Capítulo 6

602 74 7
                                    

Maraísa dirigiu tranquilamente até a casa do João, e por mais que odiasse, acabou passando a noite com ele. A noite em partes, porque assim que ele  pegou no sono, coisa que aconteceu logo após ele se satisfazer e ela fingir que se satisfez, ela colocou sua roupa e foi embora. Chegou em casa exausta daquilo tudo. Estava cansada daquele teatro e daquela tortura que passava toda vez que isso acontecia. Agora, sóbria, percebia a burrada que tinha feito indo até lá, acabou bebendo mais quando chegou ao seu apartamento. Passou a noite em claro bebendo e se martirizando. Ela só queria ser normal, como todo mundo. Parou de beber quando o sol raiava. Estava bêbada e com sono, mas ficou firme, tomando um banho gelado e colocando um pijama. Colocou um que tinha uma calça e uma blusa de frio. Pos uma toca no cabelo e pegou um tapa olho e um abafador de som. Calçou um tênis e desceu junto com sua mala, esperou por 5 minutos na recepção do hotel até que a van veio busca-la. Na van já estava toda equipe que viajaria no jatinho. Incluindo Cristina, André e Maiara. Ela entrou em silêncio e se sentou na única poltrona livre, que ficava ao lado do André.

- Maraísa o que é isso? De pijamas? - perguntou a Maiara abismada. Irritada pelos problemas em vista e pela noite mal dormida, a resposta foi curta e grossa.

- Agora não Maiara! - Maraísa disse com a voz rouca pela bebida forte que tinha tomado e sem olhar pra ninguém, colocou seu tapa olhos e o abafador de ouvidos. A intenção não era só dormir, era criar o maior abismo possível entre ela e Cristina. Ela definitivamente não precisava complicar mais a pífia vida dela. André compreendeu os motivos dela e segurou a mão da amiga para consola-la. Maiara olhou aquilo sem entender nada, e pela primeira vez em toda sua existência, se sentiu fora da vida da irmã. Cristina olhou a cena e entendeu em partes. Sabia que a Maraísa ainda negava a sua sexualidade, sabia que talvez ela tivesse sido um pouco afetada pelo retorno dela, e ficou extremamente irritada quando ela saiu ontem do bar falando que ia ver o namorado. Ela tinha certeza que era um namoro de fachada, e tinha pena do que a Maraísa se obrigava a passar simplesmente por se negar a ser ela. Mas ela não entendia essa proximidade do André. Ela sentia vergonha das suas vontades, e Cristina não conseguia imaginar uma situação onde a antiga Maraísa se abrisse com alguém. Talvez aquele fosse o começo da aceitação que ela precisava.

A viagem até o aeroporto tinha sido silenciosa, Maiara estava magoada pela exclusão da irmã, Cristina cogitava na cabeça a idéia de confrontar a situação da Maraísa, e a mesma dormia um sono pertubado. Do mesmo modo que chegaram embarcaram. Maraísa fez questão de entrar logo depois da Cristina pra pegar um lugar o mais longe possível dela. Ela dormiu durante toda viagem, e assim que pousou saiu sem falar com ninguém, entrando na van e indo direto para o hotel. Maiara ficava mais magoada a cada segundo que passava. Assim que se ajeitaram no hotel, cada usou seu tempo livre pra descansar, mas ela não conseguia pensar em outra coisa, a não ser na irmã. Estava magoada e se sentido traída. Quando chegou ao ponto de começar a chorar, saiu do quarto pra confrontar a irmã. Bateu na porta dela com violência.

- Maraísa, abre essa porta agora! - falou irritada esmurrando a madeira. Ela que tinha ficado irritada com o incomodo, de abrandou diante da voz irritada e chorosa da irmã. Correu pra abrir a porta. As duas se encararam por alguns segundos. Nesse momento Maiara esqueceu da raiva e desabou no braços da irmã, que a segurou e a puxou pra dentro do quarto.

- Pelo amor de Deus irmã! O que aconteceu? Por que você tá chorando?! - ela pergunta fazendo a irmã se sentar na cama e enquanto a abraçava e acariciava seu cabelo.

- Você não me ama mais! - Maiara falou entre os soluços. Maraísa se assustou e empurrou-a fazendo ela olhar pro seu rosto.

- Que história é essa Maiara? Por que você acha isso? Claro que eu te amo, amo mais que a minha vida! - ela fala nervosa.

- Então por que você tá escondendo coisas de mim? - ela pergunta encarando sua gêmea com o seu rosto molhado de lágrimas. Maraísa fica sem palavras diante o questionamento.

- Mas Mai... - ela tenta se justificar.

- Não mente pra mim! Eu sei que você tá me escondendo algo! Eu sinto isso! E não é de hoje! - ela fala alto. Maraísa se desespera. A irmã achava que os sentimentos dela tinha mudado em relação a ela. Maraísa respira fundo e tenta formular uma resposta.

- Mai, me escuta. Ok? - ela pergunta pra irmã que ainda chorava. Passa a mão em seu rosto o limpando das lágrimas e tirando os cabelos. Maiara prende o choro e assente pra ouvir o que a irmã tinha a dizer. - Existe uma parte de mim, que você não conhece, ela tá aqui dentro do meu peito. - diz tirando uma das mãos do rosto dela e colocando sobre o seu próprio coração. - Mas essa é uma parte, que eu não quero que ninguém conheça, por isso, todos os dias eu luto contra ela, para que ela não seja demonstrada nas minhas atitudes. Porém as vezes, ela tem um dia de sorte, e acaba se sobrepondo. E isso me machuca, me deixa triste. Assim como deixar essa parte presa, também me machuca e também me deixa triste. - A esse ponto da fala, as lágrimas  escorriam de seu rosto. E irmã escutava tudo vidrada, tentando entender. - Eu nunca quis te magoar, nem te afastar de mim, mas essa é uma luta contra eu mesma, é uma luta constante contra quem eu sou, e eu não posso e não quero envolver você nisso! Eu não quero te decepcionar! - diz já soluçando. - Eu não consigo dividir isso com você agora, e eu não sei quando vou conseguir, mas você pode ter certeza, vai ser o dia mais feliz da minha vida quando eu tiver forças pra te contar tudo que está entalado aqui no meu peito! - ela fala batendo no coração. - Mas meu amor, nunca duvide do quanto eu te amo! Você é o centro do meu mundo. Você é minha vida! Eu sou capaz de qualquer coisa por você! Me perdoa! - ela termina abraçando a irmã. A esse ponto as duas choravam. Maiara se sentia triste por tudo que a irmã carregava, mal por ter duvidado do amor dela. Acaba que quem precisa de consolo é a Maraísa que dorme no colo da irmã.

- Eu vou sempre te amar, independente de qualquer coisa existente nesse mundo. - Maiara fala pra irmã que dormia. Logo depois acaba pegando no sono também.

As Faces De Uma EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora