Impulso? Talvez.

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Ele me olhou assustado, como se não esperasse me ver ali, fazendo com que a minha suspeita dele ter armado aquele encontro de propósito, cair por terra. O modelete de araque me olhou sem entender o clima pesado que estava no ar, esperando que o Allan falasse alguma coisa.

– O-Oi.

Ele respondeu, sem graça.

– O que você ta fazendo aqui? Seus pais sabem que você ta num bar? Cadê o Guto?

– É.. eu..não to fazendo nada de errado.

Ele respondeu, meio que se encolhendo na cadeira.

– Olha cara, não precisa se preocupar. Ele ta comigo e eu vou cuidar bem dele.

O modelete resolveu falar.

– Cuidar bem? Sei. Você sabe que ele é menor de idade, né? Que ele estava numa clínica de reabilitação e que nem poderia estar aqui. Você sabia disso?

Perguntei, irritado.

– Você é pai dele, por acaso?

– E se eu for? Não se mete a besta comigo que eu quebro essa sua cara e acabo com o seu ganha pão.

Eu respondi, exaltado.

– Gabriel, pára! Vamos conversar a sós, por favor.

O Allan interviu, levantando.

Dei mais uma encarada no cara e me afastei, saindo do bar, acompanhado por ele.

– Por que você ta fazendo isso?

– Isso o que? Você não era pra estar aqui. O combinado era você sair acompanhado do Guto e você me aparece com esse cara, que você nem sabe quem é!

– Eu não to fazendo nada de errado. Nem beber, eu to. Ele me convidou já faz tempo e a gente tem mantido contato desde a gincana e agora você quer melar a minha saída.

– Eu não quero melar nada. Só me preocupo com você! Você nem sabe nada desse sujeito e não devia ta aqui sem seu primo.

– Pára com isso. Eu tenho direito de conhecer outras pessoas e ele está sendo paciente comigo e parece ser uma pessoa legal. Você já deixou claro que não me quer mais, então pára de bancar o protetor comigo. Eu sei me cuidar.

– É, todo mundo já viu o quanto você sabe.

Falei ironicamente.

– Idiota!

Ele gritou, me empurrando e saindo em seguida.

Estava com o sangue fervendo e achei que se ficasse um pouco ao lado de fora, iria me acalmar, mas não. Nem eu mesmo sabia dizer por que me sentia tão irritado. Entrei novamente e o vi na mesa conversando animadamente com aquele modelete rídiculo, sentindo o meu corpo estremecer de raiva. Uma amiga minha de longa data, veio falar comigo, desviando a minha atenção.

– Estava te procurando, gato. Eu tava pensando se...

Ela ia falando, mas sem que eu pensasse, a puxei e a beijei com fome, devorando a sua boca, sentindo-a retribuir o beijo. Me afastei abruptamente, caindo em mim.

– Meu Deus, Leona. Que merda que eu fiz. Desculpa.

– Não, não se desculpe. Eu gostei. Muito.

-Desculpa... eu não devia ter feito isso. Eu vou embora.

Eu disse, sem graça.

Saí, perturbado, sem me despedir de ninguém e quando estava chegando no carro, a Letícia me alcançou.

– Que papelão foi aquele lá dentro? Eu não acredito que você ficou com a Leona. Gabriel, o que te deu?!

– Lê, agora não. Minha cabeça ta estourando. Eu quero ir embora.

– Não vai embora, não. Vai me ouvir. Você fez aquilo por causa do Allan, né?

– A Leona é uma mulher linda e gente se conhece há um tempão. Ela tava afim, eu também. Aconteceu.

– Ela sempre foi afim sim e você também já foi afim dela, mas hoje eu sei que o que aconteceu ali foi o troco no seu ex namorado. Que coisa feia, Gabriel! Será qur você não vê que isso que você ta fazendo, faz mais mal a você mesmo? Você é louco por esse garoto e ta se fazendo de dificil pra ensinar uma lição, mas quem não ta aprendendo é você!

– Leticia, por favor...

– Por favor, digo eu. Se você não quer parar de bancar o durão e dar mais uma chance a vocês dois, você vai perder ele.

Ela disse.

Olhei pra ela e meus olhos se encheram de lágrimas, fazendo com que ela me abraçasse apertado, me confortando.

Talvez eu estivesse sendo duro demais. Ás vezes era medo de tentar e me machucar ainda mais. Eu tinha que tomar uma decisão, mas não seria naquela noite, de cabeça quente.

Ah... O amor. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora