O que não se deixou para trás.

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Aos poucos, eu ia voltando a minha velha rotina. Os ferimentos foram secando e cicatrizando, conforme deveria ser. O Allan estava ausente novamente, estudando para a semana de provas e eu nem queria cobrar nada dele. Eu sei que ele se dedicou a mim enquanto estava convalescendo.

Eu tinha uma consulta com o fisioterapeuta que iria fazer meu tratamento e ele atendia no mesmo hospital do qual fui socorrido. Minha mãe cismou que queria ir comigo, alegando que queria ver se eu iria cooperar com o médico. Minha mãe tem dessas coisas. Não me restando outra alternativa, deixei que ela me acompanhasse.

Chegamos no hospital e eu fiquei aguardando ser chamado. Mexia no celular, distraído, vendo que o Allan fazia tempo que não me enviava mensagens. Devia estar estudando, não iria incomodá-lo. Minha mãe tagarelava como o usual, conversando com outras pessoas da sala de espera, contando casos de quando eu era criança e como me machucava, deixando-a louca.

De repente, ela levantou.

– Bernardo, meu querido!

Ela disse, abraçando-o com força.

– Oi tia, como a senhora está?

Ele perguntou, retribuindo o abraço.

Minha mãe sempre adorou o Bernardo, desde que a gente era moleque. O enchia de mimos toda vez que ele ia lá em casa e era muito amiga da mãe dele. O tinha como um filho também. Agora então, que ele era um médico e praticamente tinha salvado a minha vida (Um grande exagero), a devoção dela só aumentara.

– Eu estive com a sua mãe essa semana. Ela também levou um susto com o acidente do Gabriel. Ai meu filho, aquele dia nem pude te agradecer. Você foi tão bom pra ele e pra gente. Agilizou tudo. Muito obrigada.

– Que isso, Tia. Biel é meu amigo, mas eu faria isso por qualquer um. É meu trabalho.

– Você foi muito querido. Ta tudo bem com ele, né?

– Acredito que sim. O Biel faltou a consulta de avaliação que eu marquei, mas imagino que é porque ele estava se sentindo bem.

Ele disse, me olhando com um olhar maroto.

Filho da puta tinha me entregado na cara dura para minha mãe e devia estar gargalhando por dentro.

– Gabriel, eu não acredito! Como você falta essa consulta?

– Mãe, não tinha necessidade nenhuma. Não quebrei nada. Eu to bem.

– Como não quebrou, menino? Olha seu braço! Irresponsável!

Ela disse, brigando comigo, enquanto eu olhava para ele, o fuzilando com o olhar.

– Tia, fica tranquila. Eu posso dar olhadinha nele agora. To com tempo.

– Eu tenho consulta com o Fisioterapeuta.

Eu respondi, seco.

– Não tem problemas. Eu aviso na recepção que você está no consultório comigo. Ele é meu colega e sabe onde é. Depois você vai pra sua consulta.

Ele disse.

Minha mãe obviamente achou ótimo e só faltou me arrastar pelas orelhas.

Entramos no consultório e minha mãe se acomodou em uma cadeira. Ele pediu para eu tirar a roupa e automaticamente, eu fechei a cara e falei:

– Não vou tirar porra nenhuma.

– Que isso, Gabriel?! Ficou louco, foi?

Minha mãe perguntou, assustada com a minha reação. O Bernardo me olhou e contemporizou.

Ah... O amor. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora