O inimigo mora ao lado.

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Já faziam dias que estávamos na casa da praia e não queria mais voltar para aquela velha rotina da cidade. Já me sentia mais à vontade com a mãe do Allan e até mesmo para ceder às investidas perigosas que ele fazia quando ninguém parecia notar. Era um jogo de sedução gostoso e a adrenalina aumentava ainda mais o tesão que nos consumia.

Quase todas as noites, ele deixava o quarto dele durante a madrugada e vinha para o meu, se aconchegando a mim na cama, sem se importar com a presença da Leticia ali. Era difícil pegar no sono daquela maneira, com o corpo dele colado ao meu, sua bunda roçando gostosamente no meu pau. Ele porém, dormia sereno nos meus braços, como se não houvesse mais ninguém na casa, a não ser eu e ele.

Naquela noite, não conseguia dormir. Estava quente e abafado, fazendo com que o suor que brotava do meu corpo, grudasse o lençol em mim, me incomodando. Depois de virar várias vezes de um lado para o outro, desisti de tentar adormecer e me levantei. Tive o cuidado de andar sem fazer barulho, observando que a casa inteira estava em um silêncio profundo.

Fui para a área externa, onde vinha uma brisa fresca do mar. Me acomodei em uma espreguiçadeira e fiquei olhando as estrelas, perdido em pensamentos. Me pegava sorrindo, lembrando de fatos e quase nem me dei conta quando alguém saiu da casa. Era o Allan. Ele estava sem camisa, com os cabelos desgrenhados e coçando os olhos, sonolento.

– Te procurei no seu quarto, mas não te achei.

– Eu não estava conseguindo dormir. Muito quente. Vim aqui pra fora pegar um ar.

– Por que não me chamou?

Ele perguntou, se espremendo ao meu lado, deitando com a cabeça no meu peito.

– Não quis te acordar, bebê.

Eu respondi, alisando seus cabelos.

Ficamos assim, abraçados, curtindo aquele ventinho com cheiro de maresia, olhando as estrelas.

– Amor, amanhã eu pensei da gente ir fazer um passeio de barco. Tenho um amigo do colégio que também está aqui no balneário e tem uma lancha. Ele chamou e como você está aqui, pode ir comigo.

– Que amigo é esse?

– Já te disse, do colégio.

– Mas que amigo é esse? Eu conheço? Você já ficou com ele?

– Não, amor. Eu nunca tive nada com ele. Eu fui meio afim do irmão dele. Uma paixonite besta que nem durou.

– Hã? Meio? Que história é essa Allan?

– Calma. Não rolou nada demais. Um beijo...uma vez. Teve uma festa na casa deles e tinha bebida... coisa boba. O irmão dele é todo metido a hétero e eu não dou pinta, então ficou como se fosse uma coisa de bebedeira e nunca mais rolou nada.

Ele contou, dando de ombros.

Era engraçado, porque apesar de sempre repreendê-lo pelas cenas de ciúmes tantas vezes exageradas, eu mal conseguia controlar o meu. Meu sangue fervia só de pensar em outro cara tocando-o, beijando-o. Eu me levantei tão bruscamente, que ele quase caiu da espreguiçadeira.

– Você ficou com o irmão desse garoto?!

– Amor, isso já faz muito tempo. E eu te falei, foi só um beijo. Coisa de momento, que logo se arrepende. E eu nem era tão amigo desse garoto. Eu só via o irmão dele quando ia fazer trabalhos na casa deles e nessa festa. Nunca mais rolou nada e você devia estar com o Bernardo nessa época. É passado, cada um tem o seu.

Ele disse, tentando me acalmar.

O Ciúme é algo irracional. É claro que eu não podia cobrar em nada algo que aconteceu muito antes de termos qualquer coisa, mas aquilo simplesmente me consumia as entranhas, causando até mesmo uma espécie de dor.

Ah... O amor. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora