Branca de Neve

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Maxon Wells:

Ainda arde, mas eu não digo nada. Fico em silêncio enquanto a observo de perto, com o rosto concentrado a centímetros de mim. Ela luta contra o adesivo do band-aid, coisa que eu já poderia ter dado jeito há uns três minutos atrás mas resolvi deixá-la fazer. Até porque, me garantiu que cuidaria a manhã toda de mim, e estranhou quando eu não lutei contra a ideia. Talvez não tenha percebido o que está acontecendo; o quão feliz eu estou por ela ter vindo para cá, e ter me escutado, ao invés de remendar feridas que nunca foram abertas em Bryan.

Eu encontro seus olhos quando ela dá uma risadinha por ter colado errado o curativo. Olhos que se parecem com os de Joel, mas com mais vida; mais planos do que os que o velho já tem. Isso deve aliviá-lo ainda mais do que me alivia. A capacidade de produzir disposição em Pandora, e é por isso que eu o entendo que devemos protegê-la independente de qualquer coisa. De qualquer pessoa. Incluindo meu melhor amigo.

– Sou uma péssima enfermeira – Me cochicha.

– Você é – Concordo, pegando seu pulso e tirando sua mão da minha testa. Eu poderia facilmente fazer o curativo em minha sobrancelha sozinho; mas Pandora parece precisar desse momento. Nós ainda não conversamos sobre nada do que aconteceu; mas assim que ela apareceu antes do nosso treino na minha casa, eu sabia que era o início de uma conversa. – Não sangra mais, não tem que se preocupar.

– Eu tenho que ficar preocupada. – Murmura, quase propositalmente tão baixo para que eu não a ouça. Eu ergo uma das sobrancelhas, assistindo a puxar um fio solto do meu casaco dos Dayton. Ela fixa os olhos no tecido para não me olhar mais, e eu já suspirei nessa parte. – Me desculpa Max. Me desculpa por...

– Por?

– Ainda é difícil pra mim. – Pan diz baixo, eu tiro sua mão do meu casaco para entrelaçar nossas mãos. Pandora tem dedos compridos, o que sempre a facilitou para segurar bem jogadas. Eu nunca contei a ela, mas sempre odiei a maneira como os meninos fazem piada com a sua mão; eu a acho linda. – Eu ponderei muito entre vir aqui e ir até ele.

– Eu sei. – Respondo – Na verdade eu até fui surpreendido – Sorrio, e ela faz um biquinho que só eu lhe dou tanta liberdade, além de Bryan, para fazer. – Eu fiquei feliz, de qualquer forma. Foi um sinal de que você não é tão boboca como eu pensava.

– Eu não sou bo... – Nós voltamos a nos olhar. Ela corresponde ao meu sorriso, encolhendo os ombros. – Eu sou boboca. Você deveria me chutar daqui.

– Também acho. – Dou de ombros. Pandora aumenta o sorriso assim como eu. – Você não falou com ele? O que aconteceu quando eu deixei a sua casa?

– Fui fazer umas coisas, esfriar a cabeça.

– Com Matthew? – Deixo de sorrir. Conheço Pandora o suficiente para saber quando ela está me escondendo alguma coisa; e ela está. E diz respeito ao quarterback mais lixo da cidade, depois do meu.

– Matthew?

– É, o Matt, do departamento de limpeza. – Balanço a cabeça com irônia e Pandora dá mais uma risadinha, se atirando no chão para me evitar. Ela encara meu teto, que ainda tem estrelas em neon de quando eu era menor. – Você tá vendo ele com bastante frequência. Esse trabalho de o que? Química? Acaba quando?

– Ninguém me avisou que era um interrogatório.

– Você veio porque você quis. – Retruco.

– Não é um trabalho.

– É claro que não é. Você quer me contar?

– Não. – Pandora sussurra.

Como Não Se Apaixonar Por Um QuarterbackOnde histórias criam vida. Descubra agora