Dificil não lembrar do que nunca se esqueceu.

57 1 0
                                    


Depois do trampo na academia, resolvi correr um pouco. Os treinos acabaram mais cedo e estava um lindo fim de tarde, quente e eu sempre gostei de me exercitar ao ar livre. Correr é uma forma que eu encontro pra expurgar as coisas da minha mente, aluviar. É como se todos as coisas ruins saíssem com o suor e me sinto bem mais leve depois. Então eu corri. Corri por mais de uma hora, só parando quando senti que minhas pernas não aguentavam mais. Me sentei um pouco pra descansar e depois resolvi ir pra casa. Estava encharcado de suor, mas como eu tinha uma blusa na mochila, eu troquei para que a outra não ficasse grudada no corpo.

Estava andando distraído, com os fones no ouvido, quando senti um toque no meu ombro. Levei um susto e quando me virei, vi o Erick.

– Nossa, eu to te chamando desde lá da esquina. Ouviu não?

– Não rs. Desculpa, tava distraído.

Eu respondi.

– Eu tava na faculdade fazendo um trabalho e vim a pé. Nem imaginei que te encontraria na rua a essa hora.

– Pois é, eu terminei mais cedo na academia e resolvi dar uma corrida.

– Percebe-se rs.

Ele disse, sorrindo.

– To nojento.

– Hoje ta bem calor, pensei em tomar um chopp. Coisa rápida. Topa?

– Putz, Erick. Eu to todo suado, nem rola.

– Mas é rapidão.

– Mesmo assim. To fedendo, não vou me sentir bem.

– Você não ta fedendo, mas ficar suado é foda. Fica grudando. Quer passar em casa e tomar um banho?

Ele perguntou.

– Eu prefiro. Tomo uma ducha rápida e enquanto isso você toma uma cerva gelada. Lá em casa sempre tem umas latinhas perdidas.

– Já é.

Ele aceitou, de prontidão.

Fomos caminhando e conversando até chegar ao prédio. Entramos no apartamento, eu joguei a mochila no sofá e fui pegar uma cerveja pra ele. Corri pro banheiro e tomei uma ducha rápida, colocando uma bermuda e uma blusa qualquer, para voltar pra sala. Encontrei-o parado, com uma cara estranha.

– O que foi?

– Nada não.

Ele respondeu.

Eu não entendi nada. Fui até a cozinha e peguei uma pra mim, sacudindo o cabelo molhado para tirar o excesso de agua e quando voltei, ouvi uns sons esquisitos, abafados. Então eles foram ficando mais altos e explícitos. A batida seca era evidente ser barulho de cama batendo contra a parede. Os gemidos, cada vez mais altos, se revezavam com ordens de comando como: "assim", "mais", "caralho", entre outras. Era possível identificar claramente duas vozes masculinas emitindo os sons e parada parecia estar pegando fogo. Eu fiquei congelado, ouvindo tudo aquilo com a boca semi-aberta, chocado. Olhei para o Erick, que parecia tão sem graça quanto eu, tentando entender o que estava acontecendo.

– Eu pensei que tava ouvindo coisa... mas, você também ta ouvindo, né?

Ele perguntou, tímido, deixando claro que estava ouvindo a movimentação vinda do quarto do Kadu há algum tempo.

– Meu Deus....Que porra é essa?!

Eu disse, mas ele só fez me olhar, enquanto ouvíamos os gemidos e as batidas cadenciadas.

– Vem.

Eu disse, puxando-o para fora do apartamento.

Bati a porta com bastante força para que ele pudessem ouvir lá de dentro. Fomos andando, lado a lado, mas sem que nenhum dos desse uma palavra sequer. Eu estava com muita vergonha pra falar qualquer coisa e acreditava que ele também. Minha garganta estava seca e no primeiro boteco que eu avistei, me sentei e pedi uma cerveja. Estava muito calor e depois daquilo tudo, só uma loira estupidamente gelada para amenizar as coisas.

Ah... O amor. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora