Capítulo 2

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Sentada de frente para elas, estava uma mulher de pele branca e olhos verdes brincalhões com sorriso sacana. Os cabelos pretos e brilhosos, com um corte chanel na altura do pescoço onde as pontas da frente eram mais compridas que as de trás, só acentuavam ainda mais os traços de diversão no rosto da moça. As pernas da Maraísa fraquejaram com aquela visão. Mesmo com o seu curso de atriz 24h não conseguia esconder o  horror de seu rosto, muito menos disfarçar a palidez repentina da sua pele. Em uma reação completamente oposta da irmã, Maiara gritava.

- Eu não acredito! Ai meu Deus! To sonhando! Alguém me belisca! - Depois de sacudir as mãos de forma desesperada, ela se jogou em cima dá mulher sentada, fazendo a cadeira andar pra trás e provocando gargalhadas na outra.

- Bom meninas, essa é a Cristina Ferraço, nova integrante da equipe. - Rosi fala irônica. Olhando pra Maiara que soluçava no colo da outra.

- Que isso pinguinho! Não precisa chorar! - Cristina fala carinhosa acariciando os cabelos dela.

- Sua doida! Você sumiu! Que vontade de te matar que eu tô sua quenga de quinta! - Maiara fala quando consegue parar de chorar tirando a cabeça do pescoço da outra, que gargalhava. - Não é pra rir não sua cachorra! - ela fala revoltada e dá um beliscão no braço da Cristina.

- Aí Maiara! Doeu! - ela fala esfregando o braço. Maiara se levanta da cadeira puxando a outra junto e começa a bater nela.

- Nove. ANOS. Sua. Cachorra. Miserável! - ela fala brava entre um tapa e outro. Cristina ri do desespero da outra e a abraça de novo sob a chuva de tapas.

- Eu também senti sua falta pinguinho de gente! - ela fala beijando o rosto da outra que tinha desistido dos tapas.

O resto da sala assistia a dinâmica das duas de forma confusa, não estavam entendendo mais nada, a única que parecia não estar confusa, não estava em condições de explicar nada. Maraísa fazia um enorme esforço mental pra não deixar as emoções transparecendo no seu rosto. Assim que solta a Maiara, Cristina se vira pra Maraísa, voltando com o sorriso sacana no rosto, que embora ninguém percebesse, não lhe chegava aos olhos.

- Carla Maraísa. Quanto tempo não? - fala brincalhona. Por mais que temesse o momento, por mais que tivesse um batalhão marchando no seu estômago, por mais que suas calças estivessem pegando fogo depois de anos sem sentir o menor prazer na região, e por mais que as lembranças do último encontro das duas borbulhassem no seu cérebro pedindo pra serem notados, Maraísa teve que fazer aquilo, fazia parte das normas de etiquetas, e do seu teatro criado a muito tempo.

- Cris. - diz avançando pra abraça-la. Ninguém na sala percebeu quando Cristina deu um aperto a mais na cintura da outra, fazendo-a sufocar um gemido. Fazia muito tempo desde da última fez que ela tinha sido tocada por alguém, estava muito além de sensível. Ninguém percebeu também como elas tinham colado os seus corpos, e a forma mágica que eles se encaixavam. Assim como ninguém notou as respirações mais profundas de ambas as partes, procurando guardar aquele contato pra sempre. Naquele momento, só o narrador pode dizer pra vocês que se ambas fechassem os olhos, podiam voltar pra nove anos atrás, no momento em que tudo começou.

Flashback On

Dia 31 de dezembro 2008 - 2:40 A.M.

- Parabéns Malaisa. - Cristina usou o apelido bobo que tinha inventado e deu um abraço na outra.

- Obrigada Clis. - Maraísa respondeu rindo nos braços da colega. Elas estavam na sala sozinhas, naquele ponto da noite, todos os amigos estavam desmaiados em algum lugar da casa. E Maiara, provavelmente estava se divertindo demais no seu quarto pra ligar pra qualquer uma das duas. Era a festa de aniversário de 20 anos das gêmeas, mas era comemorado na casa de praia da Cristina, em Angra dos Reis. Casa é um eufemismo. Era uma mansão com direito a tudo que se pode querer em uma dessas.

- Vamo assistir um filme no quarto Malaisa? - Cristina pergunta passando o braço sobre o ombro da outra que se aconchega.

- Vamo sim Clis. - reponde rindo. As duas caminham lado a lado até o quarto, não estavam mais em seu juizo perfeito então simplesmente colocam um filme qualquer e se deitam juntas na cama. A temperatura na casa era fria, o que levou o edredom a ser colocado sobre elas. Aquele edredom foi muito xingado pela Maraísa anos depois, já Cristina, tinha um carinho tão especial por ele que até hoje o carregava pra onde ia. No conforto dos travesseiros, as duas se deitaram lado a lado. Cristina passou o braço pelo pescoço da Maraísa que se deitou no mesmo. O filme começou. E o efeito daquela proximidade também. Com o álcool na cabeça, esse efeito era piorado em muitas vezes. Com uma coragem que advinha  exclusivamente do álcool, Cristina levou a mão direita até a coxa da Maraísa, onde começou a acariciar. Nenhuma das duas sequer tirou os olhos da tela enquanto aquilo acontecia. Ficando mais a vontade com a reação de outra, ela começou a subir mais a mão por de baixo da saia que a outra usava. Cristina ajeitou o seu corpo pra ter o acesso que queria, ainda olhando pra televisão. Quando chegou a sua intimidade coberta pela calcinha fina, passou os dedos por ali esperando ser parada, mas a única reação que a outra teve foi um suspiro e uma abertura a mais das pernas. Aproveitando o consentimento Cristina escorregou um dedo pela lateral na calcinha penetrando a intimidade das outra, que suspirou e se ajeitou de novo. Logo era dois dedos e o polegar massageando o clitóris. Logo as duas abandonaram o fingimento. Cristina se debruçou sobre o corpo de Maraísa e as duas se encararam. Timidamente selaram seus lábios. Timidamente, encostaram as línguas. As duas com os olhos abertos encarando uma a outra. Sentindo a adrenalina de estar fazendo algo proibido, sentindo o prazer de encontrar seu encaixe perfeito.

Flashback off.

- Quanto tempo, não? - Cristina pergunta sorrindo quando se separa dela.

As Faces De Uma EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora