SEIS | Corações partidos

9.4K 946 106
                                    


POR GERMANO

Minha vida foi arruinada há dezessete anos. Eu era feliz, tinha tudo o que eu queria: esposa, casa, trabalho... até pensava em ter filhos, mas tudo desmoronou. Perdi a pessoa mais importante da minha vida. E por causa de quê?! De um dos sonhos que eu e minha esposa tínhamos: um filho. O amor da minha vida foi morto por causa dele. Se eu pudesse, voltaria no tempo e me certificava de que ele nunca teria nascido, só assim eu ainda teria a Kátia comigo.

Fátima, aquela velha medíocre, pensa que eu vou me render às suas palavras. Ela acha que só porque era amiga da minha esposa tem o direito de falar daquela forma comigo, mas isso não importa. Tudo o que ela me disse entrou por um ouvido e saiu pelo outro, não ligo para aquele moleque, não me importo com ele, e se ela pensa que falando da minha esposa vai me fazer mudar de ideia, está muito enganada.

Eu amava a Kátia, amava com todas as minhas forças, e ela morreu por causa da coisa que saiu dela. Eu não posso chamá-lo de filho, ele matou minha mulher! E eu nunca vou perdoá-lo por isso. Toda vez que olho para ele a imagem dela me vem à cabeça, daí me lembro que ela não está mais ao meu lado, e então, a raiva entra dentro do meu corpo, a minha vontade sempre é de dar uma lição nele, fazer a mãe dele sentir-se vingada. Mas me acalmo quando estou bebendo. É o que me dá forças para continuar seguindo a vida até ela não querer mais habitar o meu corpo.

O álcool é o que me mantém vivo, e o Kaio deveria era agradecer por eu ser desse jeito, um bêbado, do que não ser e, assim, talvez infernizasse sua vida mais ainda. É isto que ele deveria fazer: agradecer por me ter em sua vida, pois ainda sou muito bom para ele ao deixá-lo morar em minha casa e sobreviver com o que eu ganho. Olha só como as coisas são: eu o rejeito como filho, o odeio por ter assassinado a minha mulher, mas o desgraçado ainda tem muita sorte por me ter. Que ironia do destino...

Quando eu ia saindo de casa hoje pela manhã para o trabalho, fui ao quarto dele, coisa que nunca fiz antes, e algo me chamou a atenção, na verdade, um objeto. Um objeto que eu não via há muitos anos, e que me causou um flashback de um passado feliz. Era o colar que a Kátia usava: prateado, com um pingente em forma de coração que, na época, tinha uma foto dela, não sabia se agora ela ainda estava lá.

Fui até a mesinha ao lado da cama e o pequei. Era impressionante o estado de conservação em que ele ainda se encontrava. Abri o coraçãozinho e lá estava a foto... minha esposa estava exatamente como eu ainda me lembrava: linda, jovem e... cheia de vida. Que raiva eu senti! Ele tinha algo que era dela, uma lembrança. Isso não podia ficar assim. Eu não podia admitir esse desrespeito. Peguei o colar e o apertei com a mão direita, olhando para o Kaio dormindo. "Se não é meu, também não será seu", pensei. Saí tramando o que eu iria fazer, até que uma ideia me veio à cabeça e ela seria posta em ação.

Uma coisa que eu venho notando é que ele está começando a me afrontar e isso me incomoda. Ele está se rebelando contra mim, e eu não posso admitir esse comportamento. É até idiotice dele pensar que tem escolha, que pode fazer o que quiser sem haver consequências. Mas ele não sabe o que o aguarda... algo que vai me beneficiar muito. Se tudo der certo, será a melhor coisa que fiz depois que fiquei viúvo, e eu só preciso convencer alguém. Não sei se esse alguém vai aceitar a minha proposta, eu espero que sim, pois eu já planejava fazer o que vou fazer desde que ele chegou, e eu vi que ele poderia me ajudar.

POR KAIO

Depois que aquele homem veio para a vila, eu fiquei bastante inquieto, pensativo demais. A todo momento vagava na minha cabeça a ideia de ir na pousada e... vê-lo. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas ele havia mexido comigo de um outro jeito. Como falei antes, eu me senti intimidado, algo nele me chamava a atenção e eu não sabia o quê. Era um tipo de "atração" à primeira vista, mas um pouco estranha, pois ao mesmo tempo eu me sentia incomodado, receoso, com medo. E eu sabia muito menos o porquê de sentir isso.

Meu Dono Irresistível (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora