Acordei com um incômodo na garganta. Não me levantei da cama. Eu estava me sentindo um pouco sem ânimo, meus olhos ardiam e eu sentia frio. Escutei a porta bater. Esperava que o Germano estivesse em casa a essa hora e pudesse ir abrir, mas pensei errado, ele já havia saído para seu "trabalho". Novamente, mais batidas na porta, mas desta vez foram acompanhadas por uma voz feminina.— Kaio, sou eu, Fátima! — Ouvi sua voz um pouco distante.
— Pode... entrar. — Eu disse com dificuldade, sabendo que a porta estava destrancada. Segundos depois ela apareceu no meu quarto.
— Oi, querido, como você está? — Dona Fátima perguntou. Ela segurava algo em suas mãos. — Fiz um bolo e lhe trouxe um pedaço.
— Eu... não sei... estou um pouco com frio. — Nem sequer havia tirado o cobertor de cima de mim. Acho que eu estava doente. — E... obrigado pelo bolo. — Respondi, mas não estava com apetite algum.
— Frio? — Ela veio até mim e colocou a costa de sua mão esquerda na minha testa. — Meu Deus! Você está queimando em febre. — Ela ajeitou melhor meu cobertor. Febre? Talvez tenha sido por causa da chuva ontem. Espirrei algumas vezes depois que voltei para casa... Que ótimo. — Nós não temos médico aqui, teríamos que ir à cidade, e talvez não seja bom para você nesse estado, já que é longe demais! Mas vou tentar fazer com que sua temperatura baixe. — Ela saiu apressada. Só escutei a porta bater. Minutos depois, dona Fátima apareceu trazendo uma bacia com água e um frasco que acredito ser algum tipo de remédio. Ela colocou a bacia em cima de uma mesinha ao lado da minha cama e molhou um pano com a água, em seguida colocou na minha testa. Senti como se fosse uma pedra de gelo, mexi um pouco a cabeça.
— Calma, isso vai ajudar a diminuir a temperatura. — Ela disse e em seguida pegou o frasco. — Eu vou te dar esse comprimido e fazer uma sopa com legumes pra você. — Ela me deu o remédio e um copo com água. — Por enquanto, tente dormir um pouco... volto já!
— Tudo bem. — Eu disse, ainda sentindo o gosto horrível do comprimido. Ela saiu.
POR FÁTIMA
Depois que dei o remédio ao Kaio, voltei para minha casa e comecei a preparar uma sopa bem reforçada para ele, que com certeza vai deixá-lo melhor. Coitado. Tenho tanta pena dele. É um menino tão bom, doce, simpático e um verdadeiro guerreiro, pois aguentar a convivência com um homem como o Germano tem que ser forte mesmo. Mas ele faz isso por não ter outra opção. Caso contrário, já teria ido embora, creio eu. Se eu pudesse o ajudaria mais ainda, mas não tenho tanta condição assim.
A Sopa já estava quase pronta, só faltava um ingrediente especial, o alho, se for um começo de resfriado o que ele tem, é melhor cortar logo cedo. Pronto. Deixei cozinhar por mais um minuto e retirei do fogo. Coloquei dentro de um prato fundo e levei para Kaio. Ele estava dormindo, mas decidi acordá-lo para tomar a sopa ainda quente.
— Quer que eu o ajude comer? — Perguntei.
— Não precisa, dona Fátima. Obrigado. — Ele respondeu com a voz um pouco fraca.
— Tudo bem, querido. — Eu entreguei para ele, com um pano sob o prato para não queimá-lo. — Quando você terminar volte a dormir. Mais tarde, se a febre baixar, eu te darei mais um comprimido. Mas se você ainda estiver quente, arrumarei um jeito de levá-lo ao hospital na cidade, pelo menos vai estar melhor. — Ele gesticulou a cabeça positivamente, e começou a tomar a sopa. Eu saí para não deixá-lo constrangido se eu ficasse observando-o enquanto comia.
Fiz algumas coisas em casa e voltei para vê-lo. Ele fez o que eu disse e dormiu. Peguei o prato na mesinha e o olhei mais uma vez. Novamente me veio um sentimento de pena e de imediato meus olhos se marejaram.
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Meu Dono Irresistível (Romance Gay)
Roman d'amourKaio tem sonhos que para ele são impossíveis de serem realizados. Em busca de sua felicidade, ele se vê preso às consequências de um fato terrível do seu passado, e toda sua vida é construída por grandes obstáculos; os problemas com o seu pai alcoól...