Capítulo 5

627 69 7
                                    

Maraísa passa algum tempo se recuperando no banheiro mas então decide se levantar e ir embora do restaurante, já tinha testado o suficiente sua resistência. Acabou por lavar o rosto na pia e respirar fundo antes de sair dali. Saindo do banheiro ela decidiu passar no bar antes de ir embora. Se sentou no balcão chamando atenção do garçom que varria o chão entediado.

- Pois não senhora? - ele pergunta prestativo. Maraísa olha pra prateleira com o olhar vago.

- Uma dose do que você tiver de mais forte por favor! - pede escorando a cabeça nas mãos que estavam apoiadas no balcão. O garçom sorriu de canto e tratou de servir o pedido da moça.

- Aqui dona...? - diz entregando o copo e parando em frente dela.

- Maraísa, Carla Maraísa. - responde a pergunta antes de levantar a cabeça e virar o copo de uma vez. O garçom sorriu.

- Problemas no paraíso? - pergunta simpático. Maraísa sorri irônica.

- Problemas no meu inferno. Soltaram o diabo no meu cercadinho. - diz rindo e arrancando uma risada do garçom que tinha simpatizado com a moça a frente.

- Todo problema tem uma solução. - ele fala sábio. Maraísa dá um sorriso triste.

- Pois eu digo que não. - diz esticando o copo pro garçom servi-la novamente. Ele pega a garrafa e enche o copo. Normalmente ficaria preocupado, mas viu que ela estava acompanhada de um grupo de pessoas, e percebeu que ali na frente dele, não se encontrava uma mulher fraca. Ela vira o copo mais uma vez e bate com ele na mesa. A bebida era forte, e já começava a fazer os seus efeitos. Os problemas dela já não pareciam tão grandes, talvez ela pudesse ter um encontro ou outro com o seu demônio particular, ninguém precisaria saber, seu namorado até ficaria mais satisfeito, porque ela ia parecer mais satisfeita.
- Talvez meus problemas não sejam tão ruins assim... - diz pro garçom que ria da mudança brusca de pensamentos da moça. Maraísa pega o celular e decidi então ligar pro namorado, quem sabe se empenhando mais no namoro, ele daria certo. Se ela sentisse prazer com outra pessoa, não ia sentir falta disso com ele, e poderia manter uma boa relação. Pegou o celular e discou o número do João. Logo apareceu o contato na tela com a palavra vazia: Amor. Ela riu dessa piada sem graça, sentia nojo quando ele a tocava, isso tava muito distante da noção que ela tinha de amor. Apertou pra efetuar a ligação. Chamou três vezes antes de ser atendida.

Ligação On
- Alô? - uma voz rouca respondeu do outro lado da linha.
- João? - Ela perguntou por perguntar, sabia que era ele, aquela voz estava marcada na mente dela a muito tempo. Ainda mais daquela forma, era a voz que ele tinha após o sexo. Sabia que ele devia estar com qualquer uma na cama, mas não ligava, ficava feliz até, porque pelo menos ele não a pressionaria pra manter nenhuma relação.

- Sim, Maraísa? É você amor? - ele pergunta surpreso.

- Sim sou eu. Liguei pra avisar que estou indo aí. Viajo amanhã e queria te ver antes disso. Tudo bem? - pergunta cínica.

- Ah, claro amor. Onde você está? Não quer que eu te busque? - ele pergunta preocupado. Sua preocupação faz a Maraísa sorrir. Ela sabia o porque dela.

- Não precisa, estou de carro em um barzinho. Chego aí em 40 minutos. - ela fala sorrindo.

- Ah, tudo bem, te espero então. Te amo. - ele fala mais aliviado.

- Também te amo. Até daqui a pouco. - fala desligando a ligação.

Ligação Off.

Depois de desligar o telefone ela tem uma crise de riso. O garçom a olha sem entender. Ela estica o copo pra ser servida outra vez antes de explicar.

- Olha, eu sou muito boa em fingir as coisas, mas eu nunca achei que pudesse ser tão falsa! Até eu me surpreendo com o quão cínica eu posso ser! - ela fala rindo. O garçom fica confuso.

- Não entendi. - ele fala colocando a bebida no copo. Ela vira antes de responder.

- Ele falando comigo no telefone com a amante do lado, e eu dizendo que amo ele. Somos uma piada. - diz com a voz afetada pela última dose virada. O garçom sorri.

- Esse jovens de hoje em dia...- diz balançando a cabeça e passando um trapo no balcão. Maraísa sorri pra ele e tira uma nota de cem da carteira.

- O troco é seu, por me escutar! Ainda volto pra te contar o desfecho da história. - diz colocando a nota no balcão e se levantando pra sair. Ela se vira e vai caminhando até a porta, infelizmente teria que passar pela mesa em que estava pra sair. A esse ponto eles conseguiam enxergar ela e a encaravam, tentando entender o porque da demora. Quando estava na metade do caminho o garçom falou.

- Sabe, você deveria terminar com esse rapaz. - ele diz em um tom alto, possivelmente fazendo com que as pessoas da mesa ouvissem. Maraísa se vira sorrindo pra ele e acena. Suspira e volta seu olhar pra porta.

- Eu sei. - diz pra si mesma. As pessoas da mesa a olhavam sem entender nada, Maiara confusa fala com a irmã.

- Onde você tava Maraísa? - pergunta curiosa olhando pro garçom.

- Por aí. - diz se esticando pra pegar a chave do carro que tinha ficado na mesa.

- Onde você vai? - pergunta mais surpresa ainda.

- Vou ver meu namorado. - diz sem olhar pra ninguém específico com a chave na mão.

- Pera aí, você bebeu Maraísa? - pergunta notando que a irmã não estava em juizo perfeito.

- Bebi! - diz já de costas chegando perto da porta e abrindo pra sair. Assim que passa, ela se vira pro grupo que a encarava. - Até amanhã pessoal! - diz acenando e se virando pra sair.

As Faces De Uma EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora