Christian, Theodore e os cães Chocolate e Nevasca corriam pelo jardim brincando com uma bola de futebol. O sexo masculino, sem importar muito a raça, realmente tinha uma ligação com esse esporte. Grey chutava a bola e os três corriam, embolados, em disparada pelo jardim um tanto embarrado pela chuva. Chocolate se dava bem pela cor, nem parecia tão sujo. Mas ele, Teddy e Nevasca estavam imundos. Mas quem se importava?
Era nessas horas que Christian percebia o quanto perdeu na vida. Quantas horas como essa deixou de dar a Teddy...pior, deixou de viver. Nunca cuidou dele, nunca criou laços com ele. Não aprendeu nada com seu primogênito. E vinha um segundo bebê. Dessa vez não poderia errar. Ana não merecia.
- Pai! Pai! Paieeeeeeeeee. – Teddy o tirou dos devaneios. – Vem! Corre também!
- Minha bateria acabou filho....o papai tá a caminho da terceira idade. – Teddy riu.
- Tá não. Você é um dos papais mais novos dá da escola.
- E como você sabe?
- Eu ouvi a minha professora fala pra outra moça. Ela disse que você era ‘um pedaço’. – O menino estava confuso. – Mas eu não entendi. Você é um pedaço de que, pai?
Agora era Christian a rir.
- Não sei Teddy. Vai ter que perguntar pra sua professora. – Ele lembrou de uma coisa. – Mas só não precisa falar pra mamãe, tá? Isso é um...segredo de pai e filho, tá bom?
- Tá...fica como um assunto só de homem. – Ele estava orgulhoso de ter um segredo com o pai.
- É. – Ele pegou o garoto no colo. – Nós vamos tomar um banho agora. A mamãe deve estar sentindo sua falta. Amanhã teremos de levar o Chocolate e o Nevasca na pet shop para tomar banho.
- E a Charlote?
- A Charlote está limpinha. – Ele achava que gatos não tomavam muitos banhos. - Deixei ela na biblioteca tomando leite. Ela é muito comportada.
- Sim. Ela gosta muito da mamãe. Só queria dormir com ela. – Teddy estava começando a demonstrar sono.
- Sem dormir garotão! Você tem um encontro marcado com o chuveiro.
E para lá foram eles. Christian não tinha nenhuma experiência em banhos infantis. Toda a vez que deu banho em alguém a intenção não era apenas tirar a sujeira do corpo. Mas até que estava achando natural estar dentro do box com o filho. Colocou sabonete líquido nas mãos dele e enquanto lavava o corpo, ia ensaboando seus cabelos.
- Tá ardendo meu olho, Pai!!!
- Calma, calma. – Rapidamente tirou a espuma do rosto de Teddy. – Melhorou?
- Sim. – O menino o olhava e sorria.
- O que houve? Porque está rindo?
- Você é peludo. – O menino estava tímido. – E o seu braço é mais duro que o da mamãe.
Claro, pensava Christian. Teddy vinha sendo criado apenas por Ana. Ele não tinha intimidade com outro homem. Agora, olhando para o corpo nu do pai, percebia que era diferente.
- É que as mamães têm o braço mais macio...a maioria dela. – Hoje algumas mulheres estavam tão musculosos como os homens. Não era o caso de Ana, ainda bem. – E quando você cresce também vai ficar peludo como o papai.
- Será que eu vou crescer até ficar grandão como você?
- Acho que sim. – Enquanto falavam Christian ia lavando o próprio cabelo. – Você é muito parecido comigo. – Era engraçado como sentia orgulho ao falar isso.
Depois se vestiram juntos e Christian percebeu que o sono de Teddy pareceu desaparecer. Levou-o para o andar de baixo.
- Gail...você pode dar um lanche para o Teddy. Nada muito pesado. Depois quero que ele jante comigo e Ana.
- Claro, senhor. Estive no quarto há pouco tempo. Ana está dormindo tranquilamente. Mary, a enfermeira, passou o tempo todo com ela.
- Que ótimo.
- Vou servir um bolo sem leite que fiz. Vamos ver se Teddy gosta da minha nova receita. – Gail adorava o Teddy e estava feliz por finalmente ver aquela família reunida. – O senhor quer lanchar?
- Não. Mas prepare uma janta bem caprichada. Ana perdeu muito peso e precisa de refeições nutritivas. Mas leves. A nutricionista disse que precisamos evitar ao máximo que ela sinta enjoos para ela não perder ainda mais peso.
- Vou fazer a sopa de galinha que ela gosta e também alguns legumes ao molho branco. Também tem de ser gostoso para lhe dar vontade de comer. Afinal as grávidas sentem muitos desejos.
- Ótimo, Gail. Agora eu vou pegar a Charlote para matar a saudade da dona. Ela viraram amigas íntimas.
Pegando a gatinha acinzentada na biblioteca Grey subiu para a suíte. Seu sorriso se apagou quando entrou no quarto e viu Ana gritando e se debatendo na cama enquanto a enfermeira tentava acordá-la.
- Senhora Grey acorde...senhora...tem que acordar. – Mas Ana parecia perdida em outra dimensão.
Na sua mente, Anastásia tinha voltado ao cativeiro. Estava encolhida no chão úmido, sentia o cheiro da comida, misturado com o do vinho e sentia o estômago embrulhar. Sentia medo...por ela e por seu bebê. Morreria ali, levando seu bebê sem que Grey sequer tivesse a chance de saber de sua existência.
Ele queria que ela o tocasse. Não! Não queria! Sentia nojo...ânsia de vômito. Gostava de fazer aquilo só com Christian. Queria só o gosto dele em sua boca. ‘Chupa sua cadela. – ele gritava’. Não! Não! Sai daqui! Eu não te quero! Não! Ele apertava seus seios, arranhava, mordia.
- Não! Não! Não me toca! Tire as mãos de mim. Eu não te quero. Só o Chris...eu só quero o Chris. Me soltaaaa!
- Ana, meu amor, sou eu. Acorde. Você teve um pesadelo. Já passou.
Quando Ana abriu os olhos e percebeu que aquele inferno tinha ficado no passado e seu carrasco estava morto, o desabafo veio em lágrimas.
Christian a abraçou e pediu que Mary fosse buscar um copo d’água e ficou em silêncio aguardando pelo tempo de Ana. Sabia que nesses momentos pressão era a pior das ações. Ana precisava se recuperar no tempo dela e desabafar quando se sentisse confortável para isso.
- Bebe um pouco de água, baby. – Disse assim que Mary trouxe a bebida e deixou-os sozinhos. – Se quiser falar, estou aqui para te ouvir.
- Parecia tão real.
- Eu sei como é, baby. Mas você vai superar isso. Eu vou te fazer esquecer isso. – Isso era uma promessa.
Ana o olhou por trás da nuvem de lágrimas.
- Você sabe que eu te amo, não sabe? – Ela disse e Grey sentiu o coração inchar dentro do peito.
- Sei. E é isso que me mantém vivo.
Miaauuu...miauuuu....miauuuu
- Charlote subiu na cama quando ouviu a voz da ‘amiga’. Era impressionante como a gatinha já havia crescido e se apegado em Ana.
- Vem Charlote...vem. Eu senti sua falta também. – Por instinto Ana tentou esticar as mãos e gemeu de dor. – Aiii
- Você se debateu durante o pesadelo. Por isso está sentindo dores. – Ele não queria vê-la sofrer. – Charlote...fique cuidando de sua dona enquanto eu busco o remédio dela.
- Não Christian! Não quero tomar remédios. Eles podem fazer mal ao bebê. – Ela o queria ali. – E não quero que saia.
- Eu fico então. – Ele puxou o telefone e pediu para Gail trazer o analgésico. – A médica receitou para dor e me certificou que não causará nenhum mal ao bebê. Não quero que sofra nada, baby.
- Sim, senhor. – Ela sorriu deixando as lembranças para resolver depois. – E o Teddy?
- Eu acabei de dar banho nele e o deixei lanchando. Prometi que vamos jantar juntos e depois, se ele aguentar, jogar vídeo game.
- Não o deixe dormir tarde. Se não amanhã não vai acordar pra ir pra escola...que dia da semana é amanhã? – Estava bem perdida.
- Amanhã é quarta-feira, Ana.
- Então ele tem aula, você tem trabalho e eu...bom...eu duvido que você me deixe fazer alguma coisa.
- Errado! Você tem uma agenda cheia para amanhã.
- Tenho?
- Sim. Você tem seção de fisioterapia pela manhã nas próximas semanas e, a tarde, sua ginecologista vem. Além disso, gostaria de levá-la ao consultório do Flyn.
- Christian eu não sei s...
- Ana, por favor, confie em mim. Eu sei que nessas horas a gente têm vontade de se fechar, mas não é o melhor. Eu não quero te ver ter pesadelos toda noite. Você tem a mim, ao Teddy e ao nosso bebê além de muitos parentes para fazer feliz. Faz isso por nós?
Miau...miauu.
- E a Charlote....essa gata é inteligente. – E louca pela dona. Quem diz que os gatos não se apegam é porque nunca teve um real amigo felino.
- Tá...eu vou sim.
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Regras Quebradas, Limites Ultrapassados!
RomanceNão ANA! Não pode fazer isso. Sou seu marido! - Você ultrapassou TODOS os limites. Eu NUNCA te autorizei a me bater dessa forma. Eu conto que estou grávida e o que você faz? Me espanca! - Não fala assim Ana! Eu não te machuquei tanto... - Porque não...