O que eles escondem de nós?
Davi dormia profundamente quando ouviu a porta de seu quarto bater. Seu corpo saltou com o susto. Ao se levantar viu que havia alguém ali, mas estava escuro demais para dizer quem era.
- Filho. – Gritou uma voz muito familiar. Era seu pai, Antônio. Ao acender o abajur ao lado da cama, uma claridade parcial tomou conta do quarto. Davi pode então ver que o pai estava suado e parcialmente coberto de sangue, vestindo apenas o pijama. Uma cena que por si só já seria capaz de traumatizar uma criança de seis anos para o resto da vida, mas como se apenas a cena não fosse suficientemente traumática o pai correu até o garoto e sussurrou em seu ouvido direito as ultimas palavras que diria ao filho em vida: “Não importa o que aconteça... Não abra os olhos”.
O garoto apenas concordou com um aceno de cabeça, eis então que algo extremamente forte e pesado se chocou contra a porta do lado de fora, assustando ambos.
- Cadê a mamãe? – Perguntou Davi. Antônio não respondeu, apenas pegou o filho no colo e o abraço forte, como se seria a ultima vez em que o abraçaria.
Antônio ainda com o filho nos braços abriu a porta do quarto e saiu correndo pelo corredor em direção a saída. No meio do caminho passou em frente ao seu quarto e ao olhar lá dentro viu que a criatura havia retornado para lá e permanecia cravando as unhas gigantescas no estomago de sua já falecida esposa. Lagrimas vieram aos seus olhos. A criatura notando a movimentação saltou de dentro do quarto caindo no corredor e iniciando uma perseguição.
- Papai o que ta acontecendo? – Perguntou o jovem Davi, ainda de olhos fechados.
Antônio não conseguiu responder, pois nem mesmo ele sabia o que estava acontecendo ali.
Ao chegar a porta da casa Antônio podia sentir os passos pesados da criatura atrás dele. O homem segurou o filho com apenas uma das mãos e com a outra girou em vão a maçaneta que revelou uma porta trancada. Sem saber mais o que fazer, Antônio apenas sentou-se no chão e apertou o filho nos braços o mais forte que pode. Davi estava aos prantos, mas mantinha os olhos fechados. A criatura se aproximava cada vez mais, com seus dentes pontiagudos, unhas tão grandes quanto navalhas e uma aparência indescritível. Quando Antônio pensou que seria o fim, a coisa que os seguia recebeu uma enorme descarga de energia e despencou ao chão, moribunda. Atrás dela um soldado com roupa camuflada segurava um taser do qual ainda saía fumaça do choque que dera na criatura.- Graças a Deus, - Sussurrou Antônio. Enquanto acariciava a cabeça do filho. – Obrigado, obrigado! - Gritou ao seu salvador. O soldado não se sensibilizara com a cena, apenas ergueu um dedo como que pedindo para Antônio ficar em silêncio, enquanto tirava um rádio do bolso.
- Senhor, encontrei o projeto 5ABN. Ele está inconsciente. Zona norte, quadrante quatro, casa numero 328. Aguardando evacuação, cambio.
- Certo Vermelho 4, há algum civil na residência?
- Positivo senhor. Uma civil morta e dois sobreviventes. Cambio.
- Sem testemunhas, você já sabe o que fazer. A equipe de limpeza chegará junto com a equipe de evacuação, em dez minutos. Cambio final.
Antes que Antônio pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, o soldado tirou uma arma de seu coldre e disparou contra a cabeça de Davi.
- Não! – Gritou Antônio, pouco antes de receber um tiro certeiro na cabeça.
A equipe de limpeza fez bem o seu trabalho. Quando a policia chegou eles já estavam longe, assim como o projeto 5ABN. E na manhã seguinte a noticia destaque do jornal foi:
“Homem surta e mata a família”
“Na noite de ontem, na zona norte da cidade, Antônio Barros Freitas (37) matou a esposa, Adriana Caroline (32) e o filho D.J.F (6). O homem matou a esposa a facadas, disparou contra o filho e se suicidou em seguida...”
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• Necrotério •
Horrorcontos, histórias reais e lendas de terror em apenas um livro. criado em: 29/11/2017 [#274 em Terror - 30/11/2017] [#83 em Terror - 02/12/2017] [#68 em Terror - 03/12/2017]