Nas profundezas do mar sem fim.

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O último final de semana foi tranquilo no balneário. Curtimos a praia e a noite sempre ficávamos em volta da piscina, bebendo e conversando. Porém, uma hora a mordomia iria ter que acabar e com isso, voltamos para a cidade.

Algumas semanas depois, o Allan ficou sabendo os resultados das provas e que havia passado para a faculdade. Não dá para descrever a sensação de felicidade instantânea que eu senti. Meu bebê tinha entrado para a universidade e iria começar uma nova etapa da vida dele. Já. Pois é, já. De repente me deu uma sensação ruim. Como se o tempo estivesse passando rápido demais e eu não tivesse controle. Ele estava crescendo e por mais que isso fosse natural e até mesmo um certo alivio, também me causava estranheza. Resolvi não pensar mais nisso.

Queria fazer algo especial para comemorar com ele e não sabia como. Sair para jantar seria meio estranho e não poderíamos ter privacidade. Motel era impessoal demais. Cinema, trivial. Eu tive uma ideia, mas precisaria contar com a boa vontade do Kadu.

Cheguei em casa e ele estava deitado no sofá, ainda com a roupa do trabalho.

– Chegou cedo hoje. Que milagre.

Ele disse, sem tirar os olhos da televisão.

– Pois é, hoje eu consegui. Ei Kadu, eu preciso falar com você.

– O que foi? Aconteceu alguma coisa?

– Não, não. É que eu preciso de um favorzão seu.

– Favor? Ué, pode falar.

– É que você soube que o Allan passou na faculdade, né?

– Ah, sim. O Guto me falou. Fiquei feliz por ele.

– Então, eu queria fazer um jantarzinho especial pra gente comemorar. Ter uma noite bacana, saca? E... Eu queria que fosse aqui em casa. Será que você pode liberar o apê pra mim?

– Vai me por pra fora da minha própria casa? Rs

– Não, né? Para de ser palhaço. Eu to te pedindo.

Eu falei, olhando-o.

Ele me olhou durante um tempo, coçou a cabeça e finalmente falou:

– Ta, tudo bem. É uma ocasião especial mesmo. Só não entendo você querer comemorar isso. O que o amor constrói, a faculdade destrói.

– Por que você ta falando isso?

– Ah, Biel. Eu ouço falar muito isso. Choppadas, pegação, muita liberdade. Sabe como é, né?

– Credo, cara. Para de colocar minhoca na minha cabeça. Quem namora tem que confiar.

– Eu sei. To falando só o que eu ouvi. Não acho que o Allan vá fazer nada. Ele é doido por você.

– Hum.

Eu me limitei a responder, pensativo.

"Não, não iria mudar nada", eu dizia a mim mesmo. Ele me amava e eu sabia disso. Nada iria mudar. Eu também já tinha passado por aquilo e não surtei, nem nada. A Faculdade era apenas uma etapa.

No dia combinado, trabalhei somente pela manhã. Descansei um pouco na parte da tarde, fiz faxina no apartamento e depois fui no mercado, comprar os ingredientes do jantar. Resolvi fazer um risoto de camarão com alho poró, porque sabia que ele sempre foi maluco por camarão.

Cheguei em casa, coloquei uma música e cozinhei com carinho, me atentando a todos os detalhes para que a comida ficasse bem saborosa. Depois tomei um banho demorado, aparei os pelos, a barba. Poucas vezes eu me importei com a roupa, mas eu queria dar uma impressionada, então coloquei uma calça jeans preta que ele gostava, uma camiseta que ele tinha me dado de presente, perfume e tudo mais. Respirei fundo ao me olhar no espelho e constatar que não estava de todo mal.

Ah... O amor. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora