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Ele nos olhou com os mesmos olhos de momentos antes. Eu sabia exatamente o que se passava na sua cabeça. Sabia o quanto ele queria gritar e esbravejar. Acho que até mesmo por isso me antecipei.

– Allan, por favor sem mais confusão. Isso é ridículo.

Eu disse, já me aproximando dele e assim evitar qualquer conflito.

– Eu quero conversar com meu primo sozinho.

– Não. Chega disso. Eu não quero mais confusão. Eu...

– Biel, eu to te pedindo. Eu quero conversar com o Guto a sós. Respeita.

Ele disse sério. Me surpreendendo.

Olhei pra ele e depois pro Guto, que parecia surpreso, mas não parecia reticente.

– Tudo bem eu saio. Por favor, não briguem. É pra conversar.

Eu disse.

Eles dois concordaram com um gesto de cabeça. Antes de sair do quarto, me aproximei do Allan e colei minha boca ao seu ouvido.

– Não faça nada estúpido. Minha paciência com você ta no limite hoje.

– Só quero conversar numa boa.

Ele disse.

Sai do quarto e fechei a porta, esperando que realmente não precisasse voltar e apartar nenhuma briga, nem apagar nenhum incêndio.

Fui para área externa e encontrei a Letícia em uma das espreguiçadeiras. Me sentei ao seu lado, me recostando cansado no assento.

– Eles estão conversando?

– Espero que sim.

– Vai dar tudo certo. Eu conversei com o Allan. Ele ama o Guto, mas não tiro toda a razão dele de estar bravo.

Ela disse, virando-se pra mim.

– Besteira, Lê. O Guto só ta sentindo falta do Kadu. Às vezes isso confunde a pessoa. Ele ama o Allan e ama o Kadu. Besteira total.

– Não é bem assim. O Guto arrasta a maior asa por você, desde antes do Kadu. E o Allan sabe disso. São muitas coisas pra administrar. Mas eu conversei com o Allan e acredito que tudo vai ficar bem.

– Você é meu anjo da guarda.

Eu disse, a olhando e sorrindo.

– Preciso, né? Você só se mete em confusão. Relaxa, meu bem. Vai ficar tudo tranquilo. E não se preocupe com a mãe dele. Ela mesmo achou que foi mais uma briga de primos e se recolheu.

Ela disse.

Passou um tempo, o Allan saiu de dentro da casa. Passou pela gente, me olhou e saiu pelo portão.

Entendi o recado imediatamente. Me levantei e sai também, encontrando-o na calçada. Sentei-me ao lado dele e nem precisei perguntar como tinha sido a conversa. Ele mesmo falou.

– Você precisa entender uma coisa sobre mim. Eu não sei. Eu nunca tive ninguém antes de você. Eu nunca namorei. Nunca tive ninguém pra chamar de meu. E eu tenho medo. Muito medo. Eu vi o jeito que ele te olha e às vezes e isso me deixa louco da vida. Mas ele é meu primo e eu o amo.

Ele parou e respirou. Então continuou:

– Eu sei que ele não me trairia. Sei que no fundo é uma grande confusão pra ele também. Nem ele mesmo sabe o que sente. E eu sei que ele não me magoaria. Só que eu precisava falar. Colocar pra fora. Você sabe como eu sou.

– Eu sei Allan, mas tem outras maneira de se fazer isso sem ser gritando e acusando como você fez.

– Eu sei. Eu erro, poxa. A gente conversou e eu expus o que eu achava e ele também.

– E aí?

– E aí que colocamos os pingos nos is e está tudo certo. Só não me pergunta tudo que falamos. Coisas nossas.

Ele disse, me olhando com aquele imensos olhos azuis.

– Tudo bem, Bebê. Fico tranquilo só de saber que vocês se acertaram. Só aprende que não é assim que se resolve as coisas. Só conversando, ouvindo e se colocando no lugar do outro. Acho que você entendeu, né?

– Vou aprendendo. Rs

Ele disse, sorrindo, me abraçando.

Assim, acabou aquela noite.

Ah... O amor. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora