#4: Seja uma boa jogadora consigo mesma.

10.6K 917 821
                                    

Tyler Finn:

As vezes eu queria ter nascido o meu cachorro.

Não é sempre que tenho problemas em ser eu. Até porque, tenho uma boa vida, boa família e ótimos amigos. Geralmente também me acho um cara bonito. Mas ele definitivamente não tem tantas preocupações. Aliás, enquanto estou acabando com a última unha que me restou, meu centenário pug está ocupado farejando algo perto da porta. Despreocupado demais em qualquer coisa que não seja se alimentar e defecar no nosso gramado.

Maxon parece o meu cachorro.

Quer dizer, ele tem mais coisas pra fazer além disso, mas parece tão tranquilo quanto. E isso sempre me tirou do sério. Apesar de ele sempre ser o primeiro a partir pra briga, até algo realmente o tirar do sério, Max sempre está calmo e pronto para soluções racionais, enquanto eu só quero gritar e chutar todo mundo.

Bradley é um idiota.

Meu melhor amigo, mas um idiota.

Ele fica balançando a carta como se eu realmente fosse um cão esperando um osso. Mas na verdade a única coisa que eu quero é que meu cachorro venha correndo e coma aquele papel e eu tenha uma boa desculpa pra me trancar no meu quarto pelos próximos vinte anos. A carta da faculdade chegou hoje cedo, e tudo o que consegui fazer foi enfiá-la na mochila e ir para o treino normalmente. Foi numa das buscas por um dos meus cadernos que Stephan a achou, e no fim do dia viemos todos pra minha casa para abrí-la.

Definitivamente não é algo que eu queria. Mas sei que se eles não viesse talvez eu não faria sozinho. Me esforcei muito nas últimas semanas pra melhoras as notas, e ver meus pais desacreditando que isso é possível depois das conquistas do meu irmão terem sido imensamente maiores é um pouco sufocante.

- Todo mundo pronto? - Stephan arranca o envelope da mão de Brad.

- Sim.

- Sim.

- Não? - Eu murmuro. - Não é tão simples, abre o papel, lê e pronto, meu futuro tá todo ai!

- Tá, mas a gente precisa abrir pra saber seu futuro - Bradley diz com um tom de óbvio tão estúpido que tenho vontade de fazer ele engolir a carta.

- Tyler, você ainda tem outros meios de entrar, tá tudo bem se não der certo. - Max fala.

- Ou você não entra e vira o fracassado da família, acontece também - Stephan complementa ganhando um empurrão. - Você vai conseguir cara, eu nem sei porque a gente tá demorando tanto, eu tô com fome.

- Ok, me dá isso aqui - É a vez de Maxon tomar o envelope, e nós três aquietamos enquanto ele rasga a lateral e tira a carta da universidade dobrada lá de dentro. Os segundos seguintes que temos que esperar Max ler a resposta são longos o suficiente para que eu vá até lá e pegue eu mesmo o papel. Leio tão rápido que tenho medo de deixar algo importante passar; mas parece claro. Parece especialmente claro a parte que me diz que eu consegui. Que eu...

- Você passou! Você conseguiu entrar Tyler!

- Conseguiu? Ele conseguiu? - Bradley começa a gritar com Stephan enquanto arrancam o papel da minha mão e me deixam estático. Acho que o sorriso cresce à medida que consigo entender. E nego meus olhos queimando, querendo me fazer chorar. Quando Max sacode meus ombros e me faz encará-lo eu não consigo segurar mais e lá estou eu chorando como um bebê na frente dos meus amigos. Apesar de antes achar que esfregar isso na cara dos meus pais e meu irmão fosse a coisa mais importante; no fim não é. Sinto orgulho do que me tornei, dos meus esforços e de não precisar seguir os passos dele sendo tão arrogante pra alcançar o mesmo objetivo. Mesmo sabendo que eles vão certamente me zoar pelo resto do semestre, deixo de limpar as lágrimas e comemoro com elas.

Como Não Se Apaixonar Por Um QuarterbackOnde histórias criam vida. Descubra agora