Fudeu! E agora?

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Foi num dia desses, num fim de semana qualquer, que resolvi ir num aniversário de uma amiga num barzinho. O lugar era quase uma balada, mas tinha uma boa área externa com música ao vivo que era mais suportável que aquele bate estaca irritante. A menina era especial para mim e insistiu bastante pra eu ir e como meus amigos também iam, não pude negar.

Antes de ir, eu mandei uma mensagem pro Allan avisando que eu tinha resolvido ir. Já estava preparado para alguma cena de ciúmes e todas aquelas recomendações clichês: "Juizo", "Se comporta, hein", "Não vá fazer nada que se arrependa".

Apesar de não ter um compromisso oficial, a gente estava juntos e era até normal esse tipo de cobrança.

Só que ele não fez nenhuma objeção como eu esperava, na mensagem simplesmente falou:

– Eu também quero ir. Vou chamar a Micaela pra ir comigo.

Olhei pro celular com estranheza. Respondi:

– Ta doido? Ir como? Você nem foi convidado.

– Eu sei, ué. Mas o bar é público. Faz um tempão que eu não saio e ali você pode ficar de olho, como você gosta.

– Ah sei lá Allan.

– Deixa vai. Não quero ir e ficar climão depois. Você precisa se divertir e eu também. Só vamos estar no mesmo lugar.

– Ta, tudo bem.

Sai do banho e fui procurar uma roupa. Na real eu não ligo nem um pouco pra essas coisas e sempre opto por um jeans surrado e alguma blusa qualquer, mas nesse dia estava meio frio e não estava afim de levar casaco. Então pus uma blusa de manga comprida q com decote em v e um capuz.

Cheguei no local e cumprimentei as pessoas. Ficamos uma mesa grande na área externa e o povo estava animado. Graças ao bom Deus o local não estava cheio, o que era um alivio. Algum tempo depois avistei ele com a sua amiga. Confesso que ele estava muito gatinho. Uma calça jeans, uma blusa branca e uma camisa xadrez por cima. O cabelo jogado de lado, o all star branco. Ele me olhou de longe e sorriu, logo desviando o olhar e seguindo para outro extremo do bar, na parte de dentro.

Dei atenção pros meus amigos, conversei, ri e resolvi entrar para pegar uma cerveja. Cheguei no bar, fiz o pedido e enquanto esperava, é claro que o procurei com os olhos. Achei eles num canto, conversando. Ela dançava e ele ensaiava um balanço tímido, mas sexy. Sorri sozinho vendo aquela cena. Nem vi que o cara já tinha colocado a cerveja no balcão.

Uma menina se aproximou, cumprimentou a amiga dele e depois a ele. Parecia surpresa de vê-los ali, como se tivesse encontrado por acaso. O papo começou a ficar animado, entre risadas e olhares. Estava na cara que a menina estava afim dele e eu nessa altura do campeonato já tinha esquecido da cerveja e de todo o resto. Ele passava a mão no cabelo evidenciando que estava um pouco sem graça, mas também não parecia fazer nada para afastá-la.

Fiquei parado encostado no balcão só observando, já que ele não tinha me visto ali. Não estava com ciúmes, mas sim curioso. Eu sabia que o Allan não curtia mulher, diferente de mim. Estava querendo ver até onde ele iria levar aquilo.

A conversa evoluiu para cochichos ao pé do ouvido. Ele sorria e também falava no ouvido dela. Senti alguém cutucando as minhas costas.

– Ô amigo, sua cerveja já deve ta quente.

O Barman me avisou.

– Ah... Valeu.

De fato já estava quente mesmo, mas já tinha pago e iria beber mesmo assim. Pobre é foda, vamos combinar. Meus amigos já deviam estar sentindo falta de mim, então resolvi voltar. Já estava mais do que ridículo eu ali do lado daquele balcão vigiando o garoto.

Ah... O amor. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora