#1: Não Jogue o Jogo

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Pandora del Monaco:

– Regra número um: Não jogue o jogo. – Ela me diz assim que termino de engolir o refrigerante. O que é um alívio, já que se fosse a alguns segundos atrás eu tinha lhe cuspido inteira. Esse não é o assunto que estávamos discutindo há dois segundos atrás, quando Summer ainda reclamava do quanto os internos da casa criticam suas meias do Rolling Stones; então tudo o que consigo fazer é lhe arregalar os olhos e torcer mentalmente para não estarmos indo pelo caminho que eu acho que estamos indo. Summer sorri, me empurrando para que eu continue nossa caminhada. – O manual.

– Que manual? – Me finjo de idiota.

– Você é idiota?

– O que? – Tenho que rir vendo-a rolar os olhos.

– Pandora você se apaixonou pelo seu capitão não é?

– É o que parece. – Murmuro, porque não há razões de fingir qualquer coisa pra Summer. Apesar de não praticar nunca esse tipo de conversa, e mesmo Summer tendo mais que o triplo da minha idade, me sinto bem por ter esse momento. – O nome dele é Bryan.

– Menos mal, poderia ser Matthew, e aí você teria problemas. – Me responde tão séria que não tenho coragem de rir. – Bryan então. – Eu balanço a cabeça. – Vocês são próximos?

– Meu melhor amigo.

– Eu reencarnei em você antes de morrer? – Retruca, e dessa vez não consigo evitar das risada. – Bryan desconfia que você é apaixonada por ele?

– Eu acho que não, ele anda ocupado demais com...

– Outras garotas. Muito provavelmente as que estão no shopping agora comprando roupas que você jamais seria capaz de usar. – Completa Summer e eu balanço a cabeça mais uma vez. – Isso foi desde o começo do ensino médio eu imagino...

– Sim, mais pro segundo ano, quando eu fiquei definitivamente no time.

– Capitães são os melhores jogadores, porque eles sabem manipular qualquer situação. Mas isso é óbvio não é mesmo?

– Deveria ser. – Digo, quando passamos mais uma quadra longe da casa de idosos.

Summer é mesmo como o verão.

E o sol, o protagonista da tarde que já dá lugar ao outro astro sabe bem disso. Sob o ataque dele, em sua pele se destacam as pequenas pontinhas de sardas; igualzinho ao neto. E seu sorriso, mesmo pra mais corriqueira coisa - como o cachorro que cheirou seus pés assim que cruzamos os portões dos fundos - é tão intenso quanto de alguém que acaba de ganhar na loteria. E deve ser por essas coisas, que a medida que a ouvi tagarelar sobre táticas infalíveis de passar por uma defesa grande sendo uma garota é que já sinto que meus problemas são de um século passado, e que atualmente, não tenho com o que me preocupar.

Não foi difícil burlarmos as regras da casa de idosos. Não quando Summer me induziu a mentir para o jardineiro que deveria ficar responsável pelos portões dos fundos. Mas mesmo assim ainda parece que a qualquer momento alguém vai nos pegar como fugitivas e nos levar pela orelha para dentro do West Waves.

– Eu conheci Fletcher aos dezesseis. Ele já era capitão quando eu me mudei de escola, e nós viramos amigos antes de eu querer entrar pro time. – Me diz, tento encontrar algum sinal de amargura em seu rosto, mas se existe, Summer não demonstra. – Na verdade eu vim do colégio particular que Matt estudou, e parei naquele público porque meu pai achava que eu precisava aprender uma lição.

– Você poderia ter sido uma Lion – Zombo e Summer ri.

– Aquela colegiozinho não tem hoje uma mente aberta para receber garotas, quem dirá há tantos anos trás. – Resmunga. – Além disso eu era péssima até no clube de xadrez.

Como Não Se Apaixonar Por Um QuarterbackOnde histórias criam vida. Descubra agora