Meu Dono Irresistível (Romance Gay)

CINCO | Sensações estranhas

Resfriado é uma doença tão normal entre as pessoas, mas, assim como as outras enfermidades, não é nem um pouco agradável. Pelo contrário, é horrível ficar com o nariz escorrendo e a garganta um pouco dolorida. Sorte a minha que a dona Fátima fez um remédio natural para mim que está causando efeito. No decorrer dos últimos três dias, desde que fiquei doente, já posso me sentir melhor. Graças a Deus e a dona Fátima.

Por falar nela, ela me disse que seu filho iria vir visitá-la hoje, sexta-feira, e só voltaria no Domingo. Faz tempo que ele veio, e aposto que a saudade dela aumentou bastante. Acho incrível a relação deles, não é somente de mãe e filho como o convencional, mas também de amizade. Eles são bem próximos, apesar de morarem bem distantes um do outro. E talvez é essa distância que os fazem ser tão conectados sentimentalmente.

Falando nisso, agora, me pego a pensar em como seria minha relação com a minha mãe. Eu tento imaginar isso, trazer para a minha realidade essas coisas, as emoções. Sonho às vezes com ela, e são esses momentos, do qual eu nunca queria acordar, que  fazem eu me sentir mais vivo, em paz. A paz que ela transmite para mim, por um mínimo momento que seja, mesmo não estando presente fisicamente. Eu não a conheci, mas sinto saudades. Sinto a falta dela em minha vida.

A única lembrança que eu tenho dela é uma foto bem antiga, pois faz quase 17 anos desde sua morte, guardada em um colar relicário de prata com um pingente em formato de coração que era dela antes de, nos seus últimos momentos, pedir que a dona Fátima me entregasse. Eu posso dizer que é o que eu tenho de mais precioso nessa vida. Carrego com ele um grande valor sentimental, é um tipo de amuleto de proteção.

Eu estava segurando esse dito colar, e quando me dei conta, as lágrimas já estavam caindo. Era de tristeza, mas ao mesmo tempo havia um conforto, pois, apesar de tudo que eu vivi e ainda vivo, sei que minha mãe está me protegendo sempre, onde quer que ela esteja. Ela é o meu anjo da guarda, e vai estar em meu coração eternamente.

Tão distraído eu estava que não percebi, à princípio, uma sequência de contagiantes risadas acompanhadas de indiscretos gritos de alegria. Eu podia ouvir e, assim, identificar a voz da dona Fátima, e logo então um outro tom invadiu os meus ouvidos. Este, no entanto, se revelou mais consistente, diferente da agudez e suavidade transmitidas pelo outro... era um tom másculo. Uma voz masculina que, ao ouvir e reconhecer a quem pertencia, me causou um arrepio por todo o corpo. Uma sensação um pouco "incoerente" em minha concepção. Era uma mistura de ansiedade e... saudade?

Levantei-me da cama e me direcionei para fora. Dona Fátima estava abraçada ao seu filho, enquanto que o mesmo tentava conter as emoções da mãe. Era até engraçado ver como ela quase o derrubava por consequência de tanta euforia.

Passado esse momento do reencontro, eles enfim me notaram ali, observando-os. Lucas direcionou seus lindos olhos castanhos claros para os meus. Fiquei levemente constrangido com isso, era como se eu não o conhecesse, como se ele fosse um completo estranho que eu via pela primeira vez. Logo, ele estava um pouco diferente: seus braços demonstravam estar mais musculosos que dá última vez, na verdade, o físico dele num todo estava mudado. Ele devia estar praticando academia.

Além disso, ele não possuía mais o aparelho odontológico que usava por anos. Seus dentes agora apareciam de forma mais presente, e o seu sorriso ficou ainda mais bonito, branquinho.  Por fim, algumas mechas de seus cabelos estavam pintadas de outra tonalidade mais clara que a natural. Ele realmente mudou o seu visual e essa mudança combinou com ele.

— Kaio, como você está, querido? — Dona Fátima me perguntou, com certeza se referindo ao meu estado de saúde. Ela estava com seu braço por trás das costas de Lucas. 

— Estou melhor, dona Fátima. — Sorri para ela. Mas ainda estava envergonhado por causa do seu filho. Ele continuava me encarando e isso já estava me incomodando um pouco.