O "monstro" do armário

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Davi dormia profundamente quando acordou de com uma pequena mão balançando seus pés.

- Quem está aí? – Perguntou alarmado.

- Sou eu, papai. – Era seu filho, Mika de apenas 06 anos.

- Que susto você me deu. – Disse Davi após respirar aliviado.

- Papai, tem um monstro no meu armário. – Disse Mika.

Eles já haviam passado por aquilo, Mika frequentemente tinha pesadelos e acabava por confundi-los com a realidade. 

- Não, filho. Não tem um monstro no seu armário. – Davi levantou-se da cama, pegou Mika em seus braços e o levou de volta ao seu quarto. Durante o breve percurso o explicou que aquilo era apenas fruto da sua imaginação e que sonhos não podiam fazer mal a ele.

- Mas papai, o monstro disse que vai roubar meus órgãos. – Retrucou o garoto.

- Ninguém vai te machucar enquanto seu super pai estiver aqui. Agora deita e pensa em coisas boas.

- E o monstro do armário? – Perguntou o pequeno com lagrimas nos olhos.

- Está tudo na sua cabeça. Apenas lembre que pensamentos ruins não podem te machucar.

Davi beijou a testa de seu filho e caminhou até a porta, na metade do caminho dera uma boa olhada na porta do armário. Seu filho parecera realmente assustado. Será que realmente havia algo ali? Ele colocou a mão sobre a maçaneta, mas em seguida se pegou caçoando de si mesmo por acreditar nos pesadelos de uma criança. Então apenas sorriu, deu boa noite a seu filho e voltou para seu quarto.

Na manhã seguinte um grito alto vindo do corredor fez a casa tremer. Davi de prontidão saltou da cama e correu até o local, chegando lá encontrou sua esposa em estado de choque na porta do quarto de seu filho. Ao olhar lá dentro veio a surpresa, uma mancha de sangue gigantesca cobria os lençóis da cama infantil. E não havia sinal da criança em lugar algum.

Algumas horas depois da policia ter chegado, um homem fardado se aproximou de Davi com um olhar penoso.

- Senhor Davi, meu nome é Agente Becker. Eu e minha equipe analisamos a cena do crime e as fitas do sistema de segurança da sua casa. Ao que tudo indica o assassino entrou na sua residência pela porta da garagem quando o Senhor chegou do trabalho, se escondeu no armário do seu filho e lá esperou até que todos dormissem para cometer o crime. Falo em nome de toda a policia do condado quando digo que nós sentimos muito.

- Vocês podem encontrar meu filho? – Perguntou Davi.

- Lamento, mas se o sangue encontrado na cama realmente for do seu filho, as chances dele estar vivo são bem remotas. Casos semelhantes vêm acontecendo pela região. Acreditamos que se trate de uma quadrilha que comercializa órgãos infantis no mercado negro.

A esposa de Davi começou a chorar histericamente. Mas isso não impediu o agente de continuar falando.

- Uma das coisas que mais me deixa intrigado é o fato do seu filho não ter visto o assassino entrar em seu quarto. Ele não te disse nada ontem a noite?

- Não... - Respondeu Davi com os olhos aparentemente vazios, mas repletos de uma culpa que iria segui-lo pelo resto dos seus dias.

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