Capítulo 15: Família

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Propositalmente, Ana demorou muito no banho. Lavou o cabelo duas vezes e ainda passou todos os seus cremes. Algo lhe dava esperança, lhe dizia que Teddy sendo bem cuidado pelo pai. Estava onde merecia e com quem sempre desejou estar. Desligou o chuveiro, vestiu uma roupa leve e saiu do quarto. Teddy havia levado o pai para seu quarto o mostrava a coleção de carrinhos organizados de forma quase militar na batente da janela.

            - Esse eu ganhei do tio Elliot, esses da mamãe e o último do tio Raff. – Dizia o menino.

            - Você gosta do tio Raff? Ele é bacana com você?

            - Sim, ele e o Gabby são legais. – Ele ficou calado por alguns segundos. – Me pega no colo?

            - Porque? Você tá com sono. – Christian respondeu fazendo Ana rir imaginando Teddy com os braços estendidos para um papai apavorado.

            - Não, mas eu quero colo.

            Quando entrou no quarto Ana ainda pode admirar a cena.

            - Menos Teddy. Não precisa se dependurar no pescoço do papai. Vamos tomar café?

            Tudo ia bem até que, enquanto comiam, Ana ligou o televisor para assistirem ao noticiário. Uma trágica notícia internacional  fez seu coração de mãe doer. Ela empalideceu e Christian aproximou-se.

            - Ana? O que foi. – Ele estava distraído com Teddy.

            - Um incêndio no Brasil.

            - Grave?

            - Matou mais de 230 jovens. Eram universitários que estavam em uma boate. – Christian a ajudou a sentar. Pensou que Ana fosse desmaiar. – Deus....o desespero dessas mães. Perder os filhos assim. Não pode haver dor pior.

            Vendo a mãe chorar Teddy se aproximou. Logo Ana abraçou-o apertado.

            - Fica aqui filho, abraça a mamãe. – Ela chorou calada por um minuto. – Se eu perdesse você, meu bebê, a mamãe morria. Eu não vivo sem você.

            A cena tocou Christian. Realmente, não deveria haver dor pior que perder um filho. E, nesse momento, observando a dor de outros pais, ver seu filho forte, saudável, vivo era um alento. Por mais afastada que fosse sua relação com Theodore, a ideia de perdê-lo era dolorosa demais. Isso era amor.

            Para aliviar o ambiente foram passear no parque. Enquanto Ana observava, Teddy deixava Christian exausto de tanto jogar futebol. O menino estava encantado, suas risadas eram ouvidas de longe. Christian podia dizer que estava feliz. Era estranho para ele, mas parecia fácil estar com o garoto. Eles pareciam se entender facilmente.

            - Quem sabe a gente vai almoçar, garotão. Tomamos muito sorvete de sobremesa e depois a gente vê o que faz a tarde.

            - Eu não posso tomar sorvete. A mamãe disse que eu passo mal se comer qualquer coisa que tiver leite. Mesmo que seja só um pouquinho bemmmm pouquinho mesmo.

            - Aaaa mas você escolhe outra coisa.

            - Eu quero um picolé de framboesa. Você me dá?

            - Claro! – Será que ia conseguir dizer não pra ele?

            Ele acabou descobrindo que não. Ele queria comer batata frita, acabaram num restaurante que devia bater o recorde de gordura por metro quadrado. Era um ambiente diferente do que estava habituado, mas era bom, era agradável.

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados!Onde histórias criam vida. Descubra agora