Capítulo 10

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Dois meses se passaram desde o incidente dos beijos e da noite que passaram juntas. As duas guardaram pra si o acontecimento e assim foi indo. Maiara suspeitava cada dia mais que sabia o problema da irmã e o André tentava ajudar a Maraísa. Nesse meio tempo, ela tentou correr de todas as formas. Passou a pegar quartos juntos com a irmã nos hoteis, passou a ir sempre em carros separados e ir embora sempre antes delas. Nos dias de folgas, Maraísa nem se atreveu a botar os pés em Goiânia, para não dar de cara com Cristina. Depois de dois meses pegando poucos dias, as meninas receberam pequenas férias, ficariam dez dias descansando, com a exceção de um super show em Araguaina, num festival tradicional, as férias só seriam interrompidas por um dia. Maraísa pretendia ir pra fazenda passar o seu tempo de folga mas ouviu a irmã convidando seu pesadelo para passar a folga lá, e acabou tendo que mudar os seus planos.

- To indo pra Araguaina. - ela fala pra irmã assim que sai do palco, no último show antes do recesso. Maiara olha assustada pra ela.

- O que? Achei que você fosse pra fazenda! - diz olhando de relance pra Cristina. Maiara pretendia fazer as duas passarem o maior tempo possível juntas, pra poder flagrar algo.

- Mudei de idéia! Meu carro já está aqui, vou direto pra lá, volto pra Goiânia só depois do show. - ela fala procurando sua roupa. A cidade que elas estavam fazendo show era a 300 km de Araguaina, mais o menos.

- Poxa irmã! Achei que você ia ficar comigo! - Maiara fala fazendo drama. Maraísa revira os olhos e dá um beijo no rosto da irmã.

- Deixa de ser birrenta e se comporta! Não tô lá pra te vigiar, então quero que seja responsável! Não vai fazer nada que possa se arrepender. - fala colocando uma roupa mais confortável. Cristina que também estava no camarim observava atenta a ação. Maraísa percebendo, fez questão de se inclinar mais, e acabou sorrindo de canto vendo o desejo nos olhos da outra. - E você. - diz se dirigindo a Cristina. - Cuida da minha irmã. - fala séria. Ela sorri.

- Sempre cuido bem do meu pacotinho! - fala fingindo indignação. Maraísa balança a cabeça sorrindo.

- Sei que cuida! - diz revirando os olhos. Ela vai até Mai e a abraça dando um beijo na sua testa.

- Não vai aprontar, metade. - fala carinhosa e já ia saindo do camarim quando Cristina a chama.

- Não se despede de mim não sua mal educada? - pergunta fingindo indignação. Mai finge que tinha que ir no banheiro e sai de fininho.

- Vou, esqueci. - diz Maraísa indo abraça-la. Cristina passa os braços em torno dela e dá um beijo em seu pescoço, fazendo-a se arrepiar.

- Toma cuidado na estrada minha Malaisinha. - diz sorrindo se afastando. Maraísa treme diante do apelido a muito não usado.

- Vou tomar. - diz dando uma última olhada pro seu pesadelo e saindo com a respiração acelerada. Estava cada dia mais difícil resistir a ela. Maraísa chega em Araguaina de madrugada e vai direito pra casa dos pais, que já estavam dormindo. Ela entra em casa com a chave que tinha e se acomoda no quarto de hóspedes. Pegando imediatamente no sono. No outro dia, ela acorda por volta das 10 das manhã, e percebe que os pais provavelmente não tinham percebido ela em casa, decide então fazer uma supresa pra mãe que deveria estar fazendo o almoço. Ela faz suas higienes e coloca uma roupa confortável. Caminha na casa silênciosa sem encontrar ninguém, vai ter a cozinha e como prévia, a mãe estava na pia descascando batatas. Ela chega por trás dela em silêncio e fala sobre seu ombro.

- Qual o cardápio? - diz se supetão. Dona Almira dá um pulo e põem a mão no peito.

- Tá doida Maraísa?! Quer me matar do coração?! - pergunta dando tapas na filha que se acaba de rir.

- Aí mãe, tá doendo! - diz se defendendo dos tapas.

- É pra doer mesmo! Onde já se viu? Fazer isso com a mãe?! - fala irritada.

- Aí, desculpa mamãe, tava com saudades, você não tava com saudades de mim? - pergunta fazendo carinha de cachorro enquanto tentava abraçar a mãe. Dona Almira que não via a filha a meses, não tinha o coração de ferro.

- Oh meu bebê, claro que eu to com saudades! - diz abraçando a filha que fazia dengo. - Mas, o que você tá fazendo aqui criatura? - pergunta soltando-a.

- Vim passar uns dias com vocês. - fala se sentando na bancada e comendo um pedaço de batata crua.

- Ué, mas por que? - Dona Almira pergunta confusa.

- Uai, preciso de ter um motivos pra querer passar um tempo com a minha família? - pergunta com falsa indignação.

- Você? Precisa. Tá fugindo de quem? - Dona Almira pergunta desconfiada. Maraísa fecha a cara.

- Não to fugindo de ninguém! Só queria um pouco de carinho de mãe! Mas vejo que isso não é possível. - diz fingindo estar brava.

- Bom, se for só isso, veio ao lugar certo, mas eu sei que não é só isso. - ela fala indo beijar a filha antes de voltar pra pia.

- Vamos esquecer esse assunto? O importante é que eu to aqui! - Maraísa diz querendo evitar o problema. Sua mãe sempre foi a pessoa que ela tinha mais dificuldades de esconder seu lado gay. Ela sempre pegava as coisas no ar, e Maraísa tinha certeza que a mãe sabia que ela teve alguma coisa com a Cristina, quando eram mais novas.

- Se você não quer falar, quem sou eu pra obrigar! Vamos falar sobre a sua irmã então, ela voltou com meu genro? - pergunta voltando a cortar as batatas. Maraísa ri.

- Aquela la tá correndo dele mais que o diabo corre da cruz, porque quando não corre, cede! - diz rindo da irmã. As duas passam a tarde conversando. Maraísa sentia muita falta da família.

As Faces De Uma EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora