O que me nutre também me destrói.

61 3 0
                                    


Anualmente, havia uma gincana que era realizada na cidade em prol de crianças carentes e a gente sempre participava, desde da época do colégio. Confesso, que apesar de tímido, me divertia bastante na brincadeira e a causa era muito nobre.

O evento sempre começava de manhã, já bem cedo, com as mais diversas competições. Eles dividiam os participantes em categorias de idade, pra não haver desigualdade, mas a maioria estava mais preocupado em farrear do que ganhar.

O dia estava ensolarado e o parque lotado. Chegamos eu, a Letícia e o Kadu. Aos poucos fomos nos localizando e cumprimentando os conhecidos, nos familiarizando com o lugar. Eu sabia que teria que competir em duas modalidades com o pessoal da academia e ainda sobraria muito tempo pra me inscrever em outras provas, então fomos até a tenda de inscrições e fizemos nosso cadastro.

Estávamos sentados no gramado, observando as competições, quando o avistei o Guto e o Allan chegando. Ele veio caminhando em nossa direção, enquanto o Allan encontrou alguns conhecidos da rua e do colégio, animados para as provas que iriam vir. Olhei para o Guto através dos óculos escuros, sorrindo e cumprimentando-o com um gesto com as mãos, sem me levantar. Ele sentou ao nosso lado e começamos a planejar como iriamos disputar os jogos.

Eu e a Leticia fomos participar da corrida de sacos. Já na largada, segurei o saco com uma mão e com o outro braço, agarrei na cintura dela e a suspendi, pulando mais rápido e ganhando velocidade, perante aos outros. Aquela prova já era nossa. Comemoramos a vitória com ela pulando no meu pescoço, gargalhando de felicidade.

Chegou a hora da corrida com ovos e dessa vez o Guto e o Kadu participaram. Foi hilário ver os ovos caindo no chão e o povo se atrapalhando todo. Essa nosso time não levou, mas rendeu boas gargalhadas. Vi o Allan de longe, usando o meu boné como de praxe, se preparando para participar da prova de queimado. Como a Letícia queria um refresco, fomos até a banquinha de lanches, que era praticamente ao lado do local do jogo. Compramos dois copos e sentamos para assistir a prova.

Antes de começar, ele olhou em minha direção e sorriu ao me ver ali, assistindo-o. Durante a partida, ele se esforçava pra se esquivar e atirar as bolas, sob a torcida quase estridente das outras meninas. A Letícia também não deixava por menos, gritando palavras de incentivo, fazendo-o sorrir.

De repente, alguém arremessou a bola com tal violência, que acertou em cheio o peito dele, fazendo-o cair no chão. Eu levantei sobressaltado, olhando preocupado para aquela cena, já me preparando para correr até ele, mas o mesmo levantou, esfregando o peito e rindo diante do ocorrido. Respirei aliviado e senti a Letícia me olhar, sorrindo. Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, a alertei:

– Não fala nada.

Eu disse, fazendo ela cruzar os dedos em frente a boca, rindo em seguida.

Estava na hora de eu competir pela academia e fui me juntar aos meus colegas. Era arremesso de peso e até que me sai bem, garantindo alguns pontos. A outra prova era circuito e mais uma vez nos demos bem em cima das outras academias. Estava me recuperando da disputa, suado e ofegante, juntos dos outros participantes, quando o Erick se aproximou. Parabenizou a irmã e veio fazer o mesmo comigo.

– Que adrenalina, né? Vocês se saíram bem, Parabéns.

Ele disse, sorrindo.

– É, conseguimos os pontos. E você, não vai disputar nada?

– Vou. A prova do slackline. É daqui a pouco.

– Po, então vou lá te assistir.

– Então vamos.

Ah... O amor. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora