Pandora del Monaco:
Comecei com as epifanias dramáticas naquela mesma noite. Logo depois que consegui passar pela água quente de um banho demorado e cair na minha cama. Me espichei por debaixo das cobertas, enquanto eu tentava de todos os jeitos parar de sorrir. Eu mastiguei biscoitos, bebi dois copos de água e até segurei meus próprios lábios: não adiantou. O sorriso alargava e eu desisti de contê-lo; enquanto pestanejava no escuro, minha mão ainda ia tocando cada pedacinho do meu corpo pelo qual as mãos de Matthew Boyer tinham apertado quando nos beijamos. Nos beijamos. Eu repeti a cena dezenas, centenas e milhares de vezes; num looping tão grande que foi como ir diversas vezes na mesma montanha russa. Só que nessa situação eu não preciso enfrentar uma fila; somos só nós dois. E então foi assim que comecei a ter um batalhão de pensamentos de uma menininha de oito anos; e por algum momento eu devo ter ficado feliz por não ter um diário e deixar tudo ainda mais patético.
Joel del Monaco não me perguntou nada na manhã seguinte, mas ele sabia. Eu sabia que ele sabia. Tomamos o café antes do treino com menos pressa, e eu consegui rir de qualquer uma das suas piadas. Até das piores; e esse foi um dos meus erros para ser descoberta. Mas apesar disso, não falamos mais do que assuntos aleatórios; apesar de meu pai se certificar de comentar que nossa grama precisava de mais um corte feito por Matthew muito em breve. Devo ter engasgado com o suco e corrido para fora com a mochila antes que ele forçasse o assunto.
– Quer uma ajuda? – Max sempre me pergunta e hoje não é diferente. Eu concordo erguendo os braços e deixando que ele aperte o shoulder pad nas minhas costas e puxe a camisa de treino dos Dayton para baixo. Eu passo as mãos pela minha barriga, deslizando os dedos pelo bordão do time bordado no lado esquerdo do meu peito. – Estamos cada vez mais perto do fim agora – Ele comenta olhando meu movimento. Tento sorrir, mas imaginar essa cena sendo só uma lembrança me machuca. – Começaram a chegar as cartas – Me diz um pouco mais baixo, quando finge ajustar minha camisa na parte da frente. Eu ergo as sobrancelhas, mais surpresa pela sua casualidade no assunto do que propriamente surpresa.
– E você não abriu nenhuma – Digo, me lembrando que ele disse que não faria isso tão facilmente. – Se você foi aceito em alguma universidade e não ver isso logo Maxon...
– Ei – Ele empurra meu ombro e eu desequilíbrio dando um passo para trás – Eu sei o que eu tô fazendo – Me dá uma careta e eu devolvo mostrando a língua.
– Sensação de massacre hoje meus amigos – Escuto Tyler e num segundo ele já está na minha frente erguendo os braços e fazendo uma dança estrada como um boneco de posto de gasolina. Bradley chega junto, imitando os movimentos e eu assisto Max bufar nos deixando e indo em direção ao campo. – Você acha que vai ter jeito? – Ele para assim que Maxon já não está mais conosco.
– Muito difícil – Brad põe as mãos na cintura.
– Jeito pra que? – Pergunto me inclinando para amarrar os calçados.
– O que? – Tyler espia Bradley, imitando ele e também colocando as mãos na cintura.
– O que foi que ela perguntou? – Brad entra no jogo.
– Parem com isso – Eu empurro Tyler pra longe me virando. Não chego a alcançar a porta antes de ouví-lo novamente.
– OKevinnãoquerserquarterback – Cochicha ele. Eu giro meus calcanhares num impulso, e é a minha vez das mãos pararem na cintura enquanto ergo uma sobrancelha. A proteção faz com que isso seja mais difícil do que o normal apesar dos meus braços compridos.
– O Kevin o que?
– O que? – Bradley finge surpresa me imitando.
– Ai parem! – Grito fazendo os dois rirem.
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Como Não Se Apaixonar Por Um Quarterback
Ficção AdolescenteÉ o último ano de Pandora Del Monaco no High School Dayton. Também é o último ano como a única garota no time de futebol americano. Tendo só amigos homens e vivendo uma paixão platônica há muito tempo pelo melhor amigo e capitão dos Dayton, Pandora...