Como Não Se Apaixonar Por Um Quarterback

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Pandora del Monaco:

O parque das aves fica silencioso aos finais de tarde. Não há muitas pessoas ainda circulando, e tudo o que podemos ouvir é o bater quase imperceptível da água contra o piér pelo vento, e os assobios das diversas espécies que circulam pelas dezenas de árvores. Alguns tão coloridos que é impossível você não passar alguns minutos distraído somente os observando existir. O final das aulas, depois de tudo, também parece um tempo de silêncio e espera; absorvendo os últimos momentos do ensino médio com quem amamos antes de seguir para a vida adulta. E é impossível, à essa altura, eu não começar a ficar um pouco melancólica; como se a qualquer momento a sensação de despedida fosse me devorar inteira e não deixar nada para seguir em frente. Em algumas semanas vou estar a milhas de casa; do meu pai, dos meus amigos e de meu Matthew. E por mais corajosa que eu tenha descoberto ser, a saudade ainda é um obstáculo que me faz recuar.

Os dedos de Matt passeiam pelos fios do meu cabelo, enquanto estou deitada sobre a madeira, apoiando minha cabeça em seu colo. O céu está mudando de cor ao crepúsculo; eu quase não pisco acompanhando as cores se posicionando em tons variados de laranja e rosa num céu que escurece. Nós ficamos em um silêncio confortável por longos minutos, apenas apreciando a companhia um do outro. Desde que nos acertamos, não há muito o que fazer além de aproveitarmos o tempo que nos resta juntos antes que eu me mude para Miami.

– Você sabia que eles tem um programa de reflorestamento na parte oeste da cidade? – Me pergunta de repente. Meus olhos desfocam no céu para encará-lo debaixo; seus olhos são sempre atentos em mim, carinhosos como seu toque e meu coração esquenta com isso. – Acho que vão tentar fazer outro parque desses.

– Precisamos ser os primeiros a ir – Digo, apertando nossos dedos com sua mão livre entrelaçada na minha. Ele balança a cabeça, concordando comigo. Matthew finge não perceber que minha frase é só um sonho; não seremos os primeiros a ir porque provavelmente não estarei aqui. Mas ele sim. Sem a possibilidade de ganhar a bolsa, e sem o dinheiro dos pais, Matthew continuará na cidade; empregado com meu pai na oficina e esperando que eu volte aos feriados. – Nós deveríamos falar a cada minuto que vamos sentir saudade um do outro – Cochicho, fechado os olhos porque me dá vergonha. Matt passa os dedos do meu cabelo até meu rosto, acariciando uma de minhas bochechas.

– Eu vou sentir saudade – Ele diz, me fazendo sorrir – Mas você vem logo, e eu vou dar um jeito de ir também, não vamos ficar tanto tempo longe, eu nem sobreviveria.

– Faria qualquer coisa pra você ter uma bolsa também – Digo, e seu toque para. Abro os olhos de novo pra ver um Matthew mais rígido; seus olhos desviam de mim pela primeira vez, encarando o pequeno lago em nossa frente. Ele dá de ombros, tentando me passar uma despreocupação que sei que não tem nem um pouco de verdade.

– As coisas aconteceram do jeito que deveriam acontecer; você não deve ficar pensando nisso. Eu tô feliz por você, e orgulhoso por você, é o que nos importa agora, seu futuro.

– Eu sei, eu só...

– Vou ficar bem Pan, não se preocupe – Matt é convicto; mas não me convence. Apesar disso, escolho terminar o assunto, como imagino que seja o seu desejo.

Passamos mais um tempo conversando, sobre nenhum assunto realmente sério. Quando começa a escurecer e a equipe do parque nos alerta que fecharão é quando voltamos para a minha casa. Matthew tem passado bastante tempo com meu pai, já que está aprendendo sobre mecânica; sei o quanto isso faz bem pra ele, já que agora conheço a realidade complicada de sua casa. Sua mãe não conversa com ele desde que Matt decidiu fazer a coisa certa; e seu pai não pode estar mais bêbado. Calafrios sempre sobem pelos meus braços todas as vezes em que penso que ele poderia ter o mesmo destino que Bryan está tendo. Mas como Joel del Monaco costuma me dizer, são nossas escolhas.