver sorri: - És sempre a mesma boa samaritana. Eu sei que tu és pura....acabaste de o fazer com os anjos servos.

- Sabes o que mais gostei, foi do cão...será que o posso chamar de Kid?

- Ele é teu e tu é que lhe deves dar o nome.

- Estou tão contente...anda cá meu bochechas, minha bola de pelo raso, meu fofo, meu queriducho....ai que ele é tão lindo, vem à mamã! O cão rebolava-se e aceita as festas de Viki consolado e todos os presentes olham para ela a rirem-se do trato que ela dava ao cão. : - O que foi? Eu sempre sonhei ter um cachorrinho...já não se pode brincar, é?

Oliver estava enternecido pelos modos como Viki resolveu a situação da casa e agora faltava o carro: - Viki...está ali aquele carro....ele é teu!

Viki levantou-se do chão e pegou no Kid ao colo: - Aquele carro é meu? Pensei que era do Victor...Eu não sei conduzir...não preciso dele. Só se fores tu a fazê-lo para me passeares....hehe...

- Não Viki...tu vais conduzi-lo!

- Oliver, eu não tenho Carta de Condução e nunca aprendi....

- Agora já tens e agora já sabes...senta-te no carro, vamos!

Viki anuiu. Pousou o Kid no chão e foi em direção ao carro. Abriu a porta do Range Rover Evoque, um jipe automático, e sentou-se no banco do condutor e Oliver foi para o lado: - E agora? Perguntou Viki.

- E agora, arrancas....

Viki pousou as mãos no volante, ligou o carro e fechou os olhos. Quando abriu os olhos o seu pensamento estava livre de medos...ela tinha a certeza que sabia conduzir. Arrancou com o carro e começou a guiar como se tivesse anos de experiência: - Ah...ah...Isto é o máximo....só mesmo nos filmes quando os miúdos começam a conduzir com tacos de madeira nos pés....eu estou a conduzir e reconheço todos os sinais de trânsito....parece magia.

Oliver mostrou-lhe  a Carta de Condução dela que estava no porta-luvas: - Isto tem o dedo do teu pai mas não foi ele que te deu esse dom de aprenderes as coisas em segundos...Esse dom é teu.

Viki travou o carro de repente e a sua alegria parou naquele instante.

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